Admiro profundamente os nossos bispos, com raríssimas exceções. São exemplos de pureza, caridade, bondade, piedade, desprendimento, temperança, mansidão, etc., e, sobretudo, muito amor a Deus, ao povo, a Igreja e fidelidade ao Papa. Deus seja louvado pela vida de cada um desses "sucessores dos Apóstolos", que formam o Colégio Apostólico de hoje. Vejo-os, em sua esmagadora maioria, como fiéis e humildes servidores da vinha do Senhor.
Admiro sobremaneira os nossos bispos eméritos que já são mais de 150 no Brasil; ultrapassados os 75 anos de "relevantes serviços prestados à Igreja", continuam dando as suas vidas a Deus de maneira humilde, santa, anônima e fiel. Que belo exemplo!
No entanto, há alguns poucos maus exemplos. Isso não nos causa desesperança, uma vez que grandes hereges foram bispos, por exemplo, alguns Patriarcas de Constantinopla como Nestório, Macedônio, Acácio, Miguel Cerulário e outros. Mesmo os homens que carregam sobre a cabeça uma auréola, podem errar.
Fico cada vez mais chocado com a atitude do ex-bispo Fernando Lugo, que hoje é Presidente do Paraguai. Escrevo essas linhas não para julgá-lo e, muito menos condená-lo; mas apenas para tirar alguns ensinamentos dessa situação dolorosa para a Igreja.
O presidente do Paraguai e ex-bispo católico, voltou ao estado laico porque desobedeceu ao Papa, que não concordou que ele fosse candidato a presidente do seu país; preferiu a política do que o episcopado, acreditou mais na polícia do que na pregação do Evangelho. Desobedeceu ao Papa, algo gravíssimo, já que o bispo lhe jurou obediência; faltou com a palavra e com a fé. Um mau exemplo que eu ainda não tinha visto. Fiquei chocado!
Depois, veio a triste noticia de que o ex- bispo, ainda no episcopado, teve vários filhos. Outro choque, outra tristeza. Como podia continuar a ser "pastor de almas" quem não era pastor nem de si mesmo? E não foi uma queda só, mas quedas sucessivas, repetidas, assumidas como se não fossem graves e não impedissem o exercício do episcopado, ao menos por dever de consciência.
O questionamento mais profundo que eu fazia e faço é este: o que pode levar um bispo a cometer tantos erros, a desprezar de maneira tão grave o sexto mandamento?
Nesses dias, Fernando Lugo disse, até com certa ironia, que "todos serão bem-vindos", falando do reconhecimento de seu segundo filho e das ações de paternidade movidas por outras duas mulheres contra ele. "Todos serão bem-vindos", disse sorrindo, quando um jornalista lhe perguntou sobre futuras ações de paternidade. "Já está certo", respondeu, sobre o reconhecimento de Ángel, de 10 anos, e disse que dará seu sobrenome a Ángel, filho da enfermeira Narcisa de Zárate, que pretendia mover uma ação contra ele. Em 2009 o Presidente já tinha admitido a paternidade de Guillermo Armindo, 5 anos, cuja mãe é Viviana Carrillo, quando ainda era bispo da diocese católica de San Pedro. E hoje, aos 60 anos, ele é objeto de duas ações de paternidade movidas por Benigna Leguizamón, 30, e Hortensia Morán, 41. Ambas exigem o reconhecimento dos filhos Lucas Fernando, 9, e Juan Pablo, 4.
O que mais choca-me é a naturalidade com que Lugo trata o assunto, como se fosse algo trivial e nada importante. Que impulsos o movem? Eis a questão. O que mais nos interessa aqui é saber por que um bispo, em plena atividade episcopal, cometeu tantos erros seguidos, sem ao menos ter a coerência de deixar o ministério sagrado. A pergunta que faço é essa: sua consciência não o incomodava? E ainda não o incomoda? Que valores o movem? Que teologia o guia?
Estou convencido que as razões mais profundas vêm de sua ligação profunda com a teologia da libertação (TL) como já declarou, sem querer isentá-lo da culpa pessoal, e sem também querer afirmar que os adeptos dessa teologia agem da mesma forma. Apenas penso que o relativismo moral que encontramos em muitos ambientes da TL, e outros, favorece um comportamento desse tipo. Parece que o pecado sexual deixou de ser grave para muitos desses segmentos; restando apenas o que se chama de "pecado social". É notório que muitos adeptos e líderes da TL são refratários ao que o Papa ensina; vivem perturbando a paz da Igreja com apelos insistentes sobre assuntos sobre os quais o Papa já definiu muito bem, juntamente com os bispos, por exemplo: ordenação de mulheres (cf. Ordinatio sacerdotalis), comunhão aos casais de segunda união; casamento de pessoas do mesmo sexo, inseminação artificial, e até mesmo aprovação ao aborto. Há uma resistência permanente e quase automática contra tudo que vem de "Roma", como dizem.
A notória baixa espiritualidade, onde se dá pouco valor aos sacramentos, a santa Missa, a reza do Terço; a adoração ao Santíssimo, a oração da Liturgia das Horas, etc., leva a muitos leigos e padres da TL a um enfraquecimento espiritual muito perigoso. Infelizmente, conheço vários sacerdotes desse segmento que deixaram o ministério sagrado. Penso que por falta de espiritualidade.
Não foi sem razão que o Papa Bento XVI advertiu os bispos do Brasil da regional Sul 3 e Sul 4, em dezembro de 2009, sobre "os perigos da teologia marxista da libertação" e alentou os fiéis a superarem suas graves consequências. O Santo Padre disse: "As suas sequelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas". São palavras que dispensam comentários. Não poderia haver palavras mais pesadas de condenação a esta "teologia", que na verdade não é teologia, e sim sociologia, como uma vez disse João Paulo II.
Prof.Felipe Aquino
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1103866-todos-serao-bem-vindos-diz-presidente-do-paraguai-sobre-filhos.shtml
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