O Papa Francisco falando sobre o primeiro
domingo da Quaresma disse que: “O sentido deste tempo é o de combate
espiritual contra o espírito do mal. E enquanto atravessamos o “deserto”
quaresmal, mantemos o nosso olhar para a Páscoa, que é a vitória
definitiva de Jesus contra o Maligno, contra o pecado e contra a morte”.
Ele disse ainda que: “O deserto quaresmal
nos ajuda a dizer ‘não’ a tudo que é mundano, aos “ídolos”, ajuda-nos a
fazer escolhas corajosas de acordo com o Evangelho e a reforçar a
solidariedade para com os irmãos”.
A quaresma começou com o Evangelho de São Lucas onde Jesus exige: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz a cada dia e me siga… Quem sacrificar a sua vida por amor de Mim, salvá-la-á” (Lc 9,23).
A quaresma começou com o Evangelho de São Lucas onde Jesus exige: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz a cada dia e me siga… Quem sacrificar a sua vida por amor de Mim, salvá-la-á” (Lc 9,23).
Essas palavras parecem radicais, mas não
são. É nossa felicidade, claro, senão Jesus não as teria dito e exigido
isso de nós. Ele nos ama. O pecado original desorganizou a nossa
natureza e a nossa vida; tirou-nos o foco de Deus, que é nossa
felicidade, e nos voltou para as criaturas. Elas foram criadas para nós,
para que servindo delas cheguemos a Deus; mas, o pecado original nos
tornou escravos delas e não seus senhores. O dinheiro é ótimo como
servo, mas é cruel como patrão; o mesmo posso dizer do sexo, da comida,
do lazer, etc. A fraqueza da carne nos tornou escravos das criaturas. O
combate espiritual é a luta conosco mesmo para não sucumbirmos sob esses
falsos deuses. Por isso, Jesus manda “renunciar a nós mesmos”, isto é, a
essa natureza de valores invertidos. Não é renunciar a nossos talentos;
ao contrário, como Ele mandou, desenvolvê-los e usar para o bem para o
serviço de Deus e dos irmãos.
Jesus compara a nossa riqueza interior a uma semente cheia de vida, que traz nela todo o código genético da planta e todos os elementos DNA e RNA necessários para o seu crescimento, mas que precisa ser colocada na terra, e morrer, para dar fruto. Ele disse: “Se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer produz muito fruto” (Jo 12,26).
O grão de trigo não foi feito para ficar no saco, na gaveta, no armazém; não, foi feito para morrer na terra. Morrendo gera a vida, as flores e frutos. Ai ele é feliz, ali ele se realiza, mas tem que aceitar morrer! Perder a casca na terra, deixar o germe de vida brotar.
Jesus compara a nossa riqueza interior a uma semente cheia de vida, que traz nela todo o código genético da planta e todos os elementos DNA e RNA necessários para o seu crescimento, mas que precisa ser colocada na terra, e morrer, para dar fruto. Ele disse: “Se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer produz muito fruto” (Jo 12,26).
O grão de trigo não foi feito para ficar no saco, na gaveta, no armazém; não, foi feito para morrer na terra. Morrendo gera a vida, as flores e frutos. Ai ele é feliz, ali ele se realiza, mas tem que aceitar morrer! Perder a casca na terra, deixar o germe de vida brotar.
O que impede o grão de trigo de morrer no
coração de Deus, é o pecado, o egoísmo e o medo. Por isso, o combate
espiritual é um combate contra nós mesmos. Jesus disse que os violentos
arrebatariam o Reino de Deus. Violentos contra si mesmos. Que violência
essa? É o que os Padres da Igreja chamavam de “agere contra”, o que
significa “agir contra” os nossos maus pensamentos, as paixões
desordenadas e os vícios grandes e pequenos que se aninharam em nossa
alma. Resumindo, são os pecados que a Igreja chama de “capitais”,
cabeças, pais de muitos outros. Eu escrevi um livro para meditar sobre
isso: OS PECADOS E AS VIRTUDES CAPITAIS: soberba, ganância, luxúria,
gula, ira, inveja e preguiça. Esses são pais de muitos outros, como a
mentira, a maledicência, a arrogância, idolatria, bebedeiras, orgias,
adultérios, fornicações, etc.
Outro livro maravilhoso para se preparar para esse combate espiritual foi escrito pelo monge do século XVI, Lourenzo Scupoli, O COMBATE ESPIRITUAL, e que era livro de cabeceira de São Francisco de Sales, doutor da Igreja. Posso recomendar ainda o clássico, IMITAÇÃO DE CRISTO, de Thomas de Kemphis, monge medieval, que Santa Teresinha lia assiduamente.
