Álcool permitido: adolescentes que bebem apenas em ocasiões especiais, mesmo que supervisionados pelos pais, acabam consumindo mais álcool quando adultos (Thinkstock)
Adolescentes que consomem bebidas alcoólicas apenas na presença dos pais podem acabar fazendo uso abusivo da bebida anos depois. De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of Studies on Alcohol and Drugs, ao autorizar os jovens a beberem apenas na presença de um adulto, os pais acabam incentivando o consumo de álcool.
“É preciso que os pais cumpram o papel de pais, não de colegas de bebedeira”, diz Barbara J. McMorris, coordenadora do estudo e pesquisadora da Universidade de Minnesota, nos Estado Unidos. Segundo a especialista, autorizar o adolescente a beber apenas quando há um adulto por perto pode levar a uma percepção confusa quanto ao que se deve ou não fazer. “Os adultos precisam ser bem claros quanto às mensagens que passam aos filhos”, diz.
De acordo com o estudo, é importante que o adolescente receba apenas uma orientação quanto ao consumo da bebida. O ideal é, então, que os jovens não sejam autorizados a beber em nenhuma circunstância. “A mensagem tem de ser direta, como a diferença entre preto e branco. É isso que vai reforçar quais são os limites que o adolescente terá quando, já mais velho, se deparar com oportunidades mais frequentes de beber”, diz Barbara.
Educação alcoólica – No geral, os pais tendem a ter duas posturas quanto ao consumo de álcool pelos filhos. Alguns permitem que o jovem consuma pequenas quantidades em ocasiões especiais, desde que um adulto esteja presente. O objetivo, nesses casos, é de que ele aprenda a beber de forma responsável ao ser introduzido ao álcool de maneira contida. Esse tipo de atitude é comum em países como a Austrália.
Uma segunda postura, mais frequente nos EUA, é a da tolerância zero, onde o jovem não pode beber sob circunstância alguma.
Para testar como essas duas abordagens se relacionam com o consumo de álcool pelos adolescentes, a equipe coordenada por Barbara avaliou mais de 1.900 alunos, do sétimo ano (relativo ao oitavo ano do ensino fundamental no Brasil) ao nono ano, da Austrália e dos Estados Unidos.
No oitavo ano, quando os adolescentes tinham entre 14 e 15 anos, 67% dos australianos e 35% dos americanos haviam bebido na presença de um adulto – o que comprovou o tipo de educação alcoólica mais comum em cada local. No nono ano, 36% dos australianos e 21% dos americanos tinham passado por alguma conseqüência perigosa da bebida – como sentir-se incapaz de largar o copo, se envolver em brigas ou ter amnésias alcoólicas.
O estudo afirma, então, que, independentemente do país de origem, aqueles jovens que puderam beber na presença de um adulto na oitava série acabaram consumindo quantidades maiores de álcool no ano seguinte. Os pesquisadores sugerem que os pais adotem a “tolerância zero” em relação a bebidas para adolescentes jovens.
carmadélio
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