segunda-feira, 20 de novembro de 2023

33ª Semana do Tempo Comum - O cego Bartimeu.

 O Grito do Cego de Jericó Lucas 18,35-43 |

Meus pensamentos são de paz e não de aflição, diz o Senhor. Vós me invocareis e hei de escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro, de onde estiverdes (Jr 29,11s.14).

Tempos dolorosos para o povo de Deus: a nação foi invadida, a idolatria se espalhou, Deus foi ofendido. Há, no entanto, os que enxergam e resistem. A liturgia nos convida a perguntar de que lado estamos: com os oprimidos ou com os opressores?

Primeira Leitura: 1 Macabeus 1,10-15.41-43.54-57.62-64

Leitura do primeiro livro dos Macabeus – Naqueles dias, 10brotou uma raiz iníqua, Antíoco Epífanes, filho do rei Antíoco. Estivera em Roma, como refém, e subiu ao trono no ano cento e trinta e sete da era dos gregos. 11Naqueles dias, apareceram em Israel pessoas ímpias, que seduziram a muitos, dizendo: “Vamos fazer uma aliança com as nações vizinhas, pois, desde que nos isolamos delas, muitas desgraças nos aconteceram”. 12Essas palavras agradaram, 13e alguns do povo entusiasmaram-se e foram procurar o rei, que os autorizou a seguir os costumes pagãos. 14Edificaram em Jerusalém um ginásio, de acordo com as normas dos gentios. 15Aboliram o uso da circuncisão e renunciaram à aliança sagrada. Associaram-se com os pagãos e venderam-se para fazer o mal. 41Então o rei Antíoco publicou um decreto para todo o reino, ordenando que todos formassem um só povo, obrigando cada um a abandonar seus costumes particulares. 42Todos os pagãos acataram a ordem do rei 43e inclusive muitos israelitas adotaram sua religião, sacrificando aos ídolos e profanando o sábado. 54No dia quinze do mês de Casleu, no ano cento e quarenta e cinco, Antíoco fez erigir sobre o altar dos sacrifícios a Abominação da desolação. E pelas cidades circunvizinhas de Judá construíram altares. 55Queimavam incenso junto às portas das casas e nas ruas. 56Os livros da Lei que lhes caíam nas mãos eram atirados ao fogo, depois de rasgados. 57Em virtude do decreto real, era condenado à morte todo aquele em cuja casa fosse encontrado um livro da Aliança, assim como qualquer pessoa que continuasse a observar a Lei. 62Mas muitos israelitas resistiram e decidiram firmemente não comer alimentos impuros. 63Preferiram a morte a contaminar-se com aqueles alimentos. E, não querendo violar a aliança sagrada, esses foram trucidados. 64Uma cólera terrível se abateu sobre Israel. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 118(119)

Vivificai-me, ó Senhor, e guardarei vossa Aliança!

1. Apodera-se de mim a indignação, / vendo que os ímpios abandonam vossa lei. – R.

2. Mesmo que os ímpios me amarrem com seus laços, / nem assim hei de esquecer a vossa lei. – R.

3. Libertai-me da opressão e da calúnia, / para que eu possa observar vossos preceitos! – R.

4. Meus opressores se aproximam com maldade; / como estão longe, ó Senhor, de vossa lei! – R.

5. Como estão longe de salvar-se os pecadores, / pois não procuram, ó Senhor, vossa vontade! – R.

6. Quando vejo os renegados, sinto nojo, / porque foram infiéis à vossa lei. – R.

Evangelho: Lucas 18,35-43

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu sou a luz do mundo; / aquele que me segue / não caminha entre as trevas, / mas terá a luz da vida (Jo 8,12). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas35Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. 36Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo. 37Disseram-lhe que Jesus Nazareno estava passando por ali. 38Então o cego gritou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” 39As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse calado. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” 40Jesus parou e mandou que levassem o cego até ele. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou: 41“O que queres que eu faça por ti?” O cego respondeu: “Senhor, eu quero enxergar de novo”. 42Jesus disse: “Enxerga, pois, de novo. A tua fé te salvou”. 43No mesmo instante, o cego começou a ver de novo e seguia Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo deu louvores a Deus. – Palavra da salvação.

Reflexão

Hoje, o Evangelho nos apresenta a cura de Bartimeu, símbolo da condição de quem vive à margem de Cristo. Cego e mendigo, Bartimeu estava "sentado à beira do caminho" e só pôde aperceber-se da chegada de Jesus por causa da grande multidão que O acompanhava. A cegueira desse pobre habitante de Jericó sinaliza a nossa falta de fé, isto é, a incapacidade de enxergarmos a realidade à sombra luminosa de Deus, que nos revela o sentido e o valor verdadeiro das coisas do mundo; o Senhor nos desperta, por meio do dom da fé, para as riquezas espirituais que nos estão reservadas no Céu. Esta cegueira, como de resto não poderia deixar de ser, nos conduz à mendicância, quer dizer, ao estado deplorável em que, rejeitando aquela alegria eterna e perfeita que Deus deseja compartilhar conosco, nos apegamos às "esmolas" desta vida passageira: preferimos as migalhas e o pó aos bens celestes, à felicidade interminável dos filhos do Altíssimo.

Cegos e mendigos, também nós buscamos aqui na terra uma felicidade que nunca se encontra. O Senhor, porém, passa por nós, assim como cruzara o caminho daquele cego miserável. Temos de fazer como Bartimeu: gritar e pedir a Deus incessantemente que Ele nos dê a virtude da fé: "Senhor, que eu veja!" Precisamos, pois, jogar fora os nossos trapos e mantos de mendigo, temos de nos desapegar das vaidades e das solicitações mesquinhas do mundo. Se queremos a abundância dos tesouros de Deus, devemos nos espelhar no exemplo deste cego curado: largar tudo, dar glória ao Senhor e, tomando as cruzes de cada dia, segui-lo nesta íngreme subida que existe entre a nossa vida terrena, a nossa Jericó, e a Jerusalém celeste, onde Cristo vive e reina pelos séculos sem fim.

 

 https://padrepauloricardo.org

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