domingo, 11 de fevereiro de 2018

6 Domingo do Tempo Comum - Se quiseres, podes curar-me


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1a Leitura - 2 Reis 5,9-14
Leitura do segundo livro dos Reis.
5 9 Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu.
10 Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: "Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa".
11 Naamã se foi, despeitado, dizendo: "Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra.
12 Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?" E, voltando-se, retirou-se encolerizado.
13 Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: "Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: ´Lava-te e serás curado´".
14 Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança.
Palavra do Senhor.


Salmo - 31/32
Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.
Feliz o homem que foi perdoado
e cuja falta já foi encoberta!
Feliz o homem a quem o Senhor
não olha mais como sendo culpado
e em cuja alma não há falsidade!

Eu confessei, afinal, meu pecado
e minha falta vos fiz conhecer.
Disse: “Eu irei confessar meu pecado!”
E perdoastes, Senhor, minha falta.

Regozijai-vos, ó justos, em Deus,
e no Senhor exultai de alegria!
Corações retos, cantai jubilosos!



2a Leitura - 1 Coríntios 10,31-11,1
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
10 31 Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.
32 Não vos torneis causa de escândalo, nem para os judeus, nem para os gentios, nem para a Igreja de Deus.
33 Fazei como eu: em todas as circunstâncias procuro agradar a todos. Não busco os meus interesses próprios, mas os interesses dos outros, para que todos sejam salvos.
1 Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
Palavra do Senhor.

Evangelho - Marcos 1,40-45
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu, surgiu e entre nós se mostrou; é Deus que se povo visita, seu povo, meu Deus visitou (Lc 7,16).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
40 Aproximou-se de Jesus um leproso, suplicando-lhe de joelhos: "Se queres, podes limpar-me."
41 Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: "Eu quero, sê curado."
42 E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado.
43 Jesus o despediu imediatamente com esta severa admoestação:
44 "Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho."
45 Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele.
Palavra da Salvação.


Nos tempos mais esclarecidos em que vivemos, temos que fazer um esforço muito grande de compreensão, para aceitar que tenha havido na Lei do Antigo Povo de Deus prescrições tão deprimentes e tão dolorosas a respeito das pessoas atingidas pela doença da lepra. Tais pessoas eram excluídas drasticamente da comunidade. Tinham que viver isoladas nas suas cabanas fora do povoado. Tinham que usar roupas rasgadas e gritar "impuro", ao se aproximarem pessoas sadias. Se tivessem a ventura de ficar curadas, tinham que se mostrar aos sacerdotes, apresentar uma oferenda e obter um certificado de saúde. Só então podiam rein­gressar na comunidade. Tudo isso se encontra, apresentado com os mais minuciosos pormenores, no livro do Levítico em mais de um lugar.
Lamentavelmente, a catequese da Igreja em séculos passados ajudou a manter essa discriminação, inclusive por usar freqüente­mente a lepra como símbolo do pecado. Mas a Igreja, ao mesmo tempo, fez o melhor que pôde para socorrer esses irmãos discri­minados. Acolheu-os em casas de saúde especializadas, e deu todo o apoio aos esforços da medicina para a descoberta de remédios para a terrível enfermidade. E foi acolhendo as novas informações de que a doença é curável e não é tão perigosamente transmissível como se acreditava. O grande Papa Pio XII teve o grande mérito de dizer certa vez em público uma segura palavra a esse respeito, abrindo largo caminho para a nova mentalidade. E hoje os tempos são mais amenos para a consciência da Igreja e do mundo dentro do qual ela vive.
Jesus curou muitos leprosos. O Evangelho o registra com freqüência. Numa dessas curas, narrada pelos três sinóticos e aco­lhida na Liturgia da Palavra deste sexto domingo do Tempo Comum, aparece maravilhosamente a confiança absoluta do doente no poder de Jesus e a prontidão com que o Senhor o curou. O leproso aproximou-se de Jesus, lançou-se de joelhos a seus pés e exclamou: "Senhor, se quiseres, podes curar-me". E Jesus imediatamente estendeu a mão, tocou-o - Ele não partici­pava do tabu da antiga Lei - e disse: "Quero, fica curado" (Mc. 1,40-42). Em seguida mandou que ele se fosse apresentar ao sacer­dote para cumprir a prescrição da Lei e proibiu-lhe que divulgasse a notícia. Como se podia prever, o homem curado não foi capaz de atender à proibição de Jesus. Espalhou o mais que pôde a notícia, de tal sorte que Jesus nem podia mais entrar às claras em nenhuma cidade e tinha que se afastar para lugares desertos. O evangelista o registra, mas acrescentando que todos acorriam a Ele de toda parte.
Aparece bem claro, no episódio, que Jesus atendeu ao pedido do leproso com uma prontidão que correspondia ao tama­nho da confiança e da fé que existia no coração daquele homem. E ficou a lição para nós. Para nos mostrar como a oração que diri­gimos a Deus para pedir-lhe alguma coisa deve ser alicerçada num fundo muito sincero de fé no poder de Deus e de confiança em sua bondade. "Se quiseres" é uma expressão que indica de maneira muito viva essa fé e essa confiança. Quantas vezes encontramos Jesus dizendo a quem lhe vem pedir uma cura: "Tem confiança, meu filho! “ A importância da fé em quem faz um pedido, ficou bem explícita no caso da mulher que tocou a orla do manto de Jesus para se ver livre de sua enfermidade:
"Tem confiança, minha filha. Tua fé te salvou" (Mt. 9,22). Assim deve ser nossa oração. Sempre envolvida numa grande fé e numa firme confiança.
Há comentadores que chamam a atenção para o fato de Jesus ter mandado que o leproso curado se apresentasse aos sacer­dotes. Estava apenas lembrando a ele o dever de cumprir a Lei? Ou tinha também a intenção de que o fato mostrasse aos sacer­dotes que o Messias tinha chegado e se estavam cumprindo as predições dos profetas a respeito de seu poder taumatúrgico? Tal finalidade não é improvável. E parece corresponder ao desejo de Jesus de se manifestar, fugindo sempre de interpretações de um falso messianismo. Afinal, a luz do Messias se devia revelar ao mundo.
 
 
 
padre Lucas de Paula Almeida, CM

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