Estamos na primeira semana do Advento.
No mundo antigo indicava a visita do rei ou do imperador a uma
província; na linguagem cristã significa a “vinda de Deus”, a sua
presença no mundo; um mistério que envolve inteiramente o cosmo e a
história, e que conhece dois momentos culminantes: a primeira e a
segunda vinda de Jesus Cristo. A primeira é a própria Encarnação; a
segunda é o retorno glorioso ao fim dos tempos.
O Papa Bento XVI, falando do Advento,
disse: “Estes dois momentos, que cronologicamente são distantes – e não
se sabe o quanto -, tocam-se profundamente, porque com sua morte e
ressurreição Jesus já realizou a transformação do homem e do cosmo que é
a meta final da criação. Mas antes do final, é necessário que o
Evangelho seja proclamado a todas as nações, disse Jesus no Evangelho de
São Marcos (cf. Mc 13,10)”.
Já montamos o presépio e acendemos a
vela verde da Coroa do Advento; a guirlanda é verde, pois é sinal de
esperança e vida, enfeitada com uma fita vermelha que simboliza o amor
de Deus que nos envolve, e também a manifestação do nosso amor, que
espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.
A esperança é virtude teologal, dada por Deus. “É na esperança que
fomos salvos”: diz São Paulo aos romanos e a nós também (Rm 8,24). É com
essa esperança que podemos enfrentar o mundo materialista que combate
contra o espírito, sem desanimar. São Pedro nos pede que estejamos
“preparados para apresentar aos outros a razão da nossa esperança” (1Pd
3,15). O homem necessita de uma esperança que vá mais além da ciência e
da política para ser feliz. Não é suficiente o “reino do homem”, é
necessário o “Reino de Deus”. Só algo de infinito pode-nos bastar, algo
que será sempre mais do que aquilo que possamos alcançar. Um mundo sem
Deus é um mundo sem esperança (cf. Ef 2,12).
O Catecismo nos ensina que: “A esperança
é a virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino
dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e
apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito
Santo” (§ 1817).
As velas acesas do Advento simbolizam
nossa fé, nossa alegria, nossa esperança que não decepciona. Todas serão
acesas pelo Deus que vem. Jesus, a grande Luz, “a luz que ilumina todo
homem que vem a este mundo” (Jo 1,9); está para chegar, então, nós O
esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos ser, como Ele,
Luz. Ser cristão é ser “alter Christus”, um outro Cristo que se consome
como uma vela para iluminar as trevas do mundo.
O primeiro domingo do Advento lembra-nos
que o perdão foi oferecido a Adão e Eva, não fomos abandonados ao poder
da morte. Eles morreram na terra, mas viverão em Deus. Jesus se fez
filho de Adão, sem deixar de ser seu Deus, para salvá-lo.
No Evangelho de Lucas, Jesus diz aos
discípulos: “Os vossos corações não fiquem sobrecarregados com
dissipação e embriaguez e dos cuidados da vida… vigiai em cada momento
orando” (Lc 21,34.36). Portanto, sobriedade e oração. São Paulo nos
convida a “crescer e avantajar no amor” entre nós e com todos, para
tornar nosso coração firme e irrepreensível na santidade (cf. 1Ts
3,12-13).
Mais que o presépio e a árvore de Natal,
prepare o seu coração com a esperança que tudo supera. “Continuemos a
afirmar nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa” (Hb 10,23).
São Paulo disse aos Tessalonicenses: não deveis “entristecer-vos como os
outros que não têm esperança” (1Ts 4,13).
Prof. Felipe Aquino
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