sexta-feira, 21 de agosto de 2015

LITURGIA DIÁRIA - AMARÁS O SENHOR TEU DEUS E AO TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Primeira Leitura (Rt 1,1.3-6.14b-16.22)

Início do Livro de Rute.
1No tempo em que os juízes governavam, houve uma fome no país e um homem de Belém de Judá foi morar nos campos de Moab com sua mulher e seus dois filhos. 3Entretanto, morreu Elimelec, marido de Noemi, e esta ficou sozinha com seus dois filhos. 4Eles casaram-se com mulheres moabitas, uma das quais se chamava Orfa, a outra, Rute. E ali permaneceram uns dez anos. 5Depois morreram também os dois, Maalon e Quelion e a mulher ficou só, sem os dois filhos e sem o marido. 6Então ela se dispôs a voltar do campo de Moab para a sua pátria com as duas noras, porque tinha ouvido dizer que o Senhor havia olhado para o seu povo, e lhe tinha dado alimentos.
14bOrfa beijou sua sogra e partiu. Rute, porém, ficou com Noemi. 15Esta disse-lhe: “Olha, tua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vai com ela”. 16Mas Rute respondeu: “Não insistas comigo para que te deixe e me afaste de ti. Porque para onde fores irei contigo, onde pousares, lá pousarei eu também. Teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus”. 22Assim Noemi voltou dos campos de Moab, acompanhada de sua nora Rute, a moabita. Regressaram a Belém, quando começava a colheita da cevada.

Responsório (Sl 145)

Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

— É feliz todo homem que busca seu auxílio no Deus de Jacó, e que põe no Senhor a esperança. O Senhor fez o céu e a terra, fez o mar e o que neles existe.
Faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos.
O Senhor abre os olhos aos cegos o Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo. É o Senhor quem protege o estrangeiro.
Ele ampara a viúva e o órfão mas confunde os caminhos dos maus. O Senhor reinará para sempre! Ó Sião, o teu Deus reinará para sempre e por todos os séculos!

 
Evangelho (Mt 22,34-40)

O Senhor esteja convosco.
Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 34os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36”Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37Jesus respondeu: “ ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ 38Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

