Alguma vez você já acordou com um completo vazio, uma tristeza injustificável, que não se sabe o porque?
Hoje eu acordei assim. Mas, não me detive nessa grande dúvida e fui procurar uma explicação para entender esse sentimento. Comecei a busca pelas respostas no próprio vazio. Meus olhos me passavam algo que me faltava, algo como que, a ausência de alguém. minhas palavras transmitiam ansiedade. Meu interior, era uma região de conflitos que se configurava em uma relação tensa entre minhas idéias e emoções. Imagens refletiam um passado saudoso e um presente duvidoso, inseguro, incerto. E como um vulcão prestes a entrar em erupção, tudo começava a tremer. A explosão se deu quando acordei. Fui tomado por um forte sentimento de angústia, um vazio inexplicável, um imenso desejo por paz. Um sentimento de acusação que insistia em reprisar a forma de uma pureza perdida. Eram pensamentos que invadiam minha alma e me remetia a lembrar de algumas experiências vivenciadas há pouco tempo atrás.
Tudo começa a ficar mais claro. Agora todo aquele sentimento foi transformado em dor. Uma dor de algo que não tenho. Que não vejo. Algo que se foi, mas continua presente. A dor de um amor perdido. Que não está presente, mas que se pressente.
Foi então que percebi que hoje simplesmente eu acordei com saudades. Saudades de Deus. O sentimento de incompletude, de privação de Sua presença, do Seu amor, de Sua misericórdia. Enquanto procurava uma forma de descrever essa forte saudade que me assolava, foi muito precisa a lembrança do salmista. Aquele que descreve a sede, o desejo desesperador de um animal que busca encontrar água.(Sl 42,1).
O salmista narra sua saudade, seu desejo visceral, seu sofrimento, se expressando através da agonia de um animal que aos poucos está morrendo de sede. Narra através da ânsia desse animal, o seu desespero gerado pela ausência de Deus em sua vida. Por analogia ele expressa que, a sede daquele animal, é tão grande por água, quanto a dele por Deus. Assim como a vida da corsa depende das águas do ribeiro(riacho), a dele depende de Deus.
A sede daquele animal se traduzia por ele já ter provado das águas do ribeiro uma vez. Ele que por tantas vezes havia se saciado delas, agora gritava enlouquecidamente por que ela não estava mais lá. O desejo exacerbado e a busca incansável por esta fonte, fazia desse animal um modelo perfeito para o salmista descrever o seu desejo e sua saudade da fonte inesgotável que um dia ele experimentou.
Mas como é possível sentir saudades de Deus se ele está sempre presente?
Nem sempre está presente é sinal de ser notado. Se assim o fosse não se explicaria a imensa necessidade de preencher o vazio, de trazer conforto para o nada que ainda existe. O Corpo é facilmente saciado. Isso pode ser confirmado pelos alimentos que consumimos, alguns até estragados. Mas, o espírito não. Isso se confirma pela falta de tempo para o único necessário na vida. O único que jamais se deixa por esquecido. Por isso somos assaltado por flashes de nostalgia.
Saudades de Deus. Mas onde Ele está que me faz sentir-se assim?. Por que me sinto assim? Porque de alguma forma já tive uma experiência com Ele, e agora, essa presença existe apenas em minha memória. Mas, mesmo que nunca tivesse tido nenhum contato ou nenhuma experiência, ainda assim, sentiria as mesmas saudades. Por que trazemos dentro do nosso coração, a Sua marca, a marca do criador, a marca de Deus, a marca do amor. A carne daquele animal grita de sede na mesma proporção que nosso espírito grita por Deus.
Numa circunstância semelhante, Davi implora ao Senhor: "Ó Deus, tu és o meu Deus forte, eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água" (Salmo 63:1).
Os salmistas que descrevem sua busca por Deus, transmitem a mais profunda e mais premente necessidade que o homem pode conhecer. Nada é mais suficiente, nada mais nos completa de que a presença de Deus em nossas vidas. Nem a abundância de bens, nem a íntima companhia de outra pessoa poderá preencher tamanho vazio. Somente Deus é suficiente, por isso fica mais fácil entender o pensamento de um dos maiores doutores da Igreja quando diz: “Senhor, meu coração não descansa, enquanto não repousar em vós” (Sto. Agostinho). O Homem nunca poderá encontrar a verdadeira paz, fora de Deus.
Mas é nos momentos mais negros que sentimos essa maior necessidade. São momentos de conflitos, provações ou aflições. Momento em que nos vemos sozinhos sem ter por quem gritar, a não ser Aquele que sempre esteve e está presente na vida do homem. O Salmista assim se lamentava: "As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite", e "Sinto abatida dentro de mim a minha alma; lembro-me, portanto, de ti . . ." (Salmo 42,3-6). O grande Davi também assim expressava suas lágrimas: "Não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação. Porque se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá" (Salmo 27,9-10). Novamente descreve: "em ti medito, durante a vigília da noite. Porque tu me tens sido auxílio" (Salmo 63,6-7).
Mas é nos momentos mais negros que sentimos essa maior necessidade. São momentos de conflitos, provações ou aflições. Momento em que nos vemos sozinhos sem ter por quem gritar, a não ser Aquele que sempre esteve e está presente na vida do homem. O Salmista assim se lamentava: "As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite", e "Sinto abatida dentro de mim a minha alma; lembro-me, portanto, de ti . . ." (Salmo 42,3-6). O grande Davi também assim expressava suas lágrimas: "Não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação. Porque se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá" (Salmo 27,9-10). Novamente descreve: "em ti medito, durante a vigília da noite. Porque tu me tens sido auxílio" (Salmo 63,6-7).
São vozes que atravessaram séculos e que chegam até nós em alto e bom som. São vozes que buscam a assistência de um Deus vivo e verdadeiro, que fez com que o salmista naquele dia desesperador, acreditasse que Ele viria em seu auxílio.
"Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu" (Salmo 42,5).
È com essa esperança que invade meu coração, com essa certeza, que agora me sinto mais aliviado. Não somente por saber que a dor da saudade que hoje senti, no tempo oportuno determinado pelo próprio Deus que ainda cuida de mim, poderei um dia, de alguma forma louvá-lo, adorá-lo e bendizê-lo. E ao sentir-se abraçado por Ele, dizer-te: “Só tu Senhor, tens palavras de vida eterna”.
Hoje senti saudades de Deus.
Por
Wellington Dantas
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