A
palavra “inteligência” (do latim, intellegere), significa “ler dentro”,
penetrar a fundo. No plano natural, entendemos quando compreendemos o
âmago de alguma realidade. No plano da fé, entender é penetrar no íntimo
das verdades reveladas por Deus. Pelo dom do entendimento, o cristão
contempla os mistérios da fé. Este entendimento é diferente daquele que o
teólogo obtém pelo estudo; o que é penoso e lento. Já o dom da
inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e
ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus.
Conta-se
que um irmão leigo franciscano disse certa vez a São Boaventura (†
1274), o Doutor Seráfico: “Felizes vós, homens doutos, que podeis amar a
Deus muito mais do que nós, os ignorantes!”. Respondeu-lhe Boaventura:
“Não é a doutrina alcançada nos livros que mede o amor; uma pobre velha
ignorante pode amar a Deus mais do que um grande teólogo se estiver
unida a Deus.” O irmão compreendeu a lição e saiu gritando pelas ruas:
“Velhinha ignorante, você pode amar a Deus mais do que o mestre Frei
Boaventura!”.
Como
frutos do dom do entendimento, podemos citar as intuições das verdades
da fé que são concedidas a muitos cristãos durante o seu retiro
espiritual ou durante uma leitura inspirada pelo amor a Deus.
O
dom do entendimento revela também o horror do pecado e a profunda
miséria humana. Por isso, os santos, quanto mais se aproximaram de Deus
mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário