quinta-feira, 28 de junho de 2012

SECRETÁRIO ESTRANGEIRO?



Um diplomata estrangeiro no Vaticano?

IHU – A expressão-chave na declaração oficial do padre Federico Lombardi é “não só no âmbito romano, mas também internacional”. A escolha dos (primeiros) cinco cardeais convocados nesse sábado por Bento XVI “em virtude da sua grande e variada experiência de serviço à Igreja” responde a uma lógica bem precisa. O papa se confia a altas personalidades da “Igreja universal”, aposentadas ou não, fora de manobras e venenos dos últimos meses, para iniciar aquelas que parecem ser “consultas” sobre a Cúria e o seu governo em geral, e sobre o seu secretário de Estado em particular. Trata-se, como notava a Santa Sé, de “restabelecer” um “clima de serenidade e de confiança” com relação “ao serviço da Cúria Romana”.

A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 24-06-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A questão certamente não nasce agora, mas nas últimas semanas passou por uma aceleração. Todo o caso dos venenos, confrontos e “corvos” na Cúria, além de obscuro, foi desde o início percebido como integralmente “italiano” pelas Igrejas fora da Itália. São italianos todos os antagonistas verdadeiros ou supostos, eclesiásticos ou leigos, dentro e fora do Vaticano. Facciosos, briguentos, tanto que a intolerância entre as conferências episcopais internacionais e as nunciaturas começaram a crescer, uma revolta subterrânea à qual há alguns dias deu voz o cardeal André Vingt-Trois, arcebispo de Paris, que, não por acaso, dada a tempestade midiática, ironizava o “clima, muito habitual em Roma, de rumores e de comentários infinitos”. Mas acima de tudo, falando no rádio da sua diocese, pedia uma reforma da Cúria “inadaptada” ao funcionamento da Igreja contemporânea e, de passagem, observava que “o cardeal Bertone tem 78 anos: não há necessidade de revelações secretas para saber que a sua saída da Secretaria de Estado é previsível”.

Não é um bom momento para os cardeais e os bispos italianos de primeiro plano. Observando que, nesta situação, italianos que não têm nada a ver também correm o risco de sair do meio do caminho, uma notável fonte do outro lado do Tibre suspirava: “São muito poucos”. O único consultado pelo papa nesse sábado, o cardeal Camillo Ruini, está aposentado. Assim, ao menos duas coisas parecem certas: o próximo secretário de Estado não será italiano e será um diplomata.

Também se falou e se falará disso nas “consultas” iniciadas por Bento XVI: do Vaticano, surge que a decisão de substituir o cardeal Tarcisio Bertone já está substancialmente tomada. Fala-se de uma mudança em outubro. O secretário de Estado completa 78 anos no dia 2 de dezembro, embora, por si mesmo, não haja uma “idade de aposentadoria” para o seu papel.

Desde a sua nomeação em 2006, o cardeal Tarcisio Bertone, um estudioso de direito canônico, além disso, foi considerado como uma espécie de corpo estranho pela “ala diplomática” que, no Vaticano, sempre expressou o secretário de Estado. No verão de 2009, depois das polêmicas sobre a remissão da excomunhão aos lefebvrianos e a gestão do caso do bispo antissemita e negacionista Richard Williamson, houve um encontro em Castel Gandolfo em que cardeais como Ruini – chamado novamente nesse sábado –, Bagnasco, Scola e o austríaco Christoph Schönborn sugeriram a substituição do secretário de Estado.

Diz-se que o pontífice havia sido direto: “Der Mann bleibt wo er ist, und basta”, “o homem permanece onde está e chega”. E agora Bento XVI sempre confirmou o seu colaborador de confiança desde os tempos do ex-Santo Ofício: por último, quando as polêmicas investiram tanto contra Bertone quanto contra Mons. Georg Gänswein, e ele, no fim de maio, “renovou” publicamente a sua “confiança” nos “meus mais estreitos colaboradores”.

Mas, agora, apesar da “confiança”, a situação torna-se cada vez mais difícil. É significativo, dentre outras coisas, que a Santa Sé decidiu se dotar de um “assessor para a comunicação” na Secretaria de Estado. Poucos dias atrás, o próprio cardeal Bertone denunciou “a tentativa obstinada e repetida de separar, de criar divisão entre o Santo Padre e os seus colaboradores”, atacando particularmente os jornalistas “que brincam de imitar Dan Brown”.

As “reflexões” do papa sobre a “situação que se criou após a difusão de documentos confidenciais”, com a convocação dos cinco cardeais, mostram, porém, que o problema não é considerado apenas midiático. Mesmo aqueles que no Vaticano diziam que Bento XVI certamente queria manter o seu secretário de Estado “por toda a vida” não estão mais tão seguros assim e dizem que, no máximo, “por mais um ano ou dois”.

Mas a questão se tornou urgente, e tenta-se resolvê-la antes e sem traumas. Não se deve esquecer que Bertone também é e continuará sendo o Camerlengo da Igreja, isto é, o cardeal que tem a tarefa de guiar a “sede vacante” depois da morte do pontífice e até a eleição do sucessor.

No Colégio Cardinalício, o ingresso maciço de italianos está destinado a ser compensado no próximo consistório. E o mesmo vale para a Cúria, destinada a se tornar cada vez mais internacional. Nas “consultas”, o papa irá avaliar também o nome do futuro secretário de Estado. O perfil de um “diplomata não italiano” exclui possíveis candidatos como o cardeal Mauro Piacenza.

Um candidato “natural” à sucessão de Bertone é o arcebispo francês Dominique Mamberti, atual vice de Bertone como secretário para as Relações com os Estados, ou seja, “ministro das Relações Exteriores” da Santa Sé: o mesmo papel desempenhado por Angelo Sodano antes de se tornar secretário de Estado. Veremos.

Enquanto isso, todos esperam as palavras do papa para o dia 29 de junho, na festa dos santos Pedro e Paulo.

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

OBS> Como se vê, trata-se de realmente substituir Bertone que é o segundo na escala. Ora este cargo é ambicionado pela besta, porque se o Papa sair do Vaticano, quem assume é o Secretário de estado. A trama está dentro da Curia Romana, mas se percebe que os cardeais do mundo inteiro estão revoltados com os italianos, porque dos 30 cardeais deste grupo, apenas cinco são estrageiros. Também não se entende por que a Itália tem que ter tantos cardeais. Eis a guerra armada.

Aqui eles mencionam o arcebispo frances, Dominique Mamberti como possível candidato, e até me arrepio em ouvir este nome. Seja quem for nomeado, tem tudo para ser ele o servo da besta. Mas a coisa pode ser feita diferente e devemos deixar Deus agir e dar tempo, porque será quando e como Ele quer.

 



Aarão

Nenhum comentário: