Tende compaixão de mim, Senhor, clamo
por vós o dia inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de
misericórdia para aqueles que vos invocam (Sl 85,3.5).
Ao amor de Cristo – o qual nos
reconciliou e acolheu “pela morte que sofreu no seu corpo mortal” -,
somos convidados a responder com gratidão, amando a Deus e aos irmãos e
irmãs mediante uma fé livre de todo rigorismo que obscurece a
benevolência divina.
Primeira Leitura: Colossenses 1,21-23
Leitura da carta de São Paulo aos Colossenses – Irmãos, 21vós, que outrora éreis estrangeiros e inimigos pelas manifestas más obras, 22eis
que agora Cristo vos reconciliou pela morte que sofreu no seu corpo
mortal, para vos apresentar como santos, imaculados, irrepreensíveis
diante de si. 23Mas é necessário que permaneçais inabaláveis e
firmes na fé, sem vos afastardes da esperança que vos dá o Evangelho,
que ouvistes, que foi anunciado a toda criatura debaixo do céu e do qual
eu, Paulo, me tornei ministro. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 53(54)
Quem me protege e me ampara é meu Deus.
1. Por vosso nome, salvai-me, Senhor, / e dai-me a vossa justiça! / Ó meu Deus, atendei minha prece / e escutai as palavras que eu digo! – R.
2. Quem me protege e me ampara é meu Deus; / é o Senhor quem sustenta minha vida! / Quero ofertar-vos o meu sacrifício / de coração e com muita alegria; / quero louvar, ó Senhor, vosso nome, / quero cantar vosso nome, que é bom! – R.
Evangelho: Lucas 6,1-5
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida: / ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jo 14,6). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – 1Num
sábado, Jesus estava passando através de plantações de trigo. Seus
discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2Então alguns fariseus disseram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?” 3Jesus respondeu-lhes: “Acaso vós não lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam sentindo fome? 4Davi
entrou na casa de Deus, pegou dos pães oferecidos a Deus e os comeu, e
ainda por cima os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes
podem comer desses pães”. 5E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. – Palavra da salvação.
Reflexão
O Evangelho de hoje nos fala do dia do Senhor, uma prescrição do Antigo
Testamento que devia ser cumprida no sábado, mas que, a partir da vinda
de Cristo, deve ser observada aos domingos e dias festivos. Em que
consiste, pois, o chamado preceito dominical? a) Trata-se, em primeiro lugar, de um preceito de direito natural, porque, tendo o homem a natural inclinação a dedicar algum tempo às coisas necessárias à vida (v.gr., ao sono, à alimentação, ao descanso etc.), a própria natureza das coisas exige que se reserve algum tempo
ao culto divino, não só interno e privado, mas também externo e
público, já que Deus, que criou nos criou como seres sociais, deve por
nós ser honrado tanto individual como socialmente. — b) Trata-se, além disso, de um preceito de direito divino positivo, na medida em que o próprio Deus determinou que ao menos em um dia de cada semana deve o homem abster-se dos trabalhos e negócios ordinários para louvá-lo dignamente. — c) Trata-se, enfim, de um preceito de direito eclesiástico,
porque foi a Igreja que especificou em que dias e de que modo deve o
cristão prestar culto público a Deus [1]. Eis por que diz Santo Tomás:
“A observância do dia do Senhor, na Nova Lei, sucede a observância do
sábado, não por força de preceito legal, mas graças à prescrição da
Igreja e ao costume do povo cristão” (STh II-II 122, 4 ad 4),
que assumiu “como festivo o primeiro dia depois do sábado, porque nele
se deu a ressurreição do Senhor” (S. João Paulo II, Carta Apostólica “Dies Domini”,
de 31 mai. 1998, n. 18). — O preceito dominical, por conseguinte, não é
um mero formalismo nem um ritualismo vazio, mas a realização de uma necessidade enraizada na nossa própria natureza: fomos feitos para
Deus, e a Ele, como a qualquer pessoa que verdadeiramente amamos, temos
de dedicar algum tempo, sem o que seria impossível na prática prestar a
Deus o culto que lhe é devido e crescer na amizade que Ele mesmo quis
ter conosco. Saibamos, pois, sacrificar o nosso tempo, não como quem
cumpre um dever aborrecido, mas como quem se alegra de deixar suas
ocupações e interesses, para ocupar-se durante um tempo generoso —
segundo a condição e disponibilidade de cada um — do nosso único e
grande Amor: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”.
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