Maravilhosos os efeitos sobrenaturais produzidos na alma pelo Batismo. Os
pecados são perdoados, a graça divina é comunicada e o batizado se torna o
templo vivo da Santíssima Trindade, herdeiro do reino divino.
O amor de Deus
pelos homens excede toda expectativa humana. Apenas nasce uma criança no mundo,
Deus quer que ela lhe seja consagrada pelos pais por um ato livre, mas
necessário. Ele não quer se ocupar do ser racional unicamente como Criador; Ele
quer que ele seja seu filho e, para dar esse direito, instituiu o sacramento do
Batismo, o qual, purificando a alma de todo e qualquer pecado, aproxima o homem
da Divindade e o destina para o céu. Dirá São Paulo que o cristão é concidadão
dos santos e membro da família de Deus (Ef 2,19).
Esse sacramento é ministrado
logo ao começar da existência, para que, em todo tempo, se esteja marcado com o
caráter indelével que faz o discípulo de Jesus participante de seu sacerdócio,
de seu múnus régio e profético. Admirável o plano divino cumulando o ser
racional de tantos benefícios. O homem foi criado no estado de inocência e de
santidade, mas, tendo desobedecido ao Criador, perdeu essa inocência e essa
santidade. A sua alma foi viciada pelo pecado e o homem ficou sujeito à morte e
a todos os sofrimentos do corpo e da alma, perdendo o direito ao reino dos céus.
O pecado de Adão não ficou em sua pessoa, foi transmitido a todos os seus
descendentes com todas as misérias que o acompanharam. É esta transmissão da
culpa do primeiro homem a todos os homens que se chama pecado original. Apenas o
Batismo pode apagar esse pecado, reconciliar com Deus e dar o direito ao reino
dos céus. Claras as palavras do divino Redentor: “Quem crer e for batizado
estará salvo” (Mc 16,16). É que o Filho de Deus veio ao mundo salvar o que
estava perdido pelo pecado, veio purificar o coração e restabelecer a amizade
divina que tinha sido perdida pelo pecado de Adão.
O sacramento do Batismo é o
meio necessário para apagar a mancha original, a única porta aberta para se
ingressar no reino de Deus. Eis porque Jesus ordenou aos Apóstolos pregar
somente a doutrina e ensinar unicamente o Evangelho, mas ele mandou ainda
batizar os povos: “Ide ensinai todas as nações, batizando a todos em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mc 16,15). Os apóstolos cumpriram fielmente
esta santa missão. Eles batizavam todos aqueles que abraçavam a religião cristã,
e sem esse sacramento ninguém era considerado membro da Igreja de Cristo nem
podia pretender a salvação eterna. Por tudo isto fácil é compreender o grande
erro que cometem os pais que deixam de batizar os seus filhos o mais breve
possível, expondo essas criaturas inocentes à uma desgraça eterna.
Os primeiros
cristãos, como afirma S. Agostinho, corriam com os seus recém- nascidos às
fontes batismais, para que não ficassem privados da graça da regeneração. É de
bom alvitre se lembrar que em caso de extrema necessidade qualquer cristão pode
e deve batizar o nasceu há pouco e corre risco de vida, dizendo: “Eu te batizo
em nome do Pai,do Filho e do Espírito Santo”. Esta criança então fica
incorporada a Cristo e se torna membro da grande família cristã que é a família
de Deus. Ela, sobrevivendo, depois se fará o registro na Paróquia e um sacerdote
completará as cerimônias batismais de acordo com o Ritual deste Sacramento.
O
que muitos cristãos olvidam é comemorar o dia de seu Batismo que lhes abriu as
portas do céu e dos demais sacramentos. Os padrinhos não podem deixar de rezar
sempre pelos seus afilhados para que eles sejam fiéis à Igreja, ótimos
discípulos do Evangelho. Cumpre lhes dê o bom exemplo de uma vida cristã e
cuidem de seu progresso espiritual nas veredas das virtudes. Nada dignifica
tanto o ser racional do que poder dizer que foi batizado e é epígono do Filho
de Deus, se santificando a cada instante, tudo fazendo para glória divina. Dizia
um grande santo: “Se és cristão, tens o mundo nas mãos”, pois quem foi batizado
é luz do mundo e sal da terra.
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* |
Professor no Seminário de Mariana
durante 40 anos.
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