Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna (Jo 3,16).
Estamos na oitava de Natal e continuamos a saborear a grandeza da presença de Jesus, nosso Salvador, entre nós. Movidos pelo Espírito que nos reúne, sigamos o Senhor, a “luz verdadeira”, conscientes de que “quem ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar”.
Leitura da primeira carta de São João – Caríssimos, 3para saber que conhecemos Jesus, vejamos se guardamos os seus mandamentos. 4Quem diz: “Eu conheço a Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. 5Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado. O critério para saber se estamos com Jesus é este: 6quem diz que permanece nele deve também proceder como ele procedeu. 7Caríssimos, não vos comunico um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que recebestes desde o início; este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. 8No entanto, o que vos escrevo é um mandamento novo – que é verdadeiro nele e em vós -, pois que as trevas passam e já brilha a luz verdadeira. 9Aquele que diz estar na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas trevas. 10O que ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar. 11Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas, caminha nas trevas e não sabe aonde vai, porque as trevas ofuscaram os seus olhos. – Palavra do Senhor.
O céu se rejubile e exulte a terra!
1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, † cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! / Cantai e bendizei seu santo nome! – R.
2. Dia após dia anunciai sua salvação, † manifestai a sua glória entre as nações / e, entre os povos do universo, seus prodígios! – R.
3. Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus: † diante dele vão a glória e a majestade, / e o seu templo, que beleza e esplendor! – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sois a luz que brilhará para os gentios / e para a glória de Israel, o vosso povo (Lc 2,32). – R.
Proclamação do santo Evangelho segundo Lucas – 22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos -, como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29“Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. – Palavra da salvação.
A Apresentação no Templo. — O contexto em que o Evangelho de hoje se insere é o quarto mistério gozoso do Rosário: a Apresentação do Senhor no Templo. Oito dias após nascer, o Menino Jesus, segundo os preceitos da Lei, foi circuncidado; no quadragésimo dia depois do parto, a Virgem bendita dirigiu-se ao Templo de Jerusalém, tanto para cumprir o preceito de pureza legal (cf. Lv 12) como para apresentar seu Filho ao Senhor. Nesta ocasião, Jesus foi reconhecido pelo velho Simeão como Salvador de Israel e pela profetisa Ana como Redentor do mundo. Ora, uma vez que Cristo, como nosso Salvador e Mestre, quis assemelhar-se em tudo a seus irmãos (cf. Hb 2, 17), exceto no pecado, convinha que Ele se submetesse ao rito da circuncisão, em virtude do qual os hebreus passavam a fazer parte do povo de Deus e se tornavam, assim, destinatários da Aliança que Yahweh estabelecera com Abraão e a sua descendência (cf. Gn 17, 11). A circuncisão externa do corpo, com efeito, era um símbolo e sinal da mortificação interna da concupiscência, além de um sacramento da Antiga Lei por força do qual, e em atenção à fé no futuro Messias, os membros do povo eleito eram purificados da culpa original. Trinta e dois dias após a circuncisão, a Sagrada Família foi ao Templo e, à Porta de Nicanor, que ficava entre o átrio das mulheres e o dos israelitas, a Virgem SS. foi benzida pelo sacerdote em turno e purificada da impureza prescrita por Moisés. Realizada a cerimônia, os pais do Menino entregaram como oferta um par de rolas, pois eram muito pobres e não podiam oferecer em holocausto um cordeiro de um ano (cf. Lv 12, 6). Nem Jesus nem Maria, obviamente, tinham necessidade de obedecer a tais preceitos da Lei; quiseram cumpri-los, não obstante, a fim de nos dar um exemplo admirável de humildade e da obediência que devemos prestar aos ritos da nossa religião.
A profecia de Simeão. — Ora, havia no Templo um homem chamado Simeão. Era ele justo e piedoso (gr. εὐλαβὴς = temente) aos olhos de Deus e esperava a consolação do povo de Israel, isto é, o advento do Cristo, que consolaria todos os aflitos de Sião (cf. Is 61, 2). O Espírito Santo estava sempre com ele, seja pela graça santificante, seja pelo dom da profecia, e lhe havia anunciado, por uma revelação especial, que ele não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo mesmo Espírito, Simeão entrou no Templo ao ver os pais de Jesus e, aproximando-se da Família, tomou o menino nos braços, bendisse a Deus a agradeceu-lhe o privilégio não só de ver o Cristo, mas inclusive de poder abraçá-lo ternamente. Inspirado por Deus, o santo ancião, fazendo eco aos antigos profetas e consumando a fé dos Patriarcas, cantou as glórias do Messias e, dirigindo-se-lhe à Mãe, revelou o seguinte: “Quanto a ti uma espada te traspassará a alma” (v. 35). Essa espada de dor não se refere, como pensava Orígenes, a uma suposta dúvida que a Virgem Maria teria experimentado aos pés da cruz acerca da divindade de Cristo, mas a uma verdadeira dor espiritual que lhe transpassou a alma ao contemplar Jesus, a quem ela tanto amava como seu Filho e adorava como seu Deus, torturado e rejeitado pelo povo que Ele viera salvar. A profecia de Simão, além disso, recorda que todo o mistério da Encarnação se ordena ao triunfo redentor da cruz, de forma que se pode dizer que o Menino cujo nascimento festejamos ao longo da Oitava de Natal nasceu verdadeiramente para morrer: toda a sua vida neste mundo, com efeito, tinha por finalidade consumir-se até o extremo no Calvário, por meio de uma morte redentora que seria para muitos, tanto fora como dentro de Israel (cf. 1Cor 1, 23), um sinal perene de contradição (v. 34).
https://padrepauloricardo.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário