Leitura do livro do profeta Isaías – 17Isto diz o Senhor, o teu libertador, o santo de Israel: “Eu, o Senhor teu Deus, te ensino coisas úteis, te conduzo pelo caminho em que andas. 18Ah, se tivesses observado os meus mandamentos! Tua paz teria sido como um rio e tua justiça como as ondas do mar; 19tua descendência seria como a areia do mar e os filhos do teu ventre como os grãos de areia; este nome não teria desaparecido nem teria sido cancelado de minha presença”. – Palavra do Senhor.
Senhor, quem vos seguir terá a luz da vida.
1. Feliz é todo aquele que não anda / conforme os conselhos dos perversos; / que não entra no caminho dos malvados / nem junto aos zombadores vai sentar-se; / mas encontra seu prazer na lei de Deus / e a medita, dia e noite, sem cessar. – R.
2. Eis que ele é semelhante a uma árvore / que à beira da torrente está plantada; / ela sempre dá seus frutos a seu tempo, † e jamais as suas folhas vão murchar. / Eis que tudo o que ele faz vai prosperar. – R.
3. Mas bem outra é a sorte dos perversos. † Ao contrário, são iguais à palha seca / espalhada e dispersada pelo vento. / Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, / mas a estrada dos malvados leva à morte. – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Senhor há de vir, acorrei-lhe ao encontro; / é o Príncipe da paz. – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 16“Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: 17‘Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!’ 18Veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. 19Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras”. – Palavra da salvação.
Jesus se apresenta hoje como um contraste a S. João Batista, cuja vida de duríssima penitência era conhecida de todos em Israel; o Filho do Homem, por outro lado, que fez questão de comer, beber e estar com os demais, era sacrilegamente chamado “beberrão” e “glutão” por seus blasfemos detratores. Mas, diante destes dois pólos à primeira vista tão inconciliáveis, em qual deles estará o modelo que devemos seguir: no Precursor, com seus ásperos jejuns e mortificações, ou em Cristo, com seus hábitos modestos e menos austeros? A chave para darmos com a resposta encontra-se nas palavras finais do Evangelho de hoje: “A sabedoria”, diz Nosso Senhor, “foi reconhecida com base em suas obras”. Ora, o dom de sabedoria, como nos ensinam as SS. Escrituras e a lição mais comum dos teólogos, está intimamente vinculado com a caridade: ser sábio significa reconhecer que o amor não é um fardo; significa ver todas as coisas — inclusive o sofrimento e o sacrifício voluntário —, não com razões humanas, mas sob luzes divinas, com sentido sobrenatural e de eternidade.
Quem ama, e ama com a sabedoria infundida pelo Espírito Santo, não perde de vista que somos cidadãos do céu (cf. Fp 3, 20) e que vale a pena investir tudo para lá chegar. Quem ama renuncia alegremente às comodidades e prazeres desta vida, não porque assim o obrigue alguma lei, mas porque sabe que dar tudo é ainda muito pouco, quando se trata de ganhar a Cristo (cf. Fp 3, 8). É justamente por não amarem e, portanto, estarem cegos à verdadeira sabedoria que os fariseus veem a Jesus e ao Batista como pólos opostos: criticam o primeiro, porque não se dão conta da infinita caridade com que o Verbo encarnado se digna ter uma vida comum e acomodada aos costumes locais; desprezam ainda o segundo, porque para eles é escandalosa a penitência suscitada pelo zelo da justiça de Deus. Quanto a nós, porém, roguemos hoje ao Espírito Santo que faça atuar em nós o dom da sabedoria, para que saibamos degustar o amor que é tudo suportar por Cristo, nosso Amado, tanto na disciplina da carne como na mortificação do amor próprio.
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