domingo, 31 de julho de 2022

18º Domingo do Tempo Comum - O tesouro do Céu.

 meditação do dia 19/10/15 – O rico insensato | Católico, volta pra casa!

Primeira Leitura: Eclesiastes 1,2; 2,21-23

Leitura do livro do Eclesiastes – 2″Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade.” 2,21Por exemplo, um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é vaidade e grande desgraça. 22De fato, que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol? 23Toda a sua vida é sofrimento; sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 89(90)

Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.

1. Vós fazeis voltar ao pó todo mortal / quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!” / Pois mil anos para vós são como ontem, / qual vigília de uma noite que passou. – R.

2. Eles passam como o sono da manhã, / são iguais à erva verde pelos campos: / de manhã ela floresce vicejante, / mas à tarde é cortada e logo seca. – R.

3. Ensinai-nos a contar os nossos dias / e dai ao nosso coração sabedoria! / Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? / Tende piedade e compaixão de vossos servos! – R.

4. Saciai-nos de manhã com vosso amor, / e exultaremos de alegria todo o dia! / Que a bondade do Senhor e nosso Deus † repouse sobre nós e nos conduza! / Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho. – R.

Segunda Leitura: Colossenses 3,1-5.9-11

Leitura da carta de São Paulo aos Colossenses – Irmãos, 1se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; 2aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 3Pois vós morrestes e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. 4Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória. 5Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria. 9Não mintais uns aos outros. Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir 10e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento. 11Aí não se faz distinção entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, inculto, selvagem, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 12,13-21

Aleluia, aleluia, aleluia.

Felizes os humildes de espírito, / porque deles é o Reino dos céus (Mt 5,3). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 13alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. 14Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” 15E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. 16E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ 20Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ 21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”. – Palavra da salvação.

Reflexão

O Evangelho que a Igreja hoje nos propõe vem muito a calhar nestes nossos dias, pois vivemos numa sociedade para qual os bens materiais — o dinheiro, sobretudo — se tornaram a coisa mais importante, a única fonte de uma "felicidade" que parece inalcançável. Associamos o sucesso, o "bem-estar", a alegria a até mesmo a paz à posse de riquezas, a uma condição de estabilidade e relativa comodidade financeira. Não é de espantar, pois, que uma crise econômica deixe tantos corações inquietos, quase à beira do desespero. E, apesar de tudo, Deus nos dirige palavras que tanto admoestam quanto confortam a alma: "Tomai cuidado contra todo o tipo de ganância [πλεονεξίας]", isto é, contra a sanha de querer guardar e acumular coisas, "porque [...] a vida de um homem não consiste na abundância de bens." Cristo nos indica neste passo que a verdadeira vida é a vida da alma, feita para a alegria e os gozos do Céu, onde Deus será, definitivamente, nosso mais rico e inesgotável tesouro.

A perícope do rico insensato guarda, porém, algo de curioso e que nos desperta para a natureza algo misteriosa do pecado da ganância. Os demais pecados, como a gula e a luxúria, nos inclinam a desejar desordenadamente bens que são, de fato, necessários à vida individual e social: afinal, todos temos de comer e nos reproduzir; o problema está, de modo geral, no excesso a que somos levados. A avareza, por outro lado, parece manter-se sob um véu: ela não nos sinaliza com clareza a razão de querermos simplesmente acumular coisas. Ora, São Máximo Confessor ensina que podemos querer ter bens por três motivos principais: por prazer, por vaidade, ou (o que é pior) por falta de fé. Se comprar prazeres ou glórias mundanas já é ruim, querer as coisas para depositar nelas a nossa esperança é tornar-se pobre diante de Deus, é construir a casa sobre a areia das veleidades de um mundo corroído pela traça e repleto de ladrões. "Louco!", diz o Senhor ao avarento insensato, "Ainda nesta noite pedirão de volta a tua vida."

Jesus nos convida hoje a darmos o passo confiante da fé, e de uma fé firme, pela qual nos abandonamos inteiros às mãos de Deus, aos desígnios de sua Providência. É apenas nEle, nesta Rocha de salvação, que devemos construir a nossa casa; é em Deus que temos de depositar toda a nossa confiança, e não numa conta corrente polpuda. A felicidade, o mundo não a pode oferecer a ninguém, pois ela só existe no Céu, que não pode ser comprado, mas apenas conquistado por aqueles que se fazem ricos aos olhos de Deus e investem todas as suas fichas num projeto de santidade e amor.

 
 
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