Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
14 7Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si.
8Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor.
9Para isso é que morreu Cristo e retomou a vida, para ser o Senhor tanto dos mortos como dos vivos.
10Por que julgas, então, o teu irmão? Ou por que desprezas o teu irmão? Todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus.
11Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará glória a Deus.
12Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
Palavra do Senhor.
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
na terra dos viventes.
O Senhor é minha luz e salvação;
de quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;
perante quem eu tremerei?
Ao Senhor eu peço apenas uma coisa,
e é só isto que eu desejo:
habitar no santuário do Senhor
por toda a minha vida;
saborear a suavidade do Senhor
e contemplá-lo no seu templo.
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
na terra dos viventes.
Espera no Senhor e tem coragem,
espera no Senhor!
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o Senhor (Mt 11,28).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
15 1Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo.
2Os fariseus e os escribas murmuravam: "Este homem recebe e come com pessoas de má vida!"
3Então lhes propôs a seguinte parábola:
4"Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas,
não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu,
até encontrá-la?
5E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo,
6e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos,
dizendo-lhes: ‘Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia
perdido’.
7Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só
pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não
necessitam de arrependimento.
8Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma
delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até
encontrá-la?
9E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: ‘Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido’.
10Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa".
Palavra da Salvação.
Reflexão
O Evangelho de hoje nos confronta com uma característica peculiar do amor de Deus para conosco: ele é essencialmente misericordioso. De fato, Deus é amor (cf. 1Jo 4, 8) e, no mistério de sua vida íntima, Ele se ama a si mesmo: as Três Pessoas da Trindade Santa, com efeito, vivem uma vida de perfeita comunhão e alegria. Elas porém não têm misericórdia entre si. É apenas ao pobre, ao indigente, ao miserável, enfim, que se pode amar com misericórdia. Trata-se, pois, de um amor entre desiguais, que vem de cima para baixo: Deus, na sua perfeição, na sua sublimidade que se basta a si mesma, lança um olhar compassivo para o homem, cheio de misérias e pecados, e o ama com um amor entranhado. E o ama a tal ponto, que o próprio Deus decide despojar-se de sua glória e vir ao encontro daquela única ovelha extraviada; a misericórdia divina move o Senhor a procurar com zelo e talvez até alguma "impaciência" aquela única moedinha, sem grande valor em si mesma, mas preciosa aos olhos daquele que tem ao seu redor uma multidão de justos.
A leitura desta 5.ª-feira, nesse sentido, revela como Deus é ativamente misericordioso. Ao contrário da parábola do filho pródigo, em que a ação do Pai fica, por assim dizer, em segundo plano, as duas histórias que Cristo hoje nos conta demonstram como Deus está constantemente à nossa procura; é, na verdade, à humanidade inteira, figurada na ovelha e no dracma perdidos, que Ele se dirige e, como fizera também àquele Adão caído, pergunta: "Onde estás?" (Gn 3, 9). Ele nos procura, sim, pois nos perdermos de nós mesmos. Foi o pecado que nos levou a estarmos onde não somos; a querer o que não podemos; a fugirmos de nós mesmos e, assim, a escondermo-nos da face do Senhor (cf. Gn 3, 8). A esta busca amorosa de Deus, que deseja trazer-nos de volta ao seu rebanho, a tirar-nos da alienação do pecado, nós somos chamados a corresponder pelo reencontro com o nosso eu verdadeiro, com aquele eu que, sem máscaras e dissimulações, se vê e reconhece claramente, que enxerga, à luz do amor de Deus, as próprias misérias. Que Ele nos conceda, pois, a alegria de, amando-o de volta, irmos pressurosos ao encontro deste Pai que se esquece de si mesmo, para que nos lembremos nós de quem realmente somos.
https://padrepauloricardo.org
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