sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

5º Dia na Oitava de Natal - O Menino que nasceu para a morte.

 LEITURA ORANTE: Lc 2,22-35 - Jesus no Templo: "um Deus por nós!"

Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna (Jo 3,16).

Estamos na oitava de Natal e continuamos a saborear a grandeza da presença de Jesus, nosso Salvador, entre nós. Movidos pelo Espírito que nos reúne, sigamos o Senhor, a “luz verdadeira”, conscientes de que “quem ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar”.

Primeira Leitura: 1 João 2,3-11

Leitura da primeira carta de São João – Caríssimos, 3para saber que conhecemos Jesus, vejamos se guardamos os seus mandamentos. 4Quem diz: “Eu conheço a Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. 5Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado. O critério para saber se estamos com Jesus é este: 6quem diz que permanece nele deve também proceder como ele procedeu. 7Caríssimos, não vos comunico um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que recebestes desde o início; este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. 8No entanto, o que vos escrevo é um mandamento novo – que é verdadeiro nele e em vós -, pois que as trevas passam e já brilha a luz verdadeira. 9Aquele que diz estar na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas trevas. 10O que ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar. 11Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas, caminha nas trevas e não sabe aonde vai, porque as trevas ofuscaram os seus olhos. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 95(96)

O céu se rejubile e exulte a terra!

1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, † cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! / Cantai e bendizei seu santo nome! – R.

2. Dia após dia anunciai sua salvação, † manifestai a sua glória entre as nações / e, entre os povos do universo, seus prodígios! – R.

3. Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus: † diante dele vão a glória e a majestade, / e o seu templo, que beleza e esplendor! – R.

Evangelho: Lucas 2,22-35

Aleluia, aleluia, aleluia.

Sois a luz que brilhará para os gentios / e para a glória de Israel, o vosso povo (Lc 2,32). – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Lucas22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos -, como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29“Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. – Palavra da salvação.

Reflexão

A Apresentação no Templo. — O contexto em que o Evangelho de hoje se insere é o quarto mistério gozoso do Rosário: a Apresentação do Senhor no Templo. Oito dias após nascer, o Menino Jesus, segundo os preceitos da Lei, foi circuncidado; no quadragésimo dia depois do parto, a Virgem bendita dirigiu-se ao Templo de Jerusalém, tanto para cumprir o preceito de pureza legal (cf. Lv 12) como para apresentar seu Filho ao Senhor. Nesta ocasião, Jesus foi reconhecido pelo velho Simeão como Salvador de Israel e pela profetisa Ana como Redentor do mundo. Ora, uma vez que Cristo, como nosso Salvador e Mestre, quis assemelhar-se em tudo a seus irmãos (cf. Hb 2, 17), exceto no pecado, convinha que Ele se submetesse ao rito da circuncisão, em virtude do qual os hebreus passavam a fazer parte do povo de Deus e se tornavam, assim, destinatários da Aliança que Yahweh estabelecera com Abraão e a sua descendência (cf. Gn 17, 11). A circuncisão externa do corpo, com efeito, era um símbolo e sinal da mortificação interna da concupiscência, além de um sacramento da Antiga Lei por força do qual, e em atenção à fé no futuro Messias, os membros do povo eleito eram purificados da culpa original. Trinta e dois dias após a circuncisão, a Sagrada Família foi ao Templo e, à Porta de Nicanor, que ficava entre o átrio das mulheres e o dos israelitas, a Virgem SS. foi benzida pelo sacerdote em turno e purificada da impureza prescrita por Moisés. Realizada a cerimônia, os pais do Menino entregaram como oferta um par de rolas, pois eram muito pobres e não podiam oferecer em holocausto um cordeiro de um ano (cf. Lv 12, 6). Nem Jesus nem Maria, obviamente, tinham necessidade de obedecer a tais preceitos da Lei; quiseram cumpri-los, não obstante, a fim de nos dar um exemplo admirável de humildade e da obediência que devemos prestar aos ritos da nossa religião.

A profecia de Simeão. — Ora, havia no Templo um homem chamado Simeão. Era ele justo e piedoso (gr. εὐλαβὴς = temente) aos olhos de Deus e esperava a consolação do povo de Israel, isto é, o advento do Cristo, que consolaria todos os aflitos de Sião (cf. Is 61, 2). O Espírito Santo estava sempre com ele, seja pela graça santificante, seja pelo dom da profecia, e lhe havia anunciado, por uma revelação especial, que ele não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo mesmo Espírito, Simeão entrou no Templo ao ver os pais de Jesus e, aproximando-se da Família, tomou o menino nos braços, bendisse a Deus a agradeceu-lhe o privilégio não só de ver o Cristo, mas inclusive de poder abraçá-lo ternamente. Inspirado por Deus, o santo ancião, fazendo eco aos antigos profetas e consumando a fé dos Patriarcas, cantou as glórias do Messias e, dirigindo-se-lhe à Mãe, revelou o seguinte: “Quanto a ti uma espada te traspassará a alma” (v. 35). Essa espada de dor não se refere, como pensava Orígenes, a uma suposta dúvida que a Virgem Maria teria experimentado aos pés da cruz acerca da divindade de Cristo, mas a uma verdadeira dor espiritual que lhe transpassou a alma ao contemplar Jesus, a quem ela tanto amava como seu Filho e adorava como seu Deus, torturado e rejeitado pelo povo que Ele viera salvar. A profecia de Simão, além disso, recorda que todo o mistério da Encarnação se ordena ao triunfo redentor da cruz, de forma que se pode dizer que o Menino cujo nascimento festejamos ao longo da Oitava de Natal nasceu verdadeiramente para morrer: toda a sua vida neste mundo, com efeito, tinha por finalidade consumir-se até o extremo no Calvário, por meio de uma morte redentora que seria para muitos, tanto fora como dentro de Israel (cf. 1Cor 1, 23), um sinal perene de contradição (v. 34).

 

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