Leitura do livro do profeta Isaías – 6“Eu sou o Senhor, não há outro, 7eu formei a luz e criei as trevas, crio o bem-estar e as condições de mal-estar: sou o Senhor que faço todas essas coisas. 8Céus, deixai cair orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover justiça; abra-se a terra e germine a salvação; brote igualmente a justiça: eu, o Senhor, a criei”. 18Isto diz o Senhor que criou os céus, o próprio Deus que fez a terra, a conformou e consolidou; não a criou para ficar vazia, formou-a para ser habitada: “Sou eu o Senhor, e não há outro. 21Acaso não sou eu o Senhor? E não há deus além de mim. Não há um Deus justo e que salve, a não ser eu. 22Povos de todos os confins da terra, voltai-vos para mim e sereis salvos, eu sou Deus e não há outro. 23Juro por mim mesmo: de minha boca sai o que é justo, a palavra que não volta atrás; todo joelho há de dobrar-se para mim, por mim há de jurar toda língua, 24dizendo: Somente no Senhor residem justiça e força”. Comparecerão perante ele, envergonhados, todos os que lhe resistem; 25no Senhor será justificada e glorificada toda a descendência de Israel. – Palavra do Senhor.
Que os céus lá do alto derramem o orvalho, / que chova das nuvens o justo esperado!
1. Quero ouvir o que o Senhor irá falar: / é a paz que ele vai anunciar; / a paz para o seu povo e seus amigos, / para os que voltam ao Senhor seu coração. / Está perto a salvação dos que o temem, / e a glória habitará em nossa terra. – R.
2. A verdade e o amor se encontrarão, / a justiça e a paz se abraçarão; / da terra brotará a fidelidade, / e a justiça olhará dos altos céus. – R.
3. O Senhor nos dará tudo o que é bom, / e a nossa terra nos dará suas colheitas; / a justiça andará na sua frente / e a salvação há de seguir os passos seus. – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tu que trazes boa-nova a Sião, levanta tua voz e anuncia: / eis que vem o Senhor Deus com poderio! (Is 40,9s) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, João convocou dois de seus discípulos 19e mandou-os perguntar ao Senhor: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” 20Eles foram ter com Jesus e disseram: “João Batista nos mandou a ti para perguntar: ‘És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?'” 21Nessa mesma hora, Jesus curou de doenças, enfermidades e espíritos malignos a muitas pessoas e fez muitos cegos recuperarem a vista. 22Então, Jesus lhes respondeu: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa-nova é anunciada aos pobres. 23E feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim!” – Palavra da salvação.
Temos hoje no Evangelho uma passagem de difícil interpretação. Já a fama de Jesus corria toda a Judeia e São João Batista, chamando a si dois de seus discípulos, envia-os ao Cristo para perguntar-lhe: "És tu o que há de vir ou devemos esperar por outro?" Ora, como pode o Batista, que sob os céus abertos batizara o Senhor (cf. Mt 3, 13-17), ter ainda alguma dúvida de que é Jesus o Messias aguardado? Por que manda agora o Precursor, que diante de seus seguidores dissera: "Eis o Cordeiro de Deus" (Jo 1, 36), dois mensageiros para saber se de fato era Ele o Cristo anunciado pelos profetas? Nem aos Santos Padres, com efeito, escapou a dificuldade deste trecho, e mesmo à inteligência dum Santo Ambrósio causava certa estranheza que o Batista, tendo visto o Espírito Santo repousar sobre o primo (cf. Jo 1, 32), quisesse ter mais outra confirmação de que era Ele, sim, o Cristo de Israel.
Não é João, porém, que permanece na dúvida, mas os que ainda o seguem; não é João que precisa ser enviado a Jesus, pois com Ele já se encontrara, ambos ainda encerrados no ventre de suas mães (cf. Lc 1, 39-45); são seus discípulos remanescentes, ao contrário, que ainda devem ser enviados à presença do Senhor. — Os "cegos veem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o Evangelho" —, responde Jesus a esses dois buscadores. — Vede todas estas obras: não dão elas testemunho bastante de mim? Que mais lhes é necessário? que ainda desejais ver para entrardes enfim no Caminho cujas veredas João, a quem seguis, viera aplainar (cf. Mt 3, 3; Is 40, 3)? O Batista lhes pregara a conversão; Eu agora lhes peço todo o coração: crede em mim e vereis coisas ainda maiores (cf. Jo 1, 50), reservadas aos que o Pai me confiou!
Por suas obras, Jesus demonstra aos discípulos de João que é nEle que se cumprem as profecias, que é por Ele que a salvação vem a Israel, que é Ele, afinal, o Redentor há séculos aguardado. Mas é também o Servo humilhado e ultrajado a que alude Isaías (cf. Is 42, 1-7; 50, 4-9; 52, 13ss), a pedra de tropeço para a fé de muitos: "Bem-aventurado", diz no fim de sua resposta, "aquele para quem Eu não for ocasião de queda!" O Senhor, quebrando aqui a expectativa por um Messias político e triunfante, nos dá a conhecer o mistério de sua missão: por meio da Cruz e do sofrimento, libertar o homem da escravidão do pecado e instaurar um Reino de amor e humildade. Peçamos, pois, a este Senhor tão bom e tão amável que nos ajude a crer nos mistérios em que o Pai o tem envolvido. Que Ele, ao longo deste tempo de Advento, venha fazer no nosso pobre e sujo coração a sua manjedoura e, sob a forma frágil e pequenina de um recém-nascido, nos ajude a reconhecer o valor divino da humildade e a força salvífica e vivificante que em Cristo Jesus adquire toda dor, todo sofrimento, toda humilhação.
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