Dom Eugênio Sales saúda o papa Bento 16 em imagem de 2007
O cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, celebrou no começo
da tarde desta terça-feira (10) a primeira de uma série de missas que devem ser
realizadas até o enterro de dom Eugênio de Araújo Sales, morto na noite de
ontem. O enterro será às 15h desta quarta-feira (11) na cripta da Catedral
Metropolitana de São Sebastião, no centro do Rio.
Tempesta comentou o legado deixado por dom Eugênio Sales. “Foi à sua época o
grande representante do Brasil no governo central da igreja na Santa Sé. Um
homem que viveu intensamente sua vida humana e cristã, viveu fiel à igreja até o
último dia e partiu serenamente. Deixa um legado que deve marcar não só o Rio,
mas todo o Brasil e o mundo”, disse.
As missas acontecerão a cada duas horas até as 22h de hoje, quando então um vigília será feita até as 6h de amanhã. A partir daí, novas missas serão realizadas até o horário do enterro. A expectativa é que milhares de fiéis possam se despedir de dom Eugênio até amanhã.
Presente na missa, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), disse à imprensa
que dom Eugênio foi um líder espiritual importante para além do âmbito da igreja
católica. “Um homem que defendeu os direitos individuais e a liberdade. É um dia
de tristeza e luto, mas também um dia de prestar homenagem a esse grande homem”,
afirmou. Já o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que também esteve na
missa, deixou a catedral sem falar com a imprensa.
Fiéis fizeram fila para se despedir de Sales. Entre eles estavam Manuel
Rodrigues e Maria Teresa, um casal de portugueses casados há 61 anos e ambos com
84 anos. “Presenciamos dom Eugênio em Roma na cerimônia de canonização de Santa
Paula Frassinetti em 1984. Todos se deliciaram quando ele disse ‘como é difícil
ser ruim e como é fácil ser bom’”, lembrou Rodrigues.
Dom Eugênio, que tinha 91 anos, era o mais antigo cardeal da Igreja Católica
brasileira e, segundo a Arquidiocese do Rio, morreu na Residência Assunção, onde
morava, na estrada Sumaré, na zona norte da cidade.
A notícia de sua morte repercutiu na Santa Sé: em nota, o papa Bento 16
lamentou a morte do cardeal brasileiro. "Foi um autêntico testemunho do
Evangelho em meio a seu povo. Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja pastor
tão generoso", afirmou a nota.
"Em 70 anos de sacerdócio e 58 de no episcopado, [dom Eugênio] sempre quis indicar o caminho da verdade na caridade e servir à comunidade, prestando particular atenção aos mais desfavorecidos, fiel a seu lema episcopal ‘impendam et superimpendar (gastarei e gastar-me-ei por inteiro por vós)’”, recorda a nota, em uma referência à Carta de São Paulo aos Coríntios.
"Em 70 anos de sacerdócio e 58 de no episcopado, [dom Eugênio] sempre quis indicar o caminho da verdade na caridade e servir à comunidade, prestando particular atenção aos mais desfavorecidos, fiel a seu lema episcopal ‘impendam et superimpendar (gastarei e gastar-me-ei por inteiro por vós)’”, recorda a nota, em uma referência à Carta de São Paulo aos Coríntios.
Trajetória
Nascido em 8 novembro de 1920, Eugênio de Araújo Sales foi ordenado padre aos
23 anos e promovido por Paulo 6º, em 1968, a arcebispo de Salvador, na Bahia.
Participou de várias sessões do Concílio Vaticano 2º (1962-1965), que modernizou
a Igreja Católica.
Designado cardeal por Paulo 6º em 1969, dom Eugênio Sales foi por 30 anos
arcebispo do Rio de Janeiro. Entre suas criações mais célebres estão a campanha
da fraternidade e as comunidades eclesiais de base, além do apoio a refugiados
políticos nos anos da ditadura brasileira.
Com sua morte, o colégio cardinalício fica com 208 membros, entre eles 121 eleitores no caso de conclave ou eleição do papa.
Com sua morte, o colégio cardinalício fica com 208 membros, entre eles 121 eleitores no caso de conclave ou eleição do papa.
Julio Reis
Do UOL, no Rio
Do UOL, no Rio
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