Outro livro maravilhoso para se preparar para esse combate espiritual foi escrito pelo monge do século XVI, Lourenzo Scupoli, O COMBATE ESPIRITUAL, e que era livro de cabeceira de São Francisco de Sales, doutor da Igreja. Posso recomendar ainda o clássico, IMITAÇÃO DE CRISTO, de Thomas de Kemphis, monge medieval, que Santa Teresinha lia assiduamente.
Jesus poderia ter se livrado da tentação
do deserto, poderia não ter permitido Satanás chegar a Ele e o tentar;
mas Ele permitiu, para nos ensinar como vencê-lo. O demônio quer acima
de tudo “nos afastar de Deus”, a fonte da nossa felicidade. “Sois o meu
Senhor, fora de Vós não há felicidade para mim. Senhor, Vós sois a minha
parte de herança e meu cálice; Vós tendes nas mãos o meu destino”. (Sl
15,2).
O Mal nos afasta de Deus pela tentação e pelo pecado, como fez com nossos pais no Paraíso, na casa de Deus. Até ali ele ousou entrar! E venceu Adão; mas foi vencido pelo Novo Adão, Jesus Cristo, inicialmente no deserto.
O Mal nos afasta de Deus pela tentação e pelo pecado, como fez com nossos pais no Paraíso, na casa de Deus. Até ali ele ousou entrar! E venceu Adão; mas foi vencido pelo Novo Adão, Jesus Cristo, inicialmente no deserto.
E como Jesus o venceu? Pelo jejum, pela
oração e pela Palavra de Deus. No combate decisivo Jesus lançou três
vezes a Palavra de Deus, o Deuteronômio, no rosto de Satanás, e ele caiu
para traz. “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da
boca de Deus!” (Dt 8,3). “Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele
servirás” (Deut 6,13). “Não tentará o Senhor teu Deus” (Dt 6,16).
O demônio não pode nada contra a Palavra de Deus porque “ela é viva e eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes…” (Hb 4,12). Ela é “a espada do Espírito” (Ef 6,17). Sem ela, estamos desarmados diante do Mal. Nós também precisamos trazer esta espada de fogo no coração e nos lábios contra as tentações. Meditá-la, absorvê-la, guardá-la, amá-la.
Meditar quer dizer tirar dela todo ensinamento e vivê-lo. O meu amigo Pe. Francisco Faus, no seu belo livro PARA ESTAR COM DEUS, disse que meditar “é como chupar uma bala” até o fim, devagarinho, até que caia o ensinamento na alma.
O demônio não pode nada contra a Palavra de Deus porque “ela é viva e eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes…” (Hb 4,12). Ela é “a espada do Espírito” (Ef 6,17). Sem ela, estamos desarmados diante do Mal. Nós também precisamos trazer esta espada de fogo no coração e nos lábios contra as tentações. Meditá-la, absorvê-la, guardá-la, amá-la.
Meditar quer dizer tirar dela todo ensinamento e vivê-lo. O meu amigo Pe. Francisco Faus, no seu belo livro PARA ESTAR COM DEUS, disse que meditar “é como chupar uma bala” até o fim, devagarinho, até que caia o ensinamento na alma.
Papa Francisco perguntou: “E como
escutamos a voz de Deus? Ouvimo-la na sua Palavra. E por isso é
importante conhecer as Escrituras, porque senão nós não saberemos
responder às insídias do maligno”.
O Papa convidou a entrar sem medo no deserto, pois não estamos sozinhos: estamos com Jesus, com o Pai e o Espírito Santo. Como foi para Jesus, o mesmo o Espírito Santo nos guia no caminho quaresmal, o mesmo Espírito que desceu sobre Jesus e que nos foi dado no Batismo. O Nosso combate espiritual não pode ser travado por nós mesmos sozinhos; não, temos que vencer na força do Espírito Santo. São João disse que “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5,4). O salmista canta:
O Papa convidou a entrar sem medo no deserto, pois não estamos sozinhos: estamos com Jesus, com o Pai e o Espírito Santo. Como foi para Jesus, o mesmo o Espírito Santo nos guia no caminho quaresmal, o mesmo Espírito que desceu sobre Jesus e que nos foi dado no Batismo. O Nosso combate espiritual não pode ser travado por nós mesmos sozinhos; não, temos que vencer na força do Espírito Santo. São João disse que “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5,4). O salmista canta:
“O Senhor é o meu rochedo, minha
fortaleza e meu libertador. Meu Deus é a minha rocha, onde encontro o
meu refúgio, meu escudo, força de minha salvação e minha cidadela.
Invoco o Senhor, digno de todo louvor, e fico livre dos meus inimigos”.
“Na minha angústia, invoquei o Senhor,
gritei para meu Deus: do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu
clamor em sua presença chegou aos seus ouvidos” (Sl 17,3-7).
