sábado, 2 de setembro de 2023

21ª Semana do Tempo Comum - Por que achamos que Deus é exigente?

 Parábola dos Talentos (uma análise de Mateus 25.14-30) - Site do Pastor

Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai, meu Deus, o servo que confia em vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro (Sl 85,1ss).

O amor ao próximo não pode parar no nível das boas intenções, mas precisa descer a ações concretas. A medida do amor fraterno encontra-se em Cristo, que nos amou de modo extremo. Por isso a liturgia nos exorta a “progredir sempre mais”.

Primeira Leitura: 1 Tessalonicenses 4,9-11

Leitura da primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses – Irmãos, 9não é preciso escrever-vos a respeito do amor fraterno, pois já aprendestes de Deus mesmo a amar-vos uns aos outros. 10É o que já estais fazendo com todos os irmãos, em toda a Macedônia. Só podemos exortar-vos, irmãos, a progredirdes sempre mais. 11Procurai viver com tranquilidade, dedicando-vos aos vossos afazeres e trabalhando com as próprias mãos, como recomendamos. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 97(98)

O Senhor julgará as nações com justiça.

1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios! / Sua mão e o seu braço forte e santo / alcançaram-lhe a vitória. – R.

2. Aplauda o mar com todo ser que nele vive, / o mundo inteiro e toda gente! / As montanhas e os rios batam palmas / e exultem de alegria. – R.

3. Na presença do Senhor, pois ele vem, / vem julgar a terra inteira. / Julgará o universo com justiça / e as nações com equidade. – R

Evangelho: Mateus 25,14-30

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos dou novo preceito: / que uns aos outros vos ameis, / como eu vos tenho amado (Jo 13,34). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 14“Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida, viajou. 16O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco. 17Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. 18Mas aquele que havia recebido um só saiu, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu patrão. 19Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. 20O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. 21O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ 22Chegou também o que havia recebido dois talentos e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. 23O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ 24Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. 25Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. 26O patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? 27Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. 28Em seguida, o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! 29Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas, daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!'” – Palavra da salvação.

Reflexão
 
O Evangelho de hoje apresenta-nos a conhecida parábola dos talentos, em algumas de cujas personagens vemos bem representada a principal ferida que o pecado original abriu no coração humano: a tendência a ver em Deus um inimigo, um adversário, um Senhor exigente e injusto que, nas palavras do servo mau e preguiçoso, colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou — eis o “juízo” da humanidade contra o seu Autor. Lembremos que, no princípio da criação, o Senhor vivia em perfeita amizade com nossos primeiros pais. O escritor sagrado insinua-nos essa relação de comunhão ao notar que, à hora da brisa da tarde, Deus baixava ao jardim das delícias para entreter-se docemente com o primeiro casal (cf. Gn 3, 8). Mas, instigados pela serpente, após terem transgredido o preceito divino, Adão e Eva esconderam-se da face de Deus atrás dum arbusto, temendo que Ele, ao descer novamente, os visse nus (cf. Gn 3, 10). Essa amedrontada desconfiança, foi a serpente infernal que a inoculou no coração do homem, que se revoltou não só contra a mulher, que lhe dera de comer o fruto proibido, mas inclusive contra Deus, que lhe dera a esposa que o induzira a pecar: “A mulher que tu pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto” (Gn 3, 12). Assim somos nós hoje, descendentes de Adão, herdeiros das consequências tanto físicas como espirituais do seu pecado: desconfiantes, recriminadores, petulantes, para quem é aspereza a justiça divina e intolerável a sua verdade. Mas Deus nos ama e quer a nossa salvação, e é por isso que nos impõe obrigações e exigências, leis e proibições, pois um Pai amoroso jamais se furtaria ao dever de educar e corrigir seus filhos. Quando Ele nos dá, pois, os talentos de sua graça e nos manda multiplicá-los, é para o nosso bem, para que, amando, superemos o nosso egoísmo e remediemos, em união com Cristo, os efeitos desastrosos do pecado das origens. Ele só pede o que dá, e pede que lhe devolvamos generosamente tudo o que, por pura graça, já se tinha dignado conceder-nos. Trabalhemos pelo Reino, buscando a santidade que o Senhor tanto deseja formar em nossas almas.


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