sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

3ª Semana do Advento - Sem a graça, nada podemos!

 Evangelho do Dia: Festa dos Tabernáculos ou das Tendas (Jo 7, 1-2;  10.25-30) – Oratório São Luiz – 120 Anos

Primeira Leitura: Isaías 56,1-3.6-8

Leitura do livro do profeta Isaías1Isto diz o Senhor: “Cumpri o dever e praticai a justiça, minha salvação está prestes a chegar e minha justiça não tardará a manifestar-se. 2Feliz do homem que assim proceder e que nisso perseverar, observando o sábado, sem o profanar, preservando suas mãos de fazer o mal. 3Não diga o estrangeiro que aderiu ao Senhor: ‘Por certo o Senhor me excluirá de seu povo’. 6Aos estrangeiros que aderem ao Senhor, prestando-lhe culto, honrando o nome do Senhor, servindo-o como servos seus, a todos os que observam o sábado e não o profanam, e aos que mantêm aliança comigo, 7a esses conduzirei ao meu santo monte e os alegrarei em minha casa de oração; aceitarei com agrado, em meu altar, seus holocaustos e vítimas, pois minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. 8Diz o Senhor Deus, que reúne os dispersos de Israel: “Ainda reunirei com eles outros, além dos que já estão reunidos”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 66(67)

Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, / que todas as nações vos glorifiquem.

1. Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção, / e sua face resplandeça sobre nós! / Que na terra se conheça o seu caminho / e a sua salvação por entre os povos. – R.

2. Exulte de alegria a terra inteira, / pois julgais o universo com justiça; / os povos governais com retidão / e guiais, em toda a terra, as nações. – R.

3. A terra produziu sua colheita: / o Senhor e nosso Deus nos abençoa. / Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, / e o respeitem os confins de toda a terra! – R.

Evangelho: João 5,33-36

Aleluia, aleluia, aleluia.

Vinde visitar-nos, ó Senhor, / em grande paz e segurança, / para que nos alegremos ante vós / com reto coração! – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, Jesus disse aos judeus: 33“Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34Eu, porém, não dependo do testemunho de um ser humano. Mas falo assim para a vossa salvação. 35João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz. 36Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 

No Evangelho de hoje, Jesus nos fala mais uma vez de João Batista, mas já começa a falar de sua transitoriedade. Nós vemos a luz de João Batista e nos alegramos com ela, mas Jesus é muito mais do que João Batista.

Que significa isso para a nossa vida espiritual? São João Batista representa a vida ascética, o que quer dizer o seguinte: nossos esforços, tudo o que nós fazemos para preparar o caminho de Deus, tem seu valor, mas é importante recordar o primado da graça de Cristo, sob pena de nos transformarmos em pelagianos.

Que é um pelagiano? Pelágio foi um monge irlandês muito virtuoso que queria ser santo, mas pensava que Jesus nos deixara apenas um “exemplo”. Para ele, era necessário e suficiente seguir o “exemplo” de Cristo; bastava ter boa vontade, ser bem educado, ter disciplina… e pronto, chegava-se a ser santo.

Mas Santo Agostinho, que viveu trinta e dois anos sob a escravidão do pecado, viu que isso não era católico.

A fé católica diz que nós, sem o auxílio da graça, somos impotentes diante do mal e do pecado. Se sentimos que não damos conta de vencer o pecado nem nos libertar de suas cadeias, saibamos: não é impressão, é verdade!

Somos libertos por Cristo, é a graça de Cristo que nos salva. No entanto, é preciso pedir essa graça. No Tempo do Advento, marcado pelo “Vem, Senhor Jesus”, nós podemos dizer: “Vem, Senhor, com tua graça! Nós esperamos tua graça. Das alturas orvalhem os céus, que venha a justiça, que venha a santidade para nós. Que venha verdadeiramente a graça que nos faz capazes de amar, senão seremos homens acorrentados ao egoísmo, incapazes do mínimo ato bom” [1].

Portanto, a ascese vivida e pregada por São João Batista, ou seja, tudo o que nós precisamos fazer e estamos fazendo neste Tempo do Advento — jejuns, vigílias e penitências —, é necessário, mas antes disso já existe o suave toque da graça, embora não a estejamos sentindo.

A graça está aí, inquietando-nos o coração. A graça já está sustentando esses atos, de forma que, se fizermos alguma coisa virtuosa, não fiquemos nos pavoneando nem dizendo: “Nossa, olhe como já estou ficando santo!”

Não, isso é uma tolice; nós não somos capazes. Nós somos os mesmos de sempre, é Cristo quem vive e age em nós. Aqui está a realidade! João Batista, aquele homem de boa vontade que está dentro de nós, fazendo esforços ascéticos para ser santo, tem de diminuir para dar espaço à graça.

Não é que devamos parar com a ascese, não; é que nos devemos dar conta de que não somos capazes do mínimo ato ascético, do mínimo gesto de amor. Nosso coração é paralítico, incapaz de mover-se, se o Cristo não vier com o suave toque da graça.

O Evangelho de hoje nos coloca, pois, diante dessa verdade: João Batista veio e nos alegrou. É necessário começarmos um processo ascético de conversão e mudança de vida. Porém, é hora de reconhecer que o Cristo estava lá desde o princípio e que não fomos nós, por nossos méritos, que mudamos de vida, mas foi Cristo quem veio configurar nossa vida à sua. Por isso, se damos passos em frente, é porque “vivo, mas não eu; é Cristo quem vive em mim”.

Nós, por nós mesmos, não somos dignos do céu; no entanto, Ele quer nos conduzir para lá. Eis a graça do Natal que se aproxima!

 

 https://padrepauloricardo.org

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