segunda-feira, 9 de outubro de 2023

7ª Semana do Tempo Comum - Antes de amarmos, Deus nos amou.

 


Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo! (Est 1,9ss)

Pelo batismo, todos somos missionários. Nosso compromisso é anunciar o Cristo por palavras e obras, amando a Deus e ao próximo. Talvez sejamos tentados a buscar o comodismo e fugir das missões que o Senhor nos pede. Renovemos, pois, nossa fidelidade aos compromissos batismais.

Primeira Leitura: Jonas 1,1-2,1.11

Início da profecia de Jonas – 1A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, filho de Amati, e dizia: 2“Levanta-te e põe-te a caminho da grande cidade de Nínive, e anuncia-lhe que sua perversidade subiu até a minha presença”. 3Jonas pôs-se a caminho a fim de fugir para Társis, longe da presença do Senhor; desceu a Jope e encontrou um navio com destino a Társis, adquiriu passagem e embarcou com os outros passageiros para essa cidade, para longe da presença do Senhor. 4Mas o Senhor mandou um vento violento sobre o mar, levantando uma grande tempestade, que ameaçava destruir o navio. 5Tomados de pavor, os marinheiros começaram a gritar, cada qual a seu deus, e a lançar ao mar a carga do navio para o aliviar. Jonas havia descido ao porão do navio, deitara-se e dormia a sono solto. 6O chefe do navio foi vê-lo e disse: “Como! Tu dormes? Levanta-te e reza ao teu deus; talvez ele se lembre de nós, e não morreremos”. 7Disseram entre si os marinheiros: “Vamos tirar a sorte, para saber por que nos acontece esta desgraça”. Lançaram a sorte, e esta caiu sobre Jonas. 8Disseram-lhe: “Explica-nos, por culpa de quem nos acontece esta desgraça? Qual é a tua ocupação e donde vens? Qual é a tua terra, de que povo és?” 9Ele respondeu: “Eu sou hebreu e temo o Senhor, Deus do céu, que fez o mar e a terra firme”. 10Aqueles homens ficaram possuídos de grande medo e disseram: “Como é que fizeste tal coisa?” Pelas palavras dele, acabavam de saber que estava fugindo da presença do Senhor. 11Disseram então: “Que faremos contigo, para acalmar o mar?” Pois o mar enfurecia-se cada vez mais. 12Respondeu Jonas: “Pegai-me e lançai-me ao mar, e o mar vos deixará em paz: eu sei que, por minha culpa, se desencadeou sobre vós esta grande borrasca”. 13Os marinheiros, à força de remar, tentavam voltar à terra, mas em vão, porque o mar cada vez mais se encapelava contra eles. 14Então invocaram o Senhor e rezaram: “Suplicamos-te, Senhor, não nos deixes morrer em paga pela vida deste homem, não faças cair sobre nós este sangue inocente; fizeste, Senhor, valer tua vontade”. 15Então, pegaram Jonas e atiraram-no ao mar; e cessou a fúria do mar. 16Invadiu esses homens um grande temor do Senhor, ofereceram-lhe sacrifícios e fizeram-lhe votos. 2,1Determinou o Senhor que um grande peixe viesse engolir Jonas; e ele ficou três dias no ventre do peixe. 11Então o Senhor fez o peixe vomitar Jonas na praia. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: Jn 2

Retirastes minha vida do sepulcro, ó Senhor!

1. Do fundo do abismo, do ventre do peixe,  Jonas rezou ao Senhor, o seu Deus, / a seguinte oração. – R.

2. Na minha angústia clamei por socorro,  pedi vossa ajuda do mundo dos mortos / e vós me atendestes. – R.

3. Senhor, me lançastes no seio dos mares,  cercou-me a torrente, vossas ondas passaram / com furor sobre mim. – R.

4. Então, eu pensei: eu fui afastado † para longe de vós; nunca mais hei de ver / vosso templo sagrado. – R.

5. E quando minhas forças em mim acabavam,  do Senhor me lembrei, chegando até vós / a minha oração. – R.

Evangelho: Lucas 10,25-37

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos dou novo preceito: / que uns aos outros vos ameis, como eu vos tenho amado (Jo 13,34). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 25um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como lês?” 27Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!” 28Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. 29Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quase morto. 31Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. 32O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. 33Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. 34Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais’.” E Jesus perguntou: 36“Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”. – Palavra da salvação.

Reflexão:

Ao contar-nos hoje a parábola do bom samaritano, Jesus quer nos ensinar fundamentalmente quem é o nosso próximo. Iluminados, porém, pelo Espírito da Verdade, os Santos Padres conseguiram enxergar neste ensinamento do Senhor um significado ainda mais profundo, em plena sintonia com o sentido literal do texto. Interpretada em chave espiritual e alegórica, a parábola nos mostra que o bom samaritano não é senão o próprio Cristo, que desce dos céus — figurados pela cidade santa de Jerusalém — e vem a este mundo — simbolizado por Jericó —, a fim de curar espiritualmente o homem, espoliado e abandonado à beira do caminho por diversos malfeitores. Disto se depreende, em primeiro lugar, que foi Deus quem nos amou por primeiro; foi dele a iniciativa de estar em contato conosco e fazer-nos participantes dos seus bens. O nosso amor, consequentemente, não é mais do que simples resposta, resposta que, contudo, só pode ser dada se Deus mesmo nos der forças para tanto.

E foi precisamente esta a verdade que se perdeu em meio ao complicadíssimo sistema de preceitos e tradições elaborado pouco a pouco pelos judeus e vigiado pela autoridade legalista dos mestres da Lei. Orgulhosos de sua estrita fidelidade a rituais e normas, estes achavam que era a sua justiça, a sua obediência, o seu “bom comportamento” o que os tornaria gratos a Deus e dignos, portanto, de receber “em paga” o amor e beneplácito divinos. Trata-se de uma evidente perversão, de uma inversão diabólica da realidade, pois antes mesmo de recebermos por graça a capacidade de amar, Deus já nos amava; quando ainda éramos inimigos seus, incapazes do menor ato de caridade, Ele nos abraçava com sua benevolência e tinha bem presente o magnífico plano da nossa salvação, pela qual seríamos finalmente reconciliados consigo e capacitados, pelo vinho e os unguentos com que Cristo curou nossas feridas, para amá-lo de volta. É só assim, conscientes de que somos nós aquele homem quase morto que jaz à beira do caminho, que poderemos fazer as vezes de bom samaritano: o nosso amor é sempre dom e resposta, resposta Àquele que nos amou desde sempre e, por amor a Ele, ao nosso próximo, presença visível e concreta do Cristo que tanto nos quer.


https://padrepauloricardo.org

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