Depois das alegrias e vibrações mais intensas
do Ciclo Pascal voltamos, no Calendário Litúrgico, à Vida Comum. Re-
iniciamos, novamente, o Tempo Comum em nossa Liturgia.
Às vezes, somos tentados a
imaginar este Tempo Litúrgico como sendo um Tempo "Menor", no sentido de "sem
grande importãncia", "comum" mesmo no sentido que tal palavra possui em nosso
cotidiano. Para nós, o "comum" é algo que não requer, de fato, grandes
esforços, dedicação mais intensa, maior elaboração. Pensemos, por exemplo,
numa visita que chega em nossa casa: quando é a primeira vez (algo "fora do
comum"), nos empenhamos, preparamos TUDO com muito carinho e cuidado, a comida é
bem preparada, a mesa é posta com o rigor das regras da etiqueta e, assim por
diante. Mas, imaginemos que tal visita acabe por ficar com uma amizade
grandiosa conosco e, em pouco tempo, comece a frequentar com maior assiduidade a
nossa residência. Aqui, tal visita ganha o status de "comum" e, em determinado
momento, ela chega em nossa casa de surpresa, numa segunda-feira, sem avisar e,
na hora do almoço. Como ficou "comum" não damos importância e, a comida que
"sobrou" do domingo, nós servimos, de qualquer jeito, a própria visita se serve,
sem grandes "complicações". Não é assim mesmo? Penso que sim!
Porém, na Liturgia da Igreja é um erro transpor
esta concepção que temos daquilo que é "comum" para o Tempo que ora começamos a
viver. Para a Liturgia, o Tempo Comum não possui tal sentido; ele não é um
Tempo "Menor", "sem importância" na sua relação com os chamados "Tempos Fortes"
e, portanto, não pode ser vivenciado de "qualquer forma ou jeito", sem que
reflitamos e elaboremos as nossas Celebrações com grande afinco e cuidado.
Penso que, de forma rápida, o Tempo Comum que
iniciamos não pode ser compreendido como um Tempo "sem importância", sobretudo
por dois motivos. Vejamos:
Em primeiro lugar pelo tempo (cronológico
mesmo) que a Liturgia dedica ao Tempo Comum: são 33 ou 34 semanas das 52 que o
ano possui, divididos em dois momentos no Calendário, a saber: algumas semanas
entre o Ciclo do Natal e o Ciclo da Páscoa (início da Quaresma) e, o grosso
deste Tempo após a a Páscoa e, que segue até o final do mês de novembro.
Acredito que a Igreja não seria tão "inocente", dedicando um tempo tão grande
para um Tempo que não paresentasse uma importância ímpar em seu Calendário (só
para termos uma ideia, depois do Tempo Comum, o maior Tempo Litúrgico é o da
Páscoa que possui 07 Semanas). Diante disso, nos perguntamos: "Qual é a
importância deste Tempo Comum?" Tal resposta nos apresenta o segundo lugar que
explica a sua importância: Durante o Tempo Comum, a Comunidade é convidada ao
seguimento à pessoa de Jesus, naquele período de Sua Vida que costumamos chamar
de "Vida Pública" e, neste período, o Senhor com Sua Palavra e Suas Ações nos
oferece as condições para compreendermos "Quem é o Pai" e, assim sendo, nos
oferece as possibilidades para sermos "aquilo que o Pai quer que sejamos"!
Acompanhar o Senhor em Sua "Vida Pública" vai nos auxiliando na compreensão do
real sentido da "Santidade" e, compreendemos que a mesma (Santidade) não é algo
impossível para mim e para os meus pois "SER SANTO (A), nada mais é do que a
ADEQUAÇÃO DA NOSSA VIDA À VONTADE DE DEUS!" Em nosso cotidiano, no "TEMPO
COMUM" de nossas vidas, o Senhor nos convida à uma "Vida Santa". Não importa
o que somos ou fazemos, importa, sim, que sejamos capazes de fazer da nossa
existência um "SINAL" de Deus.
Assim, poderíamos afirmar que o Tempo Comum é
"BÁSICO" para nossa vivência de Fé. Chegaria, mesmo, a afirmar que a ausência
ou incompreensão do sentido deste Tempo Litúrgico que ora começamos nso
impossibilita de compreender e, consequentemente, de viver os chamados "Tempos
Fortes", a saber: Advento, Natal, Quaresma e Páscoa!
Portanto, queridos irmãos e irmãs, não
economizemos esforços para vivermos o verdadeiro sentido deste Tempo Comum e,
oxalá Deus, cheguemos ao final deste ano com uma visão, uma compreensão mais
apurada à respeito do nosso Deus e de Sua Vontade a nosso respeito!
Peemiliocarlos
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