“Arrependei-vos e acreditai no Evangelho!” (Mc.1,5)
1. Este é
um apelo, cheio de atualidade e de significado, sobretudo para nossas
comunidadesestas
comunidades que iniciam, significativamente, a sua Quaresma, todo este
«tempo privilegiado de peregrinação interior» será, para nós, como que
um
caminho de regresso, às fontes da Palavra de Deus!
Primeiro apelo: Arrependei-vos!
Em
todo este tempo favorável, seremos convocados e provocados, em ordem a
uma conversão da mente, do coração e da vida. E com quem nos havemos de
confrontar nós, para fazermos um sério discernimento da própria vida?
Obviamente, com a Palavra de Deus. Por isso, esta Palavra, será
entronizada, no próximo Domingo, 1 º da Quaresma em que Jesus é tentado a
desviar-se e desviar-se de sua própria missão logo a Palavra que é o
pão a nos alimentar deve sempre estar perto de nós e
diante de nós, como um espelho (Tg.1,24), a apontar a figura do que
somos e do que somos chamados a ser.
Segundo apelo: Acreditai no Evangelho!
Donde
vem a fé?
A vem de ouvir a Palavra de Deus! (cf. Rom.10,17)
E como hão
de ouvi-la se não tiverem quem a anuncie? (Rom.10,15).
De fato, a
primeira e mais preciosa contribuição que a Igreja pode oferecer ao
desenvolvimento do homem e dos povos é o anúncio da verdade de Cristo,
da sua Palavra.
A sua Palavra é a Verdade!
Esta Palavra será semeada com
abundância, ao longo deste tempo, nas vossas casas, na nossa casa.
Centraremos então a nossa Quaresma, na Palavra de Deus, a qual, uma vez
escutada com o coração gera a fé, constrói a comunhão e nos revela os
caminhos da caridade e da missão!
2. Que meios nos podem ajudar a valorizar, na prática, a Palavra de Deus?
Na Tradição da Igreja apontam-se três atitudes fundamentais, que podem favorecer o primado da Palavra de Deus na nossa Vida.
2.1. A Palavra escutada: Oração
Antes
de mais, a Palavra anunciada, precisa de ser escutada. Jesus falava-nos
da Oração.
Da Oração, feita não de muitas palavras, como a dos pagãos
(cf. Mt.6,7), mas daquela Oração, que é, no fundo, escuta e resposta à
Palavra de Deus.
Se alguns encontros bíblicos se fazem na casa de cada
um, isso significa que somos chamados, aí precisamente, no segredo do
nosso quarto, a encontrar espaço para rezar ao Pai em segredo.
E como
nos fala o Pai em segredo?
Responde-nos o Concílio: «Nos livros
sagrados, o Pai que está nos céus vem carinhosamente ao encontro dos
seus filhos para conversar com eles» (Dei Verbum, 21).
Em casa, na
reunião da assembleia, nos encontros bíblicos, nos encontros do «Rezar
com a Bíblia», podemos sempre escutar a Palavra de
Deus. Fechai a porta do vossoquarto, não fecheis os vossos corações!
2.2. A Palavra saboreada: o jejum
Em
segundo lugar, o jejum. A relação entre o jejum e a Palavra é clara na
advertência de Moisés ao Povo de Deus: «O Senhor te humilhou e fez
passar fome; depois, alimentou-te com esse maná, que nem tu nem teus
pais conhecíeis, para te ensinar que nem só de pão vive o homem; mas de
toda a Palavra que sai da boca do Senhor é que o homem viverá»
(Deut.8,3).
A prioridade, que queremos dar à Palavra, obrigar-nos-á,
porventura, a silenciar muitas outras palavras, para as quais os nossos
ouvidos estão bem mais dispostos e predispostos!
É dessas «palavras», do
ruído de outras vozes, com que as revistas, a rádio e sobretudo a
televisão nos distraem, que precisamos agora de jejuar, para nos
oferecermos ao Senhor, como um Povo bem disposto (Lc.1,17) faminto da
Sua Palavra!
2.3. A Palavra vivida: a Caridade
Por último,
a esmola ou a caridade. De fato, a Palavra de Deus, que escutamos,
revela-nos o Amor de Deus e impele-nos sempre à Caridade para com o
próximo.
Pois «quem ama, cumpre toda a Lei» (Rom.3,8). Mas se a Palavra
de Deus, nos conduz à Caridade, e nos fortalece no amor, também a
Caridade, por sua vez, nos impele ao anúncio da Palavra de Deus.
Devemos, anunciar esta Palavra aos outros, na consciência de que «a
maior pobreza do homem e dos povos, é desconhecer Cristo» (Beata Teresa
de Calcutá, cit. por Bento XVI, Mensagem para a Quaresma 2006).
Ora
“Quem desconhece as Escrituras ignora Cristo” (S. Jerônimo) e essa
ignorância é verdadeiramente uma pobreza, que reclama a caridade do
anúncio da Palavra.
Como os Apóstolos Pedro e João (cf. Act.3,1-11), nós
não temos a esmola, o ouro ou a prata, que sobra do bolso, para dar a
quem pede, à porta do Templo. Mas `”em nome de Cristo”, damos a sua
Palavra a comer!
Pois “quem não dá Deus, dá demasiado pouco” (Bento XVI,
Mensagem para a Quaresma 2006).
A nossa Caridade, nesta Quaresma, será
sobretudo a mesa posta e proposta da Palavra de Deus!
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