quarta-feira, 27 de julho de 2022

17ª Semana do Tempo Comum - O tesouro escondido.

 Parable of the Hidden Treasure - Wikipedia
Primeira Leitura: Jeremias 15,10.16-21

Leitura do livro do profeta Jeremias 10“Ai de mim, minha mãe, que me geraste um homem de controvérsia, um homem em discórdia com toda a gente! Não emprestei com usura nem ninguém me emprestou, e contudo todos me amaldiçoam. 16Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me, elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar teu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos. 17Não costumo frequentar a roda dos folgazões e gabo-me disso; fiquei a sós, sob o influxo de tua presença e cheio de indignação. 18Por que se tornou eterna minha dor, por que não sara minha chaga maligna? Para mim te tornaste como miragem de um regato, como visão de águas ilusórias”. 19Ainda assim, isto diz-me o Senhor: “Se te converteres, converterei teu coração, para te sustentares em minha presença; se souberes separar o precioso do vil, falarás por minha boca; os outros voltarão para ti, e tu não voltarás para eles. 20Em favor deste povo, farei de ti uma muralha de bronze fortificada; combaterão contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para te salvar e te defender, diz o Senhor. 21Eu te libertarei das mãos dos perversos e te salvarei dos prepotentes”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 58(59)

Sois meu refúgio no dia da aflição.

1. Libertai-me do inimigo, ó meu Deus, / e protegei-me contra os meus perseguidores! / Libertai-me dos obreiros da maldade, / defendei-me desses homens sanguinários! – R.

2. Eis que ficam espreitando a minha vida, † poderosos armam tramas contra mim. / Mas eu, Senhor, não cometi pecado ou crime. – R.

3. Minha força, é a vós que me dirijo, † porque sois o meu refúgio e proteção, / Deus clemente e compassivo, meu amor! / Deus virá com seu amor ao meu encontro, / e hei de ver meus inimigos humilhados. – R.

4. Eu, então, hei de cantar vosso poder / e de manhã celebrarei vossa bondade, / porque fostes para mim o meu abrigo, / o meu refúgio no dia da aflição. – R.

5. Minha força, cantarei vossos louvores, † porque sois o meu refúgio e proteção, / Deus clemente e compassivo, meu amor! – R.

Evangelho: Mateus 13,44-46

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos chamo meus amigos, / pois vos dei a conhecer / o que o Pai me revelou (Jo 15,15). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45O Reino dos céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Jesus nos conta hoje duas pequenas parábolas. Na primeira, o Reino dos Céus é comparado a um tesouro escondido no campo, ou seja, que se oculta sob o véu obscuro da fé. Deus, com efeito, não se nos dá a conhecer plenamente, face a face, a rosto descoberto; Ele quer, sim, o nosso amor, mas sabe que, para que o amemos livremente, temos de aprender primeiro a confiar nEle, a tratar com Ele "como por espelho" (1 Cor 13, 12), descobrindo aos poucos o amor infinito dAquele que nos amou muito antes que pensássemos em O amar de volta. A alegria deste descobrimento, por sua vez, é descrita no Evangelho como uma renúncia da qual o Senhor mesmo é o protótipo: tendo achado no campo aquela riqueza escondida, o homem vai, cheio de júbilo, e "vende todos os seus bens e compra aquele campo", pois o próprio Cristo, embora fosse de condição divina, "não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens" (Fl 2, 7), a fim de nos comprar por seu precioso sangue (cf. 1 Cor 6, 20; 7, 23; 1 Pd 1, 18). Ele tudo fez e a tudo renunciou propter nos homines et propter nostram salutem, "por nós, homens, e para a nossa a salvação", como professamos aos domingos.

Nessa curta mas luminosa parábola, o Senhor também nos faz notar a necessidade do recolhimento para a vida interior. De fato, o homem só pode pôr-se à busca de algo oculto e escondido se também ele, com paciência e aplicação, se ocultar e esconder dos olhos do mundo, à semelhança de um explorador que, para descobrir as maravilhas de uma caverna, não receia descer até às entranhas da terra, aonde não chega sequer a luz do sol. Assim também deve ser a nossa vida de oração e relacionamento com o Senhor: "Quando orares", diz Ele aos discípulos, "entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á" (Mt 6, 6). Ora, que é este "quarto", que é este lugar "escondido" senão o nosso coração, a nossa interioridade? É lá que encontramos o tesouro oculto de que hoje ouvimos falar. Daí a necessidade da , para começarmos a buscá-lo; daí a necessidade do recolhimento e do silêncio, para conseguirmos encontrá-lo. Peçamos a Deus, pois, que nos exercite nessas virtudes e nos ajude a procurá-lo onde Ele tanto deseja habitar: no nosso coração. Que a Virgem Santíssima, Moradia consagrada a Deus, ilumine os nossos caminhos e nos ensine a amar o seu Filho como Ele quer ser amado por nós.

 

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