É de paz que o Senhor vai falar a seu povo e seus fiéis, e aos que a ele se converterem (Sl 84,9).
O Filho do Homem anunciado na liturgia é, ao mesmo tempo, o Cristo que vem cumprir uma missão e o Cristo glorioso que julgará os povos. Celebremos movidos pela esperança de participarmos do seu Reino, “que não se dissolverá”.
Leitura da profecia de Daniel – Eu, Daniel, 2tive uma visão durante a noite: eis que os quatro ventos do céu revolviam o vasto mar, 3e quatro grandes animais, diferentes uns dos outros, emergiam do mar. 4O primeiro era semelhante a um leão e tinha asas de águia; ainda estava olhando, quando lhe foram arrancadas as asas; ele foi erguido da terra e posto de pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem. 5Eis que surgiu outro animal, o segundo, semelhante a um urso, que estava erguido pela metade e tinha três costelas nas fauces entre os dentes; ouvia-se dizer: “Vamos, come mais carne”. 6Continuei a olhar, e eis que assomou outro animal, semelhante a um leopardo; tinha no dorso quatro asas de ave, e havia no animal quatro cabeças. E foi-lhe dado poder. 7Depois, eu insistia em minha visão noturna, e eis que apareceu o quarto animal, terrível, estranho e extremamente forte; com suas dentuças de ferro, tudo devorava e triturava, calcando aos pés o que sobrava; era bem diferente dos outros animais que eu vi antes e tinha dez chifres. 8Eu observava esses chifres, e eis que apontou entre eles outro chifre pequeno, e, em compensação, foram arrancados três dos primeiros chifres; e eis que neste chifre pequeno havia uns olhos como olhos de homem e uma boca que fazia ouvir uma fala muito forte. 9Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um ancião de muitos dias aí tomou lugar. Sua veste era branca como neve e os cabelos da cabeça, como lã pura; seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. 10Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele; serviam-no milhares de milhares, e milhões de milhões assistiam-no ao trono; foi instalado o tribunal e os livros foram abertos. 11Eu estava olhando para o lado das palavras fortes que o mencionado chifre fazia ouvir, quando percebi que o animal tinha sido morto e vi que seu corpo fora feito em pedaços e tinha sido entregue ao fogo para queimar; 12percebi também que aos restantes animais foi-lhes tirado o poder, sendo-lhes prolongada a vida por certo tempo. 13Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. 14Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá. – Palavra do Senhor.
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
1. Montes e colinas, bendizei o Senhor! † Plantas da terra, bendizei o Senhor! / Mares e rios, bendizei o Senhor! – R.
2. Fontes e nascentes, bendizei o Senhor! / Baleias e peixes, bendizei o Senhor! – R.
3. Pássaros do céu, bendizei o Senhor! / Feras e rebanhos, bendizei o Senhor! – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Levantai vossa cabeça e olhai, / pois a vossa redenção se aproxima! (Lc 21,28) – R.
Proclamação do santo Evangelho segundo Lucas – Naquele tempo, 29Jesus contou-lhes uma parábola: “Olhai a figueira e todas as árvores. 30Quando vedes que elas estão dando brotos, logo sabeis que o verão está perto. 31Vós também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. 32Em verdade eu vos digo, tudo isso vai acontecer antes que passe esta geração. 33O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”. – Palavra da salvação.
Nosso Senhor nos conta hoje uma de suas parábolas a respeito dos sinais dos tempos: do mesmo modo como a figueira e todas as árvores anunciam a proximidade do verão, assim também os sinais de que Cristo nos vem falando nos últimos dias prenunciarão a chegada do Reino de Deus. O sinal por excelência, no entanto, é a própria caducidade do mundo: os dias brotam ao amanhecer e à noite já estão secos, desgastados. "O céu e a terra passarão" e levarão consigo, sem deixar vestígios, as suas veleidades. A Palavra de Deus, porém, permanece para sempre; gerações vêm e vão, e a Verdade do Senhor mantém-se inabalável, eterna. A leitura desta 6.ª-feira, com efeito, nos chama a atenção para dois fatos de grande importância para a nossa vida espiritual: a transitoriedade das realidades materiais, palpáveis e efêmeras, e a perenidade das coisas espirituais, duradouras e invisíveis.
Por isso, a Igreja nos oferece hoje a oportunidade de celebrarmos a festa de Nossa Senhora das Graças e nos convida, assim, a considerar o inestimável valor dos bens espirituais que a nossa amada Mãe do Céu nos pode dispensar. Devemos, sim, pedir a Deus benefícios materiais: ajudas, socorros e curas. Todas essas graças passageiras, "mundanas", porém, devem conduzir-nos àquilo que efetivamente não passa. De fato, de que adiantaria o Senhor ressuscitar um nosso amigo querido para que depois, recuperado, este viesse a morrer eternamente? Peçamos-lhe a cura do corpo, mas lhe imploremos sobretudo a salvação da alma; oremos pela saúde física, mas trabalhemos antes pelo vigor das virtudes. Que Deus abra nossos olhos para os sinais que anunciam a cada um de nós a proximidade do seu Reino: a fraqueza do corpo, o brancura dos cabelos, a morte dos familiares. Que Ele nos inspire a querer apenas o que não passa, as suas divinas graças, e nos permita viver, ao lado de nossa Mãe Santíssima, a vida que nunca acaba, que nunca envelhece.
https://padrepauloricardo.org
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