Uma amiga disse-me: “Eu estou lendo o
livro Diário de Sta. Faustina, e nele ela sempre cita sobre o “silêncio
interior”; estou na parte em que ela fala que tem o propósito de “buscar
o silêncio interior. O que seria esse silêncio com base na fé
católica?”
Entendo este silêncio como a eliminação
de todo barulho; tudo que agita a nossa alma e que não tem importância. O
que? A concupiscência dos prazeres do corpo e da alma, e o desejo de
alcança-los; os maus desejos, as futilidades, as conversas frívolas, a
vontade de se destacar e aparecer, o gosto do aplauso, o espaço que o
nosso Eu ocupa em nossa alma… Silenciar interiormente é calar a voz do
nosso ego exigente.
Mas isso não é cair num vazio mental,
onde não pensa em alguma coisa, ou que se despreze a vida, e menos
ainda, que se fuja dela e da realidade. Não é a busca de uma paz
ilusória no vazio existencial.
Fazer este silêncio é esvaziar-se de si
mesmo, de suas vontades alheias à vontade de Deus, e ter sede de Deus,
para que só Ele encha totalmente a alma e a faça propriedade Dele. Deus é
a nossa Paz, Deus é a nossa felicidade e destino. “Ele nos fez e a Ele
pertencemos, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho” (Sl 99,3). O
silêncio interior é para que tomemos consciência disso e assumamos isso
como sentido da vida.
Sabemos que o homem é do mesmo tamanho
de seus desejos e aspirações. Cada um transforma-se naquilo que ama. O
silêncio interior deve alimentar na alma o “desejo de Deus”; a unidade
com Ele, a intimidade com Ele e o abandono em suas mãos, entregando-Lhe
todas as preocupações da vida, a ansiedade do futuro, e o desejo de
obedece-lo sempre, num ato livre e decidido. E deixar a alma descansar
na suavidade de Deus, como canta o salmista:
“Guardai-me, em paz, junto a Vós ó Senhor! (Sl 130)
“Eu vos louvarei, Senhor, de todo o
coração, todas as vossas maravilhas narrarei. Em vós eu estremeço de
alegria, cantarei vosso nome, ó Altíssimo!” (Salmo 9,2-3).
“Sois o meu Senhor, fora de vós não há
felicidade para mim… Senhor, vós sois a minha parte de herança e meu
cálice; vós tendes nas mãos o meu destino” (Sl 15,2).
“Senhor, sois vós que fazeis brilhar o meu farol, sois vós que dissipais as minhas trevas. (Sl 17,29).
Prof. Felipe Aquino
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