Leitura do segundo livro dos Macabeus.
7 1Havia também sete irmãos que foram um dia presos com sua
mãe, e que o rei por meio de golpes de azorrage e de nervos de boi, quis
coagir a comerem a proibida carne de porco. 20Particularmente
admirável e digna de elogios foi a mãe que viu perecer seus sete filhos
no espaço de um só dia e o suportou com heroísmo, porque sua esperança
repousava no Senhor.
21Ela exortava a cada um no seu idioma materno e,
cheia de nobres sentimentos, com uma coragem varonil, ela realçava seu
temperamento de mulher.
22"Ignoro", dizia-lhes ela, "como crescestes em
meu seio, porque não fui eu quem vos deu nem a alma, nem a vida, e nem
fui eu mesma quem ajuntou vossos membros.
23Mas o criador do mundo, que formou o homem na
sua origem e deu existência a todas as coisas, vos restituirá, em sua
misericórdia, tanto o espírito como a vida, se agora fizerdes pouco caso
de vós mesmos por amor às suas leis".
24Receando, todavia, o desprezo e temendo o
insulto, Antíoco solicitou em termos insistentes o mais jovem, que ainda
restava, prometendo-lhe com juramento torná-lo rico e feliz, se
abandonasse as tradições de seus antepassados, tratá-lo como amigo, e
confiar-lhe cargos.
25Como o jovem não deu importância alguma, o rei
mandou que a mãe se aproximasse e o exortasse com seus conselhos, para
que o adolescente salvasse sua vida;
26como ele insistiu por muito tempo, ela consentiu em persuadir o filho.
27Inclinou-se sobre ele e, zombando do cruel
tirano, disse-lhe na língua materna: "Meu filho, compadece-te de tua
mãe, que te trouxe nove meses no seio, que te amamentou durante três
anos, que te nutriu, te conduziu e te educou até esta idade.
28Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a
terra; reflete bem: tudo o que vês, Deus criou do nada, assim como todos
os homens.
29Não temas, pois, este algoz, mas sê digno de
teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te
encontre no meio deles".
30Logo que ela acabou de falar, o jovem disse:
"Que estais a esperar? Não atenderei às ordens do rei; eu obedeço àquele
que deu a lei a nossos pais por intermédio de Moisés.
31Mas tu, que és o inventor dessa perseguição contra os judeus, não escaparás à mão de Deus".
Palavra do Senhor.
Ao despertar, me saciará vossa presença, ó Senhor!
Ó Senhor, ouvi a minha justa causa,
escutai-me e atende o meu clamor!
Inclinai o vosso ouvido à minha prece,
pois não existe falsidade nos meus lábios!
Os meus passos eu firmei na vossa estrada,
e por isso os meus pés não vacilaram.
eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis,
inclinai o vosso ouvido e escutai-me.
Protegei-me qual dos olhos a pupila
e guardai-me à proteção de vossas asas.
E verei, justificado, a vossa face,
e, ao despertar, me saciará vossa presença.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos escolhi a fim de que deis, no meio do mundo, um fruto que dure (Jo 15,16).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
19 11Como Jesus estava perto de Jerusalém, alguns
se persuadiam de que o Reino de Deus se havia de manifestar brevemente;
ele acrescentou esta parábola:
12Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar.
13Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar.
14Mas os homens daquela região odiavam-no e
enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele
reine sobre nós.
15Quando, investido da dignidade real, voltou,
mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber
quanto cada um tinha lucrado.
16Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas.
17Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades.
18Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas.
19Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades.
20Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço; 21pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste.
22Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras
te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo
o que não semeei...
23Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros.
24E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.
25Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!...
26Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem.
27Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazei-os e massacrai-os na minha presença.
28Depois destas palavras, Jesus os foi precedendo no caminho que sobe a Jerusalém.
Palavra da Salvação.
Reflexão
No Evangelho de hoje, Nosso Senhor nos conta uma parábola que diz respeito, em primeiro lugar, a si mesmo e à sua missão redentora: um certo nobre, diz, partira para uma longínqua terra, a fim de lá ser corado rei. É importante notar, aliás, que Jesus narra esta história estando quase às portas de Jerusalém; momentos antes, pois, de ser coroado de espinhos e, por sua morte, ressurreição e ascensão, sentar-se definitivamente à direita do Pai como o único e legítimo Rei do universo. Ora, do mesmo modo como o nobre da parábola confiara a alguns servos uma bolsa de dinheiro, assim também o Senhor deixou a nós, membros de sua Igreja, um precioso tesouro, o Evangelho, e uma missão inadiável, difundi-lo pelos quatro cantos da terra e ensiná-lo a todas as gentes, chamadas a formar um só rebanho no Senhor: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15), ordena aos discípulos o Messias Ressuscitado. Temos de "fazer render" o dom da fé e espalhar a luz da doutrina verdadeira, esta chama que somos chamados a portar, lançando-nos ao mundo, a fim de que o mundo, iluminado pela Palavra de Deus, veja os caminhos que conduzem à vida eterna.
O Senhor nos revela na leitura desta 4.ª-feira uma aspecto fundamental e irrenunciável da vida cristã: a vocação ao apostolado, ao anúncio da Boa-nova. Não somos nós a luz (cf. Jo 1, 8); somos, porém, a tocha de que se serve Deus para alumiar as escuridões desta humanidade perdida, extraviada, assim como os servos do nobre, embora eles mesmos não fossem ricos, receberam contudo uma soma que deveria render, dar frutos, e não ficar ociosa, "guardada num lenço." Se somos cristãos, temos, sim, o grave dever de fazer cristãos; não se trata, portanto, de uma opção ou de um passatempo: porque, tal como Cristo livremente nos procurou e quis meter-se em nossas vidas, transformando-a desde dentro, do mesmo modo Ele nos chama a levá-lo a todas as outras pessoas, a fim de reinar também em seus corações. Peçamos a Deus a graça de sermos apóstolos fiéis, zelosos pelo tesouro que nos foi confiado, e façamos nossa aquela oração de São Josemaria Escrivá: "Ó Jesus…, fortalece as nossas almas, aplaina o caminho e, sobretudo, embriaga-nos de Amor! Converte-nos assim em fogueiras vivas, que incendeiem a terra com o fogo divino que Tu trouxeste." Semeemos os dons de Cristo e ajudemos a fazer nascer para o Céu muitas outras almas.
https://padrepauloricardo.org
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