terça-feira, 19 de setembro de 2023

24ª Semana do Tempo Comum - Duas procissões, duas vidas.

 


Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas sejam verdadeiros (Eclo 36,18).

Entre outros requisitos, o que se pede aos dirigentes da comunidade cristã – os quais, a exemplo de seu Senhor, conduzem multidões – é que tenham “muita liberdade para falar da fé em Cristo Jesus”. Da parte dos fiéis, solicita-se compreensão para com eles e abundantes preces em seu favor.

Primeira Leitura: 1 Timóteo 3,1-13

Leitura da primeira carta de São Paulo a Timóteo – Caríssimo, 1eis uma palavra verdadeira: quem aspira ao episcopado saiba que está desejando uma função sublime. 2Porque o bispo tem o dever de ser irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, modesto, hospitaleiro, capaz de ensinar. 3Não deve ser dado a bebidas nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado. 4Deve saber governar bem sua casa, educar os filhos na obediência e castidade. 5Pois quem não sabe governar a própria casa, como governará a Igreja de Deus? 6Não pode ser um recém-convertido, para não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o demônio. 7Importa também que goze de boa consideração da parte dos de fora, para que não se exponha à infâmia e caia nas armadilhas do diabo. 8Do mesmo modo, os diáconos devem ser pessoas de respeito, homens de palavra, não inclinados à bebida nem a lucro vergonhoso. 9Possuam o mistério da fé junto com uma consciência limpa. 10Antes de receber o cargo, sejam examinados; se forem considerados dignos, poderão exercer o ministério. 11Também as mulheres devem ser honradas, sem difamação, mas sóbrias e fiéis em tudo. 12Os diáconos sejam maridos de uma só mulher e saibam dirigir bem os seus filhos e a sua própria casa. 13Pois os que exercem bem o ministério recebem uma posição de estima e muita liberdade para falar da fé em Cristo Jesus. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 100(101)

Viverei na pureza do meu coração!

1. Eu quero cantar o amor e a justiça, / cantar os meus hinos a vós, ó Senhor! / Desejo trilhar o caminho do bem, / mas quando vireis até mim, ó Senhor? – R.

2. Viverei na pureza do meu coração, / no meio de toda a minha família. / Diante dos olhos eu nunca terei / qualquer coisa má, injustiça ou pecado. – R.

3. Farei que se cale diante de mim / quem é falso e, às ocultas, difama seu próximo; / o coração orgulhoso, o olhar arrogante / não vou suportar e não quero nem ver. – R.

4. Aos fiéis desta terra eu volto meus olhos; / que eles estejam bem perto de mim! / Aquele que vive fazendo o bem / será meu ministro, será meu amigo. – R.

Evangelho: Lucas 7,11-17

Aleluia, aleluia, aleluia.

Um grande profeta surgiu entre nós, / e Deus visitou o seu povo (Lc 7,16). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 11Jesus dirigiu-se a uma cidade chamada Naim. Com ele iam seus discípulos e uma grande multidão. 12Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. 13Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: “Não chores!” 14Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” 15O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo”. 17E a notícia do fato espalhou-se pela Judeia inteira e por toda a redondeza. – Palavra da salvação.

Reflexão
Assistimos no Evangelho de hoje ao tocante episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim. Trata-se de uma página exclusiva do evangelista S. Lucas, que talvez, em suas diligentes pesquisas, a tenha colhido do testemunho direto deste rapaz ou de sua mãe. E, por meio desse relato, cuja historicidade está fora de dúvida, o Espírito Santo quer nos ensinar que há em nós duas vidas distintas: de um lado, a nossa vida puramente natural, em sua dimensão tanto corpórea quanto anímica, que devido ao pecado de Adão e Eva encontra-se inclinada ao pecado e debilitada por uma série de desordens; de outro, a vida sobrenatural da graça, um dom concedido por Deus que faz nos participantes da própria vida trinitária. Essas duas vidas, operando em nós como duas leis, estão numa constante batalha: de uma parte, a vida natural, como um “espinho na carne”, nos inclina à prática do mal, ao que é contrário à vontade de Deus; de outra, a vida da graça, como nova lei do amor, nos impele e convida a fazer o bem, o que é do agrado do Senhor. Essas duas leis são como aquelas duas “procissões” que hoje se cruzam no Evangelho: de um lado da cena vemos entrar o cortejo fúnebre que transporta num esquife o jovem falecido, imagem da alma inerte e vencida pelo pecado; do outro, assoma Cristo com o séquito de seus discípulos, símbolo da Igreja, que com a sua doutrina e seus sacramentos traz o remédio da graça divina às nossas fraquezas. O Senhor vem assim ao nosso encontro; Ele sabe já de todas as nossas tristezas, compadece-se do estado lastimável em que, desprovidos do seu auxílio, nos encontramos e quer fazer-nos levantar o quanto antes do féretro de egoísmo e rebeldia que nos retém para a condenação eterna. Que possamos ouvir hoje, por pior que seja a condição da nossa alma, a voz suave de Cristo sussurrando aos nossos corações: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” Ele, se pode restituir a vida física a um morto, pode com a mesma facilidade conceder ao nosso espírito a vida sobrenatural da graça e, com ela, as ajudas de que precisamos para resistir aos assaltas da concupiscência e superar a peregrinação deste mundo passageiro.

https://padrepauloricardo.org

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