quinta-feira, 9 de junho de 2011

EU CREIO NA IGREJA. E VOCÊ?

Com o presente texto, iniciamos uma nova série de doze artigos dentro da sessão “Fé e Razão”, e desta vez falaremos sobre a Igreja. Evidentemente não poderemos nem pretendemos escrever um tratado de Eclesiologia, mas teremos a oportunidade de aprofundar alguns temas diretamente ligados à Igreja Católica para melhor conhecê-la, amá-la e servi-la.

A palavra “Igreja”, (“ekklésia”), vem do grego “ekkaléin” (chamar fora) e significa “convocação”. No AT, o qahal indicava a assembleia do povo eleito reunida diante de Deus, especialmente a assembleia do Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por Deus como o seu povo santo. Para os gregos, a ekklesia é uma assembleia sociopolítica, mas no NT este termo recebeu uma conotação sacra.
No AT o termo qahal era aplicado somente quando o povo encontrava-se reunido para o culto, terminada a assembleia santa, os israelitas continuavam sendo “Povo de Deus”, mas não “Igreja de Deus”. Já o povo da nova Aliança, traz consigo esta novidade: mesmo estando espalhado no mundo inteiro, ele é sempre “ekklesia toû Theoû”, convocação do Pai, por Cristo, no Espírito Santo; convocação que através de Cristo e no Espírito dá ao Pai a honra e o louvor. É neste sentido que Paulo se dirige aos Coríntios, endereçando as duas cartas “à Igreja de Deus que está em Corinto” (1Cor 1,2; 2Cor 1,1).

Mas será que é realmente possível crer na Igreja e amá-la?

Vejamos: Quando São Paulo se dirigia a Damasco para prender os cristãos, o Senhor lhe apareceu no caminho e perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” E Paulo: “Quem és tu, Senhor?” E o Cristo ressuscitado respondeu: “Eu sou Jesus, que tu persegues” (At 9,4s). O Senhor ressuscitado identifica-se com os cristãos perseguidos, com os membros da sua Igreja. Portanto, a expressão paulina da Igreja como Corpo de Cristo (cf. 1Cor 12,27; Ef 4,12) não é um modo de falar metafórico ou figurado, como poderia ser para a filosofia antiga ou para o pensamento popular, mas é uma realidade. Cristo é a Cabeça deste Corpo que é a Igreja, e os cristãos, através do Batismo, são os membros.
As Sagradas Escrituras nos apresentam, além de “Corpo de Cristo”, várias imagens para exprimir a realidade da Igreja, e a Constituição Dogmática sobre a Igreja “Lumen Gentium”, contra uma definição puramente sociológica, designa a Igreja como “mysterium”, numa total unidade com a tradição bíblica. Lemos então na Lumen Gentium que a Igreja é um redil (Jo 10,1-10), um rebanho, do qual o próprio Deus predisse que seria o Pastor; ela é a lavoura ou campo de Deus (1Cor 3,9), plantada pelo Agricultor celeste como vinha eleita; é a construção de Deus (1Cor 3,9), que dele recebe estabilidade e coesão; é a casa de Deus (1Tm 3,15), a tenda de Deus entre os homens (Ap 21,3); o templo santo, no qual somos como pedras vivas; é a esposa imaculada do Cordeiro imaculado (Ap 19,7; 21,2.9; 22,17). Cristo adornou a sua Igreja e por ela se entregou a fim de santificá-la e uniu-a a si em uma aliança indissolúvel, no amor e na fidelidade (cf. Ef 5,24-29).

A Igreja, “em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG 1). Ver a Igreja como sacramento, mediação visível da presença invisível do Cristo ressuscitado, ajuda-nos a redescobrir a dimensão comunitária da fé. Não se trata de um oitavo Sacramento, mas de um mistério (mysterium), porque ela é presença real de Cristo na mediação simbólica; trata-se de sinal de íntima união com Deus, e da unidade de todo o gênero humano, ou seja, ela é um instrumento para que se realize esta união e unidade.
Como poderíamos não crer e não amar a Igreja se é somente nela e através dela que podemos encontrar o Senhor Jesus vivo e ressuscitado, no seu Corpo e no seu Sangue? É preciso que cresça em nós a consciência da indissolubilidade entre Cristo e a Igreja. Ele, oferecendo-se a si mesmo em sacrifício por nós, preanunciou de modo eficaz no seu dom o mistério da Igreja. De fato, “a unicidade e indivisibilidade do corpo eucarístico do Senhor implicam a unicidade do seu corpo místico, que é a Igreja una e indivisível” (Sacramentum Caritatis, 15), isto faz com que a fé em Cristo não seja desassociada da fé na Igreja, e vice e versa.


Josefa Alves
Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE
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