“Anoitecer:
chuva, silêncio, alegria. Estou certo de que, onde o Senhor vê o
pontinho de pobreza e extenuação e desamparo a que o monge é reduzido, o
solitário e o homem de lágrimas, Ele então ”deve“ descer e vir e
nascer, lá nessa angústia, e torná-la um ponto constante de alegria
infinita, uma semente de paz no mundo. Esta é e sempre foi minha missão.
Para mim, não há verdade nem sentido em nada que esconda de mim essa
preciosa pobreza, esta semente de lágrimas e verdadeira alegria. Daí as
distrações e demonstrações que me afastam disso serem tolas e inúteis,
podendo constituir até mesmo infidelidades, se forem evasões.
O
que dizem os Salmos, senão isto? ”Em constante vigilância, verás que a
ajuda do Senhor vem a ti!“ Quão profunda é essa verdade, que tremenda
importância tem! Nós não esperamos por esse ”auxilium Domini“, essa
ajuda do Senhor! Outros proclamam que ela chegou, mas sentimos que não!
Vigilância constante: "constantes estote”. No momento devido, chegará
para mim também, em segredo, na própria liberdade de Deus, além de todo o
controle dos horários, mesmo os eclesiásticos! Este é um aspecto
verdadeiro e profundo do mistério da Igreja: a liberdade de sua vida
interior, que pode ou não corresponder às indicações exteriores do
momento ritual“.
reflexões extraídas de “Merton na intimidade; sua vida em seus diários”
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