quarta-feira, 15 de junho de 2011

OBRA DO ESPÍRITO.

Após 50 dias da celebração da Páscoa, os hebreus a prolongavam com a comemoração de Pentecostes: festa das colheitas dos frutos da terra prometida. Cristo deu novo significado aos referenciais da história da salvação. Ele é a verdadeira e definitiva Páscoa, passagem da morte à vida, vencendo a morte na cruz e manifestando a vida plena da ressurreição.

Jesus se manifesta aos discípulos na madrugada na qual ressuscita doando-lhes o Espírito, dom que recebeu do Pai. Transmite-lhes o legado da Páscoa, o Espírito no qual ressurreto. Assim Jesus continuará a sua missão de salvar a humanidade, estabelecendo a paz, o amor e a união entre os filhos e filhas de Deus, superando o pecado e todo mal (Jo 20, 19-23).

Pentecostes, a festa das colheitas e oferta das primícias, significava um misto de gratidão a Deus e de união fraterna; o congraçamento e concorporação do povo que habitava e trabalhava em várias partes. Povo espalhado, trazendo as primícias, primeiros frutos da colheita à cidade sagrada, Jerusalém. O cenário inspira os preceitos da liturgia ritual: uma profunda vivência da unidade fraterna e da partilha solidária.

Em Pentecostes, o Espírito se manifesta como sinal característico do amor e da unidade. O batismo no Espírito que Jesus prometeu agora se evidencia ao agregar na unidade e no amor todos os povos. Eles formarão a Igreja de Cristo, testemunha do Evangelho de Jesus e seus valores. Igreja que deverá estar disponível para servir e doar vida tal como o mestre.

Em Atos dos Apóstolos (At. 2,1 s), após a morte e a ressurreição de Jesus, os seus discípulos, que se agregaram restaurando a imagem negativa da covardia medrosa, se dispersaram na hora da paixão e da morte de cruz abandonando o mestre, exceto João.

Não obstante intimidados pelo medo de perseguições por parte das autoridades judaicas e romanas, agora se articulam. Jesus no estado de ressurreto lhes comunica alento, vigor, audácia, coragem, devendo alcançar o mundo inteiro chamando todas as raças, nações, línguas, culturas.

Imagino hoje, ante a pluralidade de ofertas e buscas de felicidade, centradas em concretizações materiais. Muitas vezes busca-se um tipo de felicidade desprovida de valores humanitários, transcendentes. Como anunciar Cristo e a vida nova no Espírito, hoje? Como abordar um adolescente obcecado com a variedade tecnológica de última geração?

Como testemunhar valores do Evangelho nos centros de decisão política e econômica, anunciando referenciais para a convivência solidária e fraterna? Como anunciar a vida nova no Espírito de tal forma que incida no modo dos relacionamentos familiares e sociais, e como podemos nos tratar com maior respeito e dignidade humana?

É obra do Espírito que age em nosso interior comunicar-nos os dons de unidade, amor, sabedoria, inteligência, benignidade, mansidão, fortaleza, conselho, piedade, ciência, longanimidade... Um fato é certo: onde está o Espírito aí está a disponibilidade para ir ao encontro e promover a unidade na caridade. Quem se abre ao Espírito, como Maria, torna-se serviçal e disponível para toda iniciativa. Os frutos virão ao seu tempo. A nós cabe semeá-los. A obra é dele e seu mérito também.

Por: Dom Aldo Pagotto



Fonte: CNBB

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