segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

2ª Semana do Advento - É a graça que nos leva a Jesus.

 O Homem e seu tempo...: A cura de um paralítico em Cafarnaum. Mateus 9:1-8  Marcos 2:1-12 Lucas 5:17-26

Ó nações, escutai a palavra do Senhor e levai-a até os confins da terra: Eis que chega o nosso Salvador, não tenhais medo! (Jr 31,10; Is 35,4).

A liturgia nos alimenta a esperança, prenunciando um tempo em que “o coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos”. Jesus há de realizar a profecia, pois “a virtude do Senhor o levava a curar”. Acolhamos com alegria o Messias que vem.

Primeira Leitura: Isaías 35,1-10

Leitura do livro do profeta Isaías1Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. 2Germine e exulte de alegria e louvores. Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus. 3Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. 4Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”. 5Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. 6O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos, assim como brotarão águas no deserto e jorrarão torrentes no ermo. 7A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes de água; nas cavernas onde viviam dragões crescerá o caniço e o junco. 8Ali haverá uma vereda e um caminho; o caminho se chamará estrada santa: por ela não passará o impuro, mas será uma estrada reta em que até os débeis não se perderão. 9Ali não existem leões, não andam por ela animais depredadores, nem mesmo aparecem lá; os que forem libertados poderão percorrê-la, 10os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos: cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 84(85)

Eis que vem o nosso Deus! Ele vem para salvar.

1. Quero ouvir o que o Senhor irá falar: / é a paz que ele vai anunciar; / a paz para o seu povo e seus amigos, / para os que voltam ao Senhor seu coração. / Está perto a salvação dos que o temem, / e a glória habitará em nossa terra. – R.

2. A verdade e o amor se encontrarão, / a justiça e a paz se abraçarão; / da terra brotará a fidelidade, / e a justiça olhará dos altos céus. – R.

3. O Senhor nos dará tudo o que é bom, / e a nossa terra nos dará suas colheitas; / a justiça andará na sua frente, / e a salvação há de seguir os passos seus. – R.

Evangelho: Lucas 5,17-26

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eis que o rei há de vir, Senhor da terra, / ele mesmo de nós afastará o jugo do nosso cativeiro. – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Lucas 17Um dia Jesus estava ensinando. À sua volta estavam sentados fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E a virtude do Senhor o levava a curar. 18Uns homens traziam um paralítico num leito e procuravam fazê-lo entrar para apresentá-lo. 19Mas, não achando por onde introduzi-lo devido à multidão, subiram ao telhado e, por entre as telhas, o desceram com o leito no meio da assembleia, diante de Jesus. 20Vendo-lhes a fé, ele disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”. 21Os escribas e fariseus começaram a murmurar, dizendo: “Quem é este que assim blasfema? Quem pode perdoar os pecados senão Deus?” 22Conhecendo-lhes os pensamentos, Jesus respondeu, dizendo: “Por que murmurais em vossos corações? 23O que é mais fácil, dizer: ‘Teus pecados estão perdoados’ ou dizer: ‘Levanta-te e anda’? 24Pois, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar os pecados – disse ao paralítico –, eu te digo: levanta-te, pega o leito e vai para casa”. 25Imediatamente, diante deles, ele se levantou, tomou o leito e foi para casa, louvando a Deus. 26Todos ficaram fora de si, glorificavam a Deus e, cheios de temor, diziam: “Hoje vimos coisas maravilhosas!” – Palavra da salvação.

Reflexão
 
. Explicação do texto. — O Evangelho desta segunda-feira apresenta-nos a cura de um paralítico. Segundo o evangelista S. Marcos, o episódio teve lugar em Cafarnaum: “Jesus entrou novamente em Cafarnaum”, cidade em que vivia, “e souberam que ele estava em casa” (Mt 2, 1), não sabemos se na sua própria ou se, possivelmente, na de Simão Pedro. “Reuniu-se uma tal multidão”, acrescenta S. Marcos, “que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta” (Mt 2, 2), isto é, a casa estava tão abarrotada que era preciso ficar do lado de fora para poder ver e ouvir Jesus. Este os instruía, e o poder de Deus fazia-o realizar várias curas (cf. Lc 5, 17). Ora, como não pudessem entrar na casa devido à multidão, quatro amigos que traziam consigo um paralítico treparam ao teto e, arrancadas as telhas, desceram o doente pela abertura, deitado num leito, e o puseram diante de Jesus (cf. Lc 5, 18-19; Mc 2, 4). Vendo-lhes a fé e a confiança em seu poder, o Senhor disse ao paralítico: “Filho, perdoados te são os pecados” (Mc 2, 5; cf. Lc 5, 20).

