quarta-feira, 22 de junho de 2011

A OVELHA PERDIDA.


Lucas, (Lc 15, 3-7)


Naquele tempo, 3Jesus contou aos escribas e fariseus esta parábola: 4"Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: 'Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!' 7Eu vos digo: assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão". Palavra da Salvação!


Outras Leituras Relacionadas ao Evangelho: 1Sm 17, 34-36; Ez 34, 11-16; Is 40,11; 2Sm 12, 1-4

Comentando o Evangelho

O amor pelos transviados

A parábola da ovelha desgarrada evidencia, de maneira excelente, o que se passa no coração de Jesus: seu extremo amor pelos pecadores e marginalizados.

O pretexto da parábola foi dado pela murmuração dos escribas e fariseus diante da liberdade com que Jesus convivia com os pecadores e gente de má fama. Parecia-lhes inconveniente que um rabi pudesse permitir-se tal comportamento. A prudência aconselhava distância e reserva em relação a este tipo de pessoas. Rejeitados por Deus, deviam sofrer também a rejeição de seus semelhantes. Este seria o preço do seu pecado!

Sem se importar com tais preconceitos, Jesus seguia na direção contrária. E se sentia bem, exatamente quando se encontrava na companhia dos excluídos, pois por causa deles tinha sido enviado pelo Pai. Sua ação pautava-se por princípios diferentes daqueles de seus adversários. Ele bem sabia que "o Pai não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva". E mais: e maior motivo de alegria no céu a conversão de apenas um pecador, do que a vida piedosa de noventa e nove pessoas, tidas como justas, sem necessidade de conversão". Sendo assim, a convivência com os pecadores corresponde a um dever de Jesus. Seu amor misericordioso deve ser manifestado a eles, de modo particular. E só quem se sabe carente do amor de Jesus, será capaz de conhecer a grandeza de seu coração. [Evangelho Nosso de Cada Dia, Pe. Jaldemir Vitório, ©Paulinas, 1997]
Para sua reflexão: Temos aqui a figura do rei pastor que vai à luta para resgatar uma ovelha (1Sm 17, 34-36) e a grande exposição de Ezequiel (em particular Ez 34, 11-16). As noventa e nove ficam em lugar seguro. Leva a ovelha nos ombros (como em Is 40, 11). É um por cento da sua propriedade; no entanto, alegra-se com uma alegria comunicativa e incontida, como se tivesse com a ovelha uma relação pessoal e não simplesmente econômica. É a alegria que sobre até o céus. A frase é audaz: no céu se festeja o acontecimento. (Bíblia do Peregrino)

O amor que salva os que não amam

A figura do pastor perdeu seu sentido no mundo moderno; para os antigos - e, para certas populações, ainda hoje - era cheia de significado e muito sugestiva. Nosso erro é o de nos determos mais nos elementos externos da figura do que naquilo que lhe é intimamente próprio. Ora, é nestes elementos que a Bíblia fixa seu olhar quando vê Deus como "pastor" do seu povo, do seu "rebanho". Alguns quadros nos parecem descritos com cores forçadas, porque neles Deus é mais diretamente representado sob os traços de pastor do que o pastor como figura de Deus. E este, particularmente, o caso dos trechos escolhidos para a solenidade do Coração de Cristo.


Deus cuidará dos pequeninos e dos fracos como um dedicado pastor Que significa um povo mal governado, indefeso, desnutrido? Não é fácil percebê-lo, porque muitos males são encobertos com pudor pelos que deles sofrem, outros são como que sufocados por quem os provoca. E mais fácil ver isso num símbolo. E aí está a imagem do rebanho, explorado pelos que deveriam ser seu guia e sua defesa.

Deus faz saber, pelos lábios de Ezequiel, que irá cuidar ele mesmo do seu povo, como um pastor dedicado e prudente; reunirá os dispersos, irá conhecê-los um por um, cuidar das suas feridas, curar os enfermos, afastar os maus pastores; garantirá boas e abundantes pastagens, ovil seguro e repousante, vigiará na defesa, irá em busca dos desgarrados e os reconduzirá ao redil, apascentará seu rebanho com justiça .

A imagem é transparente; sob seus traços é representado o Deus, bom pastor, que cuida do seu povo, para salvá-lo das explorações dos que o oprimem em lugar de governá-lo, para conduzi-lo ao bem-estar a que tem direito o povo amado por Deus. O quadro tem um valor simbólico perene; não é apenas representada a passagem da antiga para a nova aliança, mas a cena viva é uma admoestação, uma mensagem de como deve agir quem, em qualquer grau ou modo, é colocado como guia dos outros. Do "rebanho" bem conduzido e apascentado ergue-se o canto de agradecimento ao seu pastor .


O amor de Deus manifestou-se quando os homens lhe eram inimigos

Esta é a grande "esperança" que não decepciona, afirma são Paulo. Deus nos amou precisamente quando éramos pecadores; Cristo morreu pelos ímpios. Pensemos bem, diz o apóstolo: jamais se viu coisa semelhante. Será bem difícil encontrar quem faça um ato de heroísmo em favor de uma pessoa boa, até chegar a morrer por ela. Isto ainda poderá acontecer; mas que alguém morra por um malvado?! No entanto, Deus nos deu esta prova de amor, porque Cristo morreu precisamente quando os homens eram pecadores; morreu para libertá-los do pecado.

E agora, que dizer? Podemos ainda ter medo de Deus? Se fomos reconciliados quando éramos inimigos, e reconciliados pelos sacrifícios voluntários de Cristo, agora que estamos "reconciliados", sua vida é a nossa salvação. Cristo "ressuscitou" para comunicar-nos a sua vida. Ainda mais, tudo isto é uma glória para nós.

A manifestação de Cristo num século de indiferentismo e frivolidade, de ostentação de riquezas e desprezo da pobreza não perdeu absolutamente a força de seu discreto apelo: "Eis o coração que tanto amou os homens!" Não estamos convencidos? Que importa isto para a vida? Cabe a cada um de nós dar a resposta; não uma resposta individual apenas, mas coletiva, eclesial. Há perigo hoje de se considerar sentimental uma devoção que tem por objeto o amor do coração de Cristo por nós; para tirar-nos a ilusão seria preciso considerar como é forte o amor de Paulo e de João por Cristo.


Deus busca com amor os extraviados, os pecadores

O homem traído, em geral se vinga. Deus também o faz, mas a seu modo. Mostra o maior amor misericordioso, isto é, um amor que se derrama exatamente onde há mais miséria, vai em busca de quem o abandonou, o ultrajou e traiu. Só Deus sabe avaliar o mal que é o pecado, e só ele, que é bondade e tudo pode, quer e pode libertar-nos. Tomando para si a imagem do pastor, Jesus afirmou que ele mesmo vai solicitamente em busca da ovelha desgarrada e a reconduz ao ovil com alegria . No evangelho de Lucas, depois desta parábola segue-se a da moeda perdida e encontrada pela mulher que possuía apenas dez moedas, e em seguida a cena do filho pródigo. A conclusão é sempre a mesma: Deus faz festa por um pecador que se converte, mais do que por muitos justos que não têm necessidade de converter-se. É o amor que se alegra em salvar, se alegra por ter salvo. Assim é o amor de Deus que se encarnou em Cristo Devemos perguntar-nos a nós mesmos se procuramos nos aproximar daquele que nos ofendeu, apertar a mão de quem nos maltratou, abraçar como amigo alguém que nos traiu.



O coração de Jesus é largo, grande, mais que suficiente: deixa-nos

abarcar no seu amor e ser abraçados por Ele. (Frei Edrian Pasini)




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