segunda-feira, 18 de setembro de 2023

24ª Semana do Tempo Comum - A família à luz da razão e da fé.

 


Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas sejam verdadeiros (Eclo 36,18).

A comunidade cristã é sempre lembrada de que “há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, que se entregou em resgaste por todos”. Essa certeza nos move a elevar nossa prece por todas as pessoas, também pelas autoridades e governantes da sociedade.

Primeira Leitura: 1 Timóteo 2,1-8

Leitura da primeira carta de São Paulo a Timóteo – Caríssimo, 1antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens; 2pelos que governam e por todos os que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda a piedade e dignidade. 3Isso é bom e agradável a Deus, nosso salvador; 4ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 5Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, 6que se entregou em resgate por todos. Esse é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, 7e para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e – falo a verdade, não minto – mestre das nações pagãs na fé e na verdade. Quero, portanto, que em todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 27(28)

Bendito seja o Senhor, porque ouviu / o clamor da minha súplica!

1. Escutai o meu clamor, a minha súplica, / quando eu grito para vós; / quando eu elevo, ó Senhor, as minhas mãos / para o vosso santuário. – R.

2. Minha força e escudo é o Senhor; / meu coração nele confia. / Ele ajudou-me e alegrou meu coração; / eu canto em festa o seu louvor. – R.

3. O Senhor é a fortaleza do seu povo / e a salvação do seu ungido. / Salvai o vosso povo e libertai-o; / abençoai a vossa herança! / Sede vós o seu pastor e o seu guia / pelos séculos eternos! – R.

Evangelho: Lucas 7,1-10

Aleluia, aleluia, aleluia.

Deus o mundo tanto amou, / que lhe deu seu próprio Filho, / para que todo o que nele crer / encontre vida eterna (Jo 3,16). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 1quando acabou de falar ao povo que o escutava, Jesus entrou em Cafarnaum. 2Havia lá um oficial romano que tinha um empregado a quem estimava muito e que estava doente, à beira da morte. 3O oficial ouviu falar de Jesus e enviou alguns anciãos dos judeus para pedirem que Jesus viesse salvar seu empregado. 4Chegando aonde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: “O oficial merece que lhe faças esse favor, 5porque ele estima o nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga”. 6Então, Jesus pôs-se a caminho com eles. Porém, quando já estava perto da casa, o oficial mandou alguns amigos dizerem a Jesus: “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. 7Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado. 8Eu também estou debaixo de autoridade, mas tenho soldados que obedecem às minhas ordens. Se ordeno a um: ‘Vai!’, ele vai; e a outro: ‘Vem!’, ele vem; e ao meu empregado: ‘Faze isto!’, e ele o faz”. 9Ouvindo isso, Jesus ficou admirado. Virou-se para a multidão que o seguia e disse: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. 10Os mensageiros voltaram para a casa do oficial e encontraram o empregado em perfeita saúde. – Palavra da salvação.

Reflexão
O Evangelho de hoje nos narra o conhecido episódio do centurião de Cafarnaum. Há nesta cena, porém, um detalhe chamativo, mas que costuma ser deixado de lado: comparando as versões de Lucas e Mateus, vê-se que esse rapaz por cuja saúde intercede o centurião é chamado ora de empregado, ora de filho, duas expressões que traduzem a palavra grega δοῦλος e, na Vulgata, são vertidas por famulus e puer. Essa aparente ambiguidade semântica se deve a que, ainda na época de Cristo, os servos ou escravos eram considerados membros da família e, apesar de serem, ao menos juridicamente, reduzidos à condição de propriedade do senhor, eram muita vez tratados com grande apreço e delicadeza. É desse trato familiar, carinhoso e preocupado, que nos dá hoje prova o centurião romano, testemunhando assim que, mesmo sem a revelação cristã, pode a inteligência humana chegar, com o seu próprio lume natural, ao conhecimento dos deveres morais que fazem da família uma comunidade de amor e respeito, e não um “sistema” opressor e degradante, como blateram hoje diversas ideologias. Mas, embora seja certo que a família está naturalmente ordenada ao bem integral da pessoa, não deixa de ser verdade que essa bela instituição, tão conculcada pela nossa cultura, necessita da graça divina para que o amor que nela se vive, convertido em caridade, se transforme em fonte de santificação diária e salvação para todos. Eis por que, depois de testemunhar seu amor humano ao empregado, o centurião implora, não já a presença, mas a simples atenção de Cristo: “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa […]. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado”. Que saibamos, a exemplo dele, atrair para dentro de nossas casas o amor de Cristo, que há de converter em caridade o carinho que temos aos nossos familiares e transformar em ocasião de salvação as dificuldades e dores que porventura estivermos sofrendo. Para isso, prestemos-lhe o preito da nossa fé, reconhecendo nele o nosso Deus e Senhor: “Ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado”.

https://padrepauloricardo.org

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