Há imagens
que falam!
Sim, as imagens falam, não por meio de palavras, mas
comunicam pensamentos, propiciam reflexões, convidam à consideração dos
aspectos mais altos de nossa existência.
Através das imagens, podemos transcender para aquilo que um olhar superficial não alcança, mas que a observação mais atenta nos faz aprender e voar.
Contemple esta Imagem aqui publicada: Nosso Senhor Jesus Cristo, flagelado.
A ela bem se poderia aplicar, por
excelência, as palavras do Profeta Isaias: Homem das dores,
experimentado nos sofrimentos (Is 53, 3).
Homem das dores: sofreu em seu Corpo
adorável açoites crudelíssimos, bofetadas e cusparadas, a coroação de
espinhos, os pregos na Cruz.
Seria possível sofrer mais no corpo do que Jesus sofreu?
Poderia alguém ter suportado maior sofrimento moral do que Jesus?
Com poesia e dramaticidade, inspirado
pelo Espírito Santo, o Salmista canta: "Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonastes? [...] Eu, porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio
de todos e a abjeção da plebe [...] Não fiqueis longe de mim, pois estou
atribulado [...] Minha garganta está seca qual barro cozido, pega-se no
paladar a minha língua, vós me reduzistes ao pó da morte. [...] Sim,
rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores.
Traspassaram minhas mãos e meus pés: poderia contar todos os meus
ossos." (Sl 21, versículos 2, 7, 12, 16, 17).
Esta Imagem fala! Ela está a nos falar. Contemple-a.
Certamente, nos encantamos com a divina
figura -esplendorosa- do Salvador quando se transfigurou no Monte Tabor,
ou na sua gloriosa Ressurreição. Ela nos enche de entusiasmo.
Mas, não seria bem o caso de nos
perguntarmos a nós mesmos como estará nosso entusiasmo frente esta
imagem dolorosa do Divino Redentor? Creio que sim...
"Nessa divina tragédia verei estampada a
feiura e a maldade de meus pecados. A enorme quantidade de minhas
faltas me confundirá de começo ao fim. Vós Vos tornastes um verme, foi
possível contar Vossos ossos, morrestes por causa de meus pecados. ´Ó
vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à
dor que me atormenta` (Lm 1, 12)". ¹
Peçamos à Mãe Dolorosa que tenhamos o
entusiasmo para todos os aspectos do Seu Divino Filho e, portanto, não
sejamos indiferentes às suas dores e sofrimentos morais, que Ele os
teve, por causa de nossos pecados.
Peçamos a força de não fugirmos da Cruz, mas que a abraçemos com o mesmo amor que Nosso Senhor tomou em Seus ombros.
E sejamos cheios de gratidão por tanto amor para com que o Varão das dores nos dedicou.
Santa
Teresa de Jesus no seu livro da Vida- capítulo 8 e 9, conta-nos de que modo o
Senhor começou a despertar a sua alma, dando-lhe luz em tão grandes trevas, e a
fortalecendo nas virtudes para não ofendê-lo; escreve: “ Eu desejava viver, pois bem entendia que
não vivia, combatendo, em vez disso, uma sombra da morte, sem que ninguém me
desse vida e sem poder consegui-la eu mesma; e quem podia dá-la a mim tinha
razão para não socorrer-me; pois tantas vezes me chamara a Si e outras tantas
fora abandonado. ( Livro da vida – Cap. 8,12 ) ... “A minha alma já estava
cansada e, embora quisesse, seus maus costumes não a deixavam descansar.
Aconteceu-me de, entrando um dia no oratório, ver uma imagem guardada ali para
certa festa a ser celebrada no Mosteiro. Era um Cristo com grandes chagas que
inspirava tamanha devoção que eu, de vê-lo, fiquei perturbada, visto que ela
representava bem o que Ele passou por nós. ( Esta imagem, que não representa,
como disseram alguns, Jesus preso à coluna, mas um tristíssimo e terno Eccehomo
– “Eis o Homem”, ainda é venerada no Mosteiro da Encarnação de Ávila
“ – nossa foto neste artigo ).
Foi
tão grande o meu sentimento por ter sido tão mal-agradecida àquelas chagas que
meu coração quase se partiu; lancei-me a seus pés, derramando muitas lágrimas e
suplicando-lhe que me fortalecesse de uma vez para que eu não O ofendesse. “ (
Livro da vida – Cap. 9,1 ) .
“ Ele
é as Chagas de minhas chagas purulentas, que se tornaram Chagas Benditas, que
me curam e me traz salvação !”
Nossas
chagas... em seu corpo Santo...
“ O amor e a dor são a mesma coisa.”
“ Meu
Jesus, sofreste por mim porque me amaste, e me amaste porque sofreste por mim.
Amaste-me gratuitamente. Teu amor não tinha nenhuma utilidade, nenhuma
finalidade. Não sofreste para me redimir, mas para me amar e por me amar.
Não
tens outras razões a não ser as do amor; a razão da sem-razão do amor chama-se
gratuidade.
Ani Ledodi Vedodi Li
Nenhum comentário:
Postar um comentário