Creative Commons
São muitos os que desperdiçam a sua única vida em busca de promessas vãs. É sempre trágico, mas não deixa de ser justo.
José Luís Nunes Martins é um filósofo e escritor português nascido em 1971. Escreveu livros como Pilar (2017), Os Infinitos do Amor (2016), Amor, Silêncios e Tempestades (2014) e Filosofias (2013), todos publicados pela editora católica Paulus.
Apresentamos a seguir uma das 79 reflexões que compõem a sua obra Filosofias:
Sexo, Poder e Dinheiro
A nossa sociedade gravita em torno de 3 eixos. Muito poucos são os que não se deixam cair em nenhuma das reais tentações do aparente.O culto destas dimensões imediatas da identidade remete para planos secundários todas as categorias interiores que a estruturam e consubstanciam, dispensando ponderação e reflexão, abrem alas a uma preguiça estranha que se contenta com o superficial. Quase uma animalidade consentida, mas sem sentido.O sexo, fazendo parte da vida, não é contudo o mais importante. O hábito consome-se com tremenda rapidez, e o corpo é apenas uma ínfima parte do que somos, o albergue temporário de uma interioridade composta por, tantas vezes, tenebrosas podridões, vulgaridades comuns e, por vezes também, belezas indescritíveis. Felizmente, o ser humano é capaz de ver para bem mais longe do que a vista alcança, e ver o outro através do seu corpo.O poder atrai e corrompe, muito antes de ser atingido. Promete o que há de melhor pela amplificação da liberdade, mas como não dá nunca o discernimento essencial às escolhas que determinam os passos que nos aproximam da felicidade, ilude enquanto afoga quem se julga por ele abraçado.O dinheiro é o que parece mover com mais eficácia o mundo, o que diz mais do mundo do que das contas bancárias. Quantificação simples de um tipo de sucesso que explora mais do que eleva, o dinheiro não se torna, nem mesmo em quantidades desproporcionadas, numa riqueza, uma vez que a riqueza será o que dignifica e engrandece, jamais o seu contrário.Sexo, poder e dinheiro são promessas vãs. Chegam a conjugar-se a fim de escravizar mais eficazmente quem parece amar a sua própria desgraça. São muitos os que desperdiçam a sua única vida em busca do que não presta. É sempre trágico, mas não deixa de ser justo.
José Luís Nunes Martins, em “Filosofias – 79 Reflexões”
Nenhum comentário:
Postar um comentário