sexta-feira, 17 de junho de 2011

FAZEI TUDO QUE ELE VOS DISSER.

Antes de continuar a leitura desta página, peça o auxílio do Espírito Santo, aquele que inspirou os autores sagrados a escreverem aquilo que Deus quis, para que você entenda o que e para que foi escrito. O objetivo desta seção é levá-lo a ler e meditar com a Palavra de Deus através do antigo e comprovado método da Lectio Divina que consiste em quatro passos: leitura, meditação, oração e contemplação.

Retomemos hoje a passagem sobre o milagre de Caná, a transformação da água em vinho naquela festa de casamento. Todos sabem que foi graças a Maria, sua mãe, que Jesus realizou este primeiro “sinal”. O evangelista São João quis mostrar que a missão de Nossa Senhora estava intimamente ligada à de seu Filho, tanto neste momento como aos pés da cruz (cf. Jo 19,25-27).

Leia com atenção, à meia voz, Jo 2,1-11. A passagem é muito conhecida e, talvez, você já a tenha lido e ouvido várias vezes. Muitas pregações e explicações já foram dadas sobre ela, levando-o a pensar que não poderíamos tirar algo novo. Mas isso não acontece com a Palavra de Deus. Assim como nunca entramos num mesmo rio, pois as águas estão sempre se renovando, assim também nunca ouvimos da mesma forma a Palavra do Senhor. Ela tem um poder próprio que realiza aquilo para o qual foi enviada e não retorna para Deus sem ter cumprido sua missão (cf. Is 55,10-11).

“E a mãe de Jesus estava lá.” Veja este final no primeiro versículo. São João ressalta a presença da mãe de Jesus neste acontecimento, que marca, assim, o início dos milagres do seu Filho. Maria estava não somente lá, naquele casamento, também acreditamos que continua presente nos casamentos e nos lares de todos os cristãos. Quantas vezes ela já não intercedeu pelos casais em dificuldades?

Reveja em sua vida, se for casado ou na de seus pais, se nos momentos difíceis você não diria também: “... a mãe de Jesus estava lá”. Perceba que o versículo 2 diz que “Jesus foi convidado e os discípulos também”, mas de Maria somente diz, no versículo anterior, que “estava lá”. Ela era íntima dos noivos, como se deduz de suas atitudes. Não precisou de convite: “... a mãe de Jesus estava lá”.

Na cruz, Jesus vai dá-la a nós: “Eis a tua mãe” (Jo 19,27). Maria está em nossa vida como mãe de Jesus e, ao mesmo tempo, como nossa mãe. Ao lembrar os momentos difíceis podemos dizer: “A minha mãe estava lá”. “Obrigado, Senhor, por esta mãe amorosa que nos deste! Obrigado, mãe, pelo teu cuidado maternal e porque estás sempre a interceder por nós!”

Continuemos com o versículo terceiro. Você notou que neste versículo por três vezes diz que não havia vinho? A situação ficara dramática e o evangelista retrata a aflição, repetindo que o vinho do casamento tinha se acabado. Era o fim da festa: uma vergonha para os noivos e um constrangimento para os convidados. Maria percebe e se antecipa. Ela conhece o Filho, não porque ele tivesse feito outros milagres, mas por uma intimidade única que ninguém jamais teve ou terá com Jesus. Um simples olhar, entre eles, era suficiente.

O amor do Filho obediente ao Pai, que viera por amor aos homens, era de tal forma partilhado pela mãe que, quando esta passou a ser discípula, o foi de modo insuperável. O amor que havia na família de Nazaré não pôde mais ficar contido e transbordara. Quando o Filho saiu para anunciar o Reino, a mãe começou a assumir a todos com amor materno, como seria selado definitivamente aos pés da cruz. O vinho do casamento acabara, mas não o amor. A mãe de Jesus estava lá. E o relógio de Deus antecipa a hora do Filho. Diante daquela afirmação de Jesus: “A minha hora ainda não chegou”, Maria diz simplesmente aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

Por que Jesus atendeu ao pedido de sua mãe, antecipando sua hora? Para mim, foi por causa do amor. Do amor da mãe que viu as necessidades dos noivos; do amor que Jesus tinha pelos homens que um dia beberiam o vinho, lembrando-se dele mesmo, pois o vinho se tornaria o seu sangue, sangue da Nova e Eterna Aliança; do amor do Espírito que faz novas todas as coisas; do amor do Pai que sabe de tudo o que temos necessidade antes de o pedirmos, e que foi do seu agrado dar-nos o Reino. A hora de Jesus foi antecipada pelo “Fazei...” de Maria. Se em Nazaré, pelo seu “Fiat voluntas Tua” – “Faça-se em mim segundo a tua vontade” – iniciava-se a “plenitude dos tempos”, em Caná, com aquele “Fazei...”, Maria colabora para o início da hora de Jesus, a “manifestação da sua glória para que os discípulos cressem nele” (Jo 2,11). A fé e o amor juntaram-se e a esperança do Reino se concretizara. Fé, esperança e amor, sendo que o maior é o amor.

Oração

Sua oração pode começar assim: “Eu te louvo ó Pai, Senhor do Céu e da terra, porque o teu amor preenche tudo o que existe, e nada está fora do teu amor. Eu te louvo pelas tuas criaturas e, em especial, pela mais bela de todas, a mãe de Jesus que me deste por mãe. Eu te louvo por Maria, a toda santa, a toda bela, a toda pura. Eu te louvo, ó Pai, pela água e pelo vinho e por todos os teus dons que em tua sabedoria nos dás para alegrar-nos e para o louvor da tua glória. Obrigado, Abbá, paizinho, por ti mesmo e pelo que és... E eu te peço, ó mãe, ensina-me a fazer tudo o que Jesus, teu Filho, disser...”

A contemplação dos mistérios de Deus é uma graça, um dom gratuito, que requer apenas uma atitude de recolhimento, abertura, aceitação, abandono e confiança na misericórdia divina. Não é por mérito, mas pelo infinito amor de Deus que ama e não sabe senão amar.

Lembre-se de anotar em seu caderno tudo o que Deus mostrou para você. Que o Senhor o faça perseverar em seu caminho!






por José Ricardo Bezerra, Consagrado da Comunidade de Aliança Shalom *
Comunidade Shalom

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