Ora, alguns escribas e fariseus que assistiam à cena escandalizaram-se diante da aparente blasfêmia, já que só Deus — murmuravam entre si — tem o poder de perdoar os pecados, pois só Ele pode desculpar das injúrias que lhe são feitas. Jesus, porém, penetrando-lhes os pensamentos, repreendeu-os com dureza: “Por que murmurais em vossos corações?” (Lc 5, 22) ou, como lemos em S. Marcos: “Por que pensais isto em vossos corações” (Mc 2, 8), isto é, por que pensais mal a meu respeito, atribuindo-me más intenções? “O que é mais fácil dizer: ‘Teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’?” (Lc 5, 23). Cristo lhes pergunta aqui não o que é mais fácil fazer, mas saber: de fato, parecia-lhes mais fácil dizer “Os teus pecados te são perdoados”, porque ninguém poderia estar seguro de que os pecados haviam sido perdoados; o que era realmente difícil era dizer: “Levanta e anda”, porque, se Jesus não possuísse de fato autoridade divina, ficaria claro diante de todos que se tratava de mais um falso profeta. Por isso, “para que saibais que o Filho do homem” tem esse poder, ou seja, “de perdoar pecados”, vede o que posso fazer (disse ao paralítico): “Levanta-te, pega o leito e vai para casa” (Lc 5, 24). O doente levantou-se no mesmo instante, o que encheu a todos de profunda admiração, a ponto de dizerem entre si: “Nunca vimos coisa semelhante” (Mc 2, 12) e “Hoje vimos coisas maravilhosas!” (Lc 5, 26).

2. Pontos de meditação. — a) Sentido simbólico da cura. “A cura deste paralítico indica a salvação da alma que, inerte após passar muito tempo atada aos pecados da carne, clama por fim a Cristo. Esta alma, antes de tudo, precisa de ministros que a elevem e apresentem diante de Cristo, ou seja, de bons mestres que lhe infundam a esperança de ser curada e que lhe sirvam de intercessores” (S. Beda, In Luc.) — b) Os quatro amigos. “Todo doente deve ter quem reze por sua salvação, intercessores pelos quais os nossos excessos e desvios possam ser remediados pela palavra celeste. É preciso, pois, que haja quem aconselhe e advirta, que eleve o coração dos homens às coisas superiores, ainda que eles estejam debilitados no corpo. É assim, com a ajuda de homens como esses, que podemos apresentar-nos e humilhar-nos facilmente diante de Jesus e comparecer com menos indignidade ante os seus olhos” (S. Ambrósio). — c) Devem-se curar primeiro as doenças do espírito. “O olhar de Jesus, ao ver neles tanta fé, perdoou primeiro os pecados ao doente, e depois lhe restituiu a saúde ao corpo; entrementes, ensinava Ele que muitas doenças têm origem no pecado e que convém, portanto, curá-las diretamente em sua causa […] e mostrava, assim, que era Deus. Pois curar enfermidades corporais, também os santos o podem fazer; perdoar os pecados, no entanto, só está ao alcance de Deus” (Eutímio, In Mat.). — d) Toma o teu leito e vai. “Pelo leito, no qual repousa a carne, significa-se a própria carne, ao passo que a casa, por sua vez, representa a consciência […]. ‘Toma o teu leito’, isto é, toma o catre em que foste carregado, pois é preciso que, uma vez curado, o homem suporte os ataques da carne na qual antes jazia enfermo. Com efeito, o que significa dizer: ‘Toma o teu leito e vai para tua casa’ senão: ‘Resiste às tentações da carne, sob as quais até agora estivestes prostrado, e volta à tua consciência, para que vejas assim o que fizeste’?” (S. Gregório, Hom. in Ez.).

 

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