Há momentos em
que a noite trevosa desce sobre a nossa vida e os horrores do inferno
bafejam nossa alma. Sentimos uma opressão do inimigo, com seu hálito
pesado vindo sobre nós. Nossa carne treme, nossos ossos são abalados e
nossos olhos se enchem de lágrimas. Não escapamos desses ataques. Não
vivemos blindados.
Estamos expostos ao sofrimento. Na verdade nos
importa entrar no reino de Deus por meio de muitas tribulações (At
14.22). O próprio Jesus saiu do cântico no Cenáculo para o pranto no
Getsêmani. O autor da vida suou sangue no Getsêmani (Lc 22.44) e
derramou sua alma na morte na cruz (Is 53.12). Ele começou a
entristecer-se e a angustiar-se. Disse a seus discípulos: “A minha alma
está profundamente triste até à morte” (Mc 14.34). Nenhum homem tinha
experimentado tristeza tão profunda e ninguém jamais a enfrentaria no
futuro. Num sentido único, Jesus foi “um varão de dores”. Aquela
fatídica noite no Getsêmani era a noite escura da alma, quando Jesus
travou a mais renhida batalha da humanidade. Naquele momento, ele ficou
só, dobrado sobre seus joelhos, com o rosto em terra, com forte clamor e
lágrimas (Hb 5.7). Ali, submeteu-se à vontade do Pai, foi consolado
pelo anjo e saiu vitorioso para caminhar para a cruz, como um rei
caminha para a coroação.
Na cruz, o
Filho de Deus foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades. Agradou ao Pai moê-lo. Ali, suspenso entre a terra e
o céu, sorveu cada gota do amargo cálice da ira de Deus. Na cruz,
carregou sobre seu corpo todos os nossos pecados e suportou o juízo de
Deus que deveria cair sobre nossa cabeça. Na cruz ele satisfez todas as
demandas da justiça divina ao fazer-se pecado e maldição por nós. Na
cruz, porém, Jesus adquiriu para nós eterna redenção. A noite escura da
alma não foi um acidente na vida de Jesus, mas uma agenda traçada na
eternidade. Essa noite desceu sobre sua alma, para que a luz bendita do
céu invadisse a nossa vida. Ele bebeu o cálice amargo da ira de Deus,
para nos oferecer a água da vida. Ele suou sangue e chorou para que nós
pudéssemos experimentar uma alegria indizível e cheia de glória. Ele
morreu para nos oferecer a vida eterna.
Saiba que, se a
noite escura da alma chegou em sua vida, Deus é poderoso para
transformar essas trevas em luz e o seu sofrimento em prelúdio de
glória. O apóstolo Paulo, homem que enfrentou apedrejamento, açoites,
prisões e naufrágios, afirma com entusiasmo, que os sofrimentos do tempo
presente não são para comparar com as glórias porvir a serem reveladas
em nós. Disse ainda que a nossa leve e momentânea tribulação produz,
para nós, eterno peso de glória, acima de toda comparação.
O sofrimento
aqui é inevitável. Ainda não chegamos ao paraíso. Aqui não é o céu.
Porém, o sofrimento não hasteará sua bandeira em nosso lar eterno. Lá
Deus enxugará dos nossos olhos toda a lágrima. Lá a dor não mais
açoitará nosso corpo. Lá desfrutaremos da bem-aventurança eterna. Aqui
cruzamos vales escuros, marcharmos por desertos tórridos e atravessamos
pântanos perigosos. Mas, lá receberemos um consolo eterno, uma alegria
sem fim, uma glória que jamais se contou ao mortal.
Não se
desespere diante dos dramas da vida. Não perca a esperança diante das
circunstâncias adversas. Não duvide do amor de Deus por causa da dor que
assola seu peito. Deus nunca vai desamparar você. Ele está do seu lado
como seu refúgio e fortaleza. Você vai caminhar para a pátria celeste de
força em força, de fé em fé, sendo transformado de glória em glória.
Deus segurará firme a sua mão até receber você na glória. Então, a noite
escura da alma desembocará na manhã gloriosa de uma eternidade de gozo e
paz!
Por: Hernandes Dias Lopes
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