Deixo aqui para sua meditação o Comentário ao Evangelho sobre a tentação de Jesus, de São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja:
“Se, depois do Batismo, fores atacado pelo perseguidor, o tentador da luz, tens material para a vitória. Ele irá certamente atacar-te, já que também atacou o Verbo, o meu Deus, enganado pela aparência humana que lhe escondia a luz incriada. Não tenhas medo do combate. Opõe-lhe a água do batismo, opõe-lhe o Espírito Santo no qual se extinguem todos os dardos inflamados lançados pelo maligno. […] Se ele te mostrar as necessidades que te oprimem – e não deixou de o fazer com Jesus –, se te lembrar que tens fome, não dês a entender que ignoras as suas propostas. Ensina-lhe o que ele não sabe; opõe-lhe a Palavra de vida, esse verdadeiro Pão enviado do céu e que dá a vida ao mundo. Se ele te estender a armadilha da vaidade – e usou-a contra Cristo, quando O levou ao pináculo do Templo e Lhe disse: «Deita-Te daqui abaixo», para O fazer manifestar a sua divindade –, toma cuidado para não caíres por teres querido elevar-te. […] Se te tentar pela ambição, mostrando-te, numa visão instantânea, todos os reinos da terra submetidos ao seu poder, e te exigir que o adores, despreza-o: ele não é mais que um pobre irmão teu. E diz-lhe, confiando no selo divino: «Também eu sou imagem de Deus; ainda não fui, como tu, precipitado do alto da minha glória por causa do meu orgulho! Estou revestido de Cristo; tornei-me outro Cristo pelo meu batismo… Tenho a certeza que ele se irá embora, vencido e humilhado por estas palavras. Vindas de um homem iluminado por Cristo, serão sentidas por ele como se emanadas de Cristo, a luz suprema. Estes são os benefícios que a água do batismo traz aos que reconhecem a sua força”.
Deixo aqui para sua meditação o Comentário ao Evangelho sobre a tentação de Jesus, de São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja:
“Se, depois do Batismo, fores atacado pelo perseguidor, o tentador da luz, tens material para a vitória. Ele irá certamente atacar-te, já que também atacou o Verbo, o meu Deus, enganado pela aparência humana que lhe escondia a luz incriada. Não tenhas medo do combate. Opõe-lhe a água do batismo, opõe-lhe o Espírito Santo no qual se extinguem todos os dardos inflamados lançados pelo maligno. […] Se ele te mostrar as necessidades que te oprimem – e não deixou de o fazer com Jesus –, se te lembrar que tens fome, não dês a entender que ignoras as suas propostas. Ensina-lhe o que ele não sabe; opõe-lhe a Palavra de vida, esse verdadeiro Pão enviado do céu e que dá a vida ao mundo. Se ele te estender a armadilha da vaidade – e usou-a contra Cristo, quando O levou ao pináculo do Templo e Lhe disse: «Deita-Te daqui abaixo», para O fazer manifestar a sua divindade –, toma cuidado para não caíres por teres querido elevar-te. […] Se te tentar pela ambição, mostrando-te, numa visão instantânea, todos os reinos da terra submetidos ao seu poder, e te exigir que o adores, despreza-o: ele não é mais que um pobre irmão teu. E diz-lhe, confiando no selo divino: «Também eu sou imagem de Deus; ainda não fui, como tu, precipitado do alto da minha glória por causa do meu orgulho! Estou revestido de Cristo; tornei-me outro Cristo pelo meu batismo… Tenho a certeza que ele se irá embora, vencido e humilhado por estas palavras. Vindas de um homem iluminado por Cristo, serão sentidas por ele como se emanadas de Cristo, a luz suprema. Estes são os benefícios que a água do batismo traz aos que reconhecem a sua força”.
Nesse combate espiritual não pode faltar a
presença de Nossa Senhora em nossa defesa. Ela é a mãe espiritual que
Jesus nos deu na cruz, que o acompanhou até o túmulo, e que nos
acompanha em nosso combate espiritual. A consagração diária a ela e a
devoção profunda em seu auxílio, nos ajuda a vencer as insídias do
demônio. São João Bosco rezava a ela:
“Virgem poderosa, Tu grande e ilustre defensora da Igreja; Tu auxílio maravilhoso dos cristãos; Tu temível como um exército em ordem de batalha; Tu que só destruístes todas as heresias em todo o mundo; ó Senhora nas nossas angústias, lutas, tentações e aflições, defende-nos do inimigo; e na hora da nossa morte acolhe a nossa alma no paraíso. Amém!”.
“Virgem poderosa, Tu grande e ilustre defensora da Igreja; Tu auxílio maravilhoso dos cristãos; Tu temível como um exército em ordem de batalha; Tu que só destruístes todas as heresias em todo o mundo; ó Senhora nas nossas angústias, lutas, tentações e aflições, defende-nos do inimigo; e na hora da nossa morte acolhe a nossa alma no paraíso. Amém!”.
Prof. Felipe Aquino
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