Reflexão
 
Este Evangelho conta que os fariseus fizeram uma pergunta a Jesus para experimentá-lo porque, no pensar deles, a pergunta era muito difícil de ser respondida: “Qual é o maior mandamento da Lei?” A provocação foi muito benéfica a nós, porque assim Jesus nos explicou qual é o maior mandamento de Deus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração... e ao teu próximo como a ti mesmo”. Não é só mandamento, é vida e felicidade para nós. Fomos criados para isso, e só encontramos paz amando a Deus e ao próximo.
Havia uma eterna discussão entre eles sobre qual é o principal mandamento de Deus; se é amar a Deus ou amar o próximo. Jesus une os dois.
Deus merece ser amado, devido à criação, através da qual ele demonstra um infinito amor a nós; devido à sua providência, cuidando de nós nas vinte e quatro horas do dia. Deus é o nosso criador e é ele que nos mantém com vida, a cada instante. Se ele retirasse sua mão de sobre nós, voltaríamos ao nada, de onde saímos. O nosso pai carnal é uma pálida figura do nosso grande Pai que é Deus.
A Redenção é o maior gesto de amor de Deus a nós. Um amor que perdoa e sabe relevar as nossas fraquezas, não deixando de nos amar quando o ofendemos. Ele vai atrás, insiste, sempre respeitando a nossa liberdade.
Deus nos criou para conhecê-lo, amá-lo e servi-lo na terra, e gozar com ele no céu. Feliz de quem entende essa frase do catecismo e a vive. Os egoístas invertem: Deus nos criou em primeiro lugar para gozar aqui na terra. Isso porque os egoístas não entendem o mistério da cruz. Quando deixam a Igreja e partem para alguma seita, porque ali podem usufruir mais de Deus aqui na terra! A indústria da fé é uma das maiores invenções do homem moderno.
Precisamos amá-lo sobre todas as coisas, colocando os seus mandamentos acima de tudo: de pessoas, de bens materiais, até da nossa vida material. Amar a Deus sobre todas as coisas é amar a Jesus Cristo, que hoje está presente em seu Corpo Místico. “O segundo é semelhante a esse: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Apesar de o fariseu ter perguntado “qual é o maior mandamento da Lei”, isto é, perguntado sobre um mandamento, Jesus citou dois, porque os dois são intimamente unidos e não se separam. Eles se entrelaçam de tal modo que ninguém consegue praticar um sem praticar o outro. Eles são desdobramentos de uma só realidade, o amor. “Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). O amor é a maior força que existe no mundo, pois é o próprio Deus.
“Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e seu amor em nós é perfeito” (1Jo 4,12).
“Se alguém disser: eu amo a Deus, mas odeia seu irmão, é um mentiroso, pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20). A ligação íntima entre o amor a Deus e ao próximo desautoriza certas formas alienantes de “espiritualidade” que muitas vezes não passam de uma busca disfarçada de auto-realização, mas que jamais leva a um compromisso com a transformação do mundo em que vivemos. Não é possível amar a Deus sem amar o próximo.
S. João Evangelista nos explica o que é amor: “Jesus deu a vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos. Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas diante dele fecha o seu coração, como pode o amor de Deus permanecer nele?” (1Jo 3,16-17).
Quem ama só faz o bem e só deseja o bem. Quem ama lê no coração o que as palavras não conseguem expressar.
O pecado rebaixa, avilta e corrói o amor, desviando-o do seu sentido autêntico. Basta ver a expressão “fazer amor” e o sentido da palavra amor na maioria das novelas e filmes.
Nós passamos a vida toda correndo atrás do amor. Ele é a motivação fundamental de todos os nossos atos. É o amor que traz alegria e gosto de viver. Para quem ama, não existe monotonia. Pode viver cem anos ao lado de alguém, que cada dia é novo e nunca se cansa. Cada dia o vê diferente, como um filme. Isso porque o amor é infinito.
O amor é difusivo; ele não fica só na pessoa que ama nem só na pessoa que é amada, mas passa para os demais e vai criando uma Comunidade de amor, que chamamos de ágape.
Está portanto diante de nós o desafio de amar sempre, tanto a Deus como ao próximo, e através do amor transformar o mundo.
Certa vez, na antiguidade, havia um rei que não acreditava na bondade de Deus. Tinha, porém, um servo que sempre o lembrava desta verdade. Em todas as situações, o servo dizia: “Meu rei, não desanimes, porque Deus é bom”. Um dia, o rei saiu para caçar, e levou aquele servo. Lá no mato, uma fera atacou o rei. Ele lutou, lutou e conseguiu livrar-se do animal, mas perdeu um dedo da mão. O rei, furioso pelo que havia acontecido, perguntou ao servo: “E agora, o que você me diz? Deus é bom? Se fosse bom não teria permitido que eu perdesse este dedo!” O servo respondeu: “Meu rei, isso é para o seu bem!” Irritado, ao voltarem para o palácio, o rei mandou prender aquele servo. Após algum tempo, o rei voltou novamente à mata para caçar. Aconteceu que desta vez foi atacado por índios, que o levaram para a aldeia. Aqueles índios costumavam oferecer sacrifícios humanos para as suas divindades. Sem saberem que era o rei, pois não entendiam a sua língua, resolveram oferecer aquele prisioneiro em sacrifício. Mas, quando estava tudo preparado, e o rei já estava diante do altar do sacrifício, o pajé, ao examinar a vítima, disse a todos: “Este homem não pode ser sacrificado, pois é defeituoso. Falta-lhe um dedo”. E o rei foi libertado. Quando chegou ao palácio, muito alegre e aliviado, o rei libertou o seu servo, abraçou-o afetuosamente e lhe disse: “Meu caro, Deus foi realmente bom para mim. Você tem razão!”
Deus é muito bom para nós, por isso merece ser amado sobre todas as coisas. O seu amor está demonstrado em cada criatura e em cada acontecimento da nossa vida.
Maria Santíssima cumpriu com generosidade esses dois mandamentos. Mãe do Belo Amor, rogai por nós!








Pe Queiroz



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