quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Festa da Exaltação da Santa Cruz



 A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou (Gl 6,14).

A festa de hoje relaciona-se à dedicação de duas importantes basílicas do século 4º: uma no Gólgota e outra sobre o santo sepulcro. Pelo mistério da cruz, Deus, na pessoa do seu Filho, estabelece uma relação de amor com cada um de nós: “Ele carregou nossos pecados em seu corpo, no madeiro, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça” (1Pd 2,24). Lembremos tantos irmãos e irmãs perseguidos e mortos por causa de sua fidelidade a Cristo.

Primeira Leitura: Números 21,4-9

Leitura do livro dos Números – Naqueles dias, 4os filhos de Israel partiram do monte Hor, pelo caminho que leva ao mar Vermelho, para contornarem o país de Edom. Durante a viagem, o povo começou a impacientar-se 5e se pôs a falar contra Deus e contra Moisés, dizendo: “Por que nos fizestes sair do Egito para morrermos no deserto? Não há pão, falta água, e já estamos com nojo desse alimento miserável”. 6Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas, que os mordiam; e morreu muita gente em Israel. 7O povo foi ter com Moisés e disse: “Pecamos, falando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós as serpentes”. Moisés intercedeu pelo povo, 8e o Senhor respondeu: “Faze uma serpente de bronze e coloca-a como sinal sobre uma haste; aquele que for mordido e olhar para ela viverá”. 9Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e colocou-a como sinal sobre uma haste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, ficava curado. – Palavra do Senhor.

Leitura opcional: Filipenses 2,6-11.

Salmo Responsorial: 77(78)

Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!

1. Escuta, ó meu povo, a minha lei, / ouve atento as palavras que eu te digo; / abrirei a minha boca em parábolas, / os mistérios do passado lembrarei. – R.

2. Quando os feria, eles então o procuravam, / convertiam-se, correndo para ele; / recordavam que o Senhor é sua rocha / e que Deus, seu redentor, é o Deus altíssimo. – R.

3. Mas apenas o honravam com seus lábios / e mentiam ao Senhor com suas línguas; / seus corações enganadores eram falsos / e, infiéis, eles rompiam a Aliança. – R.

4. Mas o Senhor, sempre benigno e compassivo, / não os matava e perdoava seu pecado; / quantas vezes dominou a sua ira / e não deu largas à vazão de seu furor. – R.

Evangelho: João 3,13-17

Aleluia, aleluia, aleluia.

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, / porque pela cruz remistes o mundo! – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 13“Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. – Palavra da salvação.

Reflexão
A festa da Exaltação da Santa Cruz, que a Igreja hoje celebra, só tem sentido para aqueles capazes de contemplar, no madeiro em que pendeu Jesus de Nazaré, o grande amor de Deus pela humanidade. É o que diz o Evangelho de hoje, condensando em um só versículo todo o núcleo da boa nova: “Deus amou tanto o mundo”, diz S. João Evangelista, “que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. Ainda que a muitos chegue a parecer óbvia a associação entre o lenho da Cruz e o amor de Deus, muitos teólogos modernos, preferindo uma ênfase por vezes desproporcional na humanidade de Cristo, terminam enxergando no Crucificado muito mais “um homem abandonado por Deus” que propriamente “Deus abandonado pelo homem”. Embora uma abordagem desse gênero seja perfeitamente possível dentro dos limites da sã doutrina, a experiência que os primeiros cristãos tiveram com a Santa Cruz não é exatamente esta, senão a do amor divino, como testemunha o mesmo Apóstolo S. João (cf. 1Jo 4, 8).  Para receber o influxo dessa caridade, no entanto, é condição imprescindível a virtude da fé, pois ninguém pode ser amado sem antes acreditar no amor com que o outro se expressa nem pode amar de volta se não conhecer aquele a que ama. É por isso que só “para aquele que crê o Evangelho é uma força salvadora” (Rm 1, 16), que dá a vida eterna e verdadeiramente preserva da morte. Peçamos, pois, a Nosso Senhor Jesus Cristo que, iluminando-nos a inteligência, aumente em nós o dom da fé, para que passemos toda a nossa existência neste mundo a viver de amor, recebendo do costado aberto de Cristo todo o alimento de que precisamos para a nossa caminhada neste mundo.

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