Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
6 12 Não reine, pois, o pecado em vosso corpo mortal, de modo que obedeçais aos seus apetites.
13 Nem ofereçais os vossos membros ao pecado, como
instrumentos do mal. Oferecei-vos a Deus, como vivos, salvos da morte,
para que os vossos membros sejam instrumentos do bem ao seu serviço.
14 O pecado já não vos dominará, porque agora não estais mais sob a lei, e sim sob a graça.
15 Então? Havemos de pecar, pelo fato de não estarmos sob a lei, mas sob a graça? De modo algum.
16 Não sabeis que, quando vos ofereceis a alguém para lhe
obedecer, sois escravos daquele a quem obedeceis, quer seja do pecado
para a morte, quer da obediência para a justiça?
17 Graças a Deus, porém, que, depois de terdes sido escravos
do pecado, obedecestes de coração à regra da doutrina na qual tendes
sido instruídos.
18 E, libertados do pecado, vos tornastes servos da justiça.
Palavra do Senhor.
Nosso auxílio está no nome do Senhor.
Se o Senhor não estivesse ao nosso lado,
que o diga Israel neste momento;
se o Senhor não estivesse ao nosso lado
quando os homens investiram contra nós,
com certeza nos teriam devorado
no furor de sua ira contra nós.
Então as águas nos teriam submergido,
a correnteza nos teria arrastado
e, então, por sobre nós teriam passado
essas águas sempre mais impetuosas.
Bendito seja o Senhor, que não deixou
cairmos como presa de seus dentes!
Nossa alma como um pássaro escapou
do laço que lhe armara o caçador;
o laço arrebentou-se de repente,
e assim nós conseguimos libertar-nos.
O nosso auxílio está no nome do Senhor,
do Senhor que fez o céu e fez a terra!
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai, diz Jesus, vigiai, pois, no dia em que não esperais, o vosso Senhor há de vir (Mt 24,42.44).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 12 39 disse Jesus: “Sabei, porém, isto: se o
senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não
deixaria forçar a sua casa.
40 Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem”.
41 Disse-lhe Pedro: “Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos?”
42 O Senhor replicou: “Qual é o administrador sábio e fiel
que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu
tempo a sua medida de trigo?
43 Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier!
44 Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens.
45 Mas, se o tal administrador imaginar consigo: ‘Meu senhor
tardará a vir’, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a
beber e a embriagar-se,
46 o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e
na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos
infiéis.
47 O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes.
48 Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer
coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem
muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele
mais se há de exigir”.
Palavra da Salvação.
Reflexão
Nosso Senhor continua hoje o discurso a respeito da vigilância. Ouvimos ontem a parábola do servo e do patrão; no Evangelho desta 4.ª-feira, somos apresentados a duas outras histórias: a do ladrão e a do administrador fiel. Esta última dirige-se de modo particular aos Apóstolos, quer dizer, àqueles discípulos que terão o encargo de administrar a Igreja de Cristo. Sabemo-lo, aliás, pela dúvida de São Pedro, que pergunta a Jesus se esses ensinamentos se destinam a eles, que o seguiam de perto, ou também aos demais, às turbas. Aproveitando-se desta interrogação, Jesus passa a contar-nos a parábola do administrador fiel e prudente. O texto grego nos fala, pois, de um ὁ πιστὸς οἰκονόμος ὁ φρόνιμος, ou seja: alguém que toma conta duma casa que, de resto, não lhe pertence. Este administrador, no entanto, é também um servo (δοῦλος), como nos revela o versículo 43. Estas duas passagens, lidas de forma articulada, são como que a diretiva fundamental para os que, na linha da sucessão apostólica, têm o dever de governar a Igreja: os papas, os bispos e, por fim, os padres.
Nesse sentido, Jesus indica que os servos aos quais confiou o governo da Igreja devem cuidar dela sabendo que ela não lhes pertence. É curioso notar, por outro lado, que o Evangelho de hoje, além de oferecer este princípio básico, revela também a grande e talvez principal tentação que rodeia a hierarquia eclesiástica: o mando e o desmando, o abuso de poder, a tendência a fazer da Esposa de Cristo um bem privado. A Igreja, o Evangelho, o sagrado depósito da fé são, porém, tesouros confiados aos sucessores dos Apóstolos, que, por isso, os devem custodiar e preservar intactos, inalterados. O próprio Jesus adverte que aos maus administradores estão reservadas muitas chibatadas.
O bom e fiel administrador, o bom bispo, o bom padre etc. sabe que a Palavra de Deus não é sua; portanto, não pode alterá-la para satisfazer aos ouvidos do mundo. Sabe que Missa não é obra de suas mãos; por isso, tem consciência de que não a pode rezar da maneira que quiser. Sabe também que, no tribunal da Confissão, ele, in persona Christi, deve fazer-se servo e ter em mente apenas o bem das almas e a glória de Deus. O administrador prudente, em suma, reconhece a sua pobreza de escravo; vive com generosidade a sua condição de pertença total a Deus e de serviço desprendido e desinteressado à Santa Madre Igreja. Peçamos a Nosso Senhor que conceda a estes seus vigários uma sincera e profunda fidelidade à missão de cuidar da Barca de Pedro. Que Deus lhes dê coragem para serem fiéis ao múnus recebido e, se for preciso, derramarem o próprio sangue pela incolumidade da Igreja e da fé.
https://padrepauloricardo.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário