domingo, 8 de outubro de 2023

27º Domingo do Tempo Comum - Quando somos nós os traidores.

 


Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo! (Est 1,9ss)

A Igreja, vinha amada do Senhor, acolhe a todos de braços abertos. Como comunidade reunida em oração para dar graças a Deus e acolher sua Palavra, somos convidados a cuidar dessa vinha, a fim de que produza frutos de paz e justiça. Celebremos em comunhão com a Igreja missionária, que neste mês realiza a primeira sessão conclusiva de sua 16ª Assembleia Geral, com o tema: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.

Primeira Leitura: Isaías 5,1-7

Leitura do livro do profeta Isaías – 1Vou cantar para o meu amado o cântico da vinha de um amigo meu: um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. 2Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens. 3Agora, habitantes de Jerusalém e cidadãos de Judá, julgai a minha situação e a de minha vinha. 4O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz? Eu contava com uvas de verdade, mas por que produziu ela uvas selvagens? 5Pois agora vou mostrar-vos o que farei com minha vinha: vou desmanchar a cerca, e ela será devastada; vou derrubar o muro, e ela será pisoteada. 6Vou deixá-la inculta e selvagem: ela não será podada nem lavrada, espinhos e sarças tomarão conta dela; não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre ela. 7Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça – e eis injustiça; esperava obras de bondade – e eis iniquidade. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 79(80)

A vinha do Senhor é a casa de Israel.

1. Arrancastes do Egito esta videira / e expulsastes as nações para plantá-la; / até o mar se estenderam seus sarmentos, / até o rio os seus rebentos se espalharam. – R.

2. Por que razão vós destruístes sua cerca, / para que todos os passantes a vindimem, / o javali da mata virgem a devaste / e os animais do descampado nela pastem? – R.

3. Voltai-vos para nós, Deus do universo!  Olhai dos altos céus e observai. / Visitai a vossa vinha e protegei-a! / Foi a vossa mão direita que a plantou; / protegei-a, e ao rebento que firmastes! – R.

4. E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! / Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! / Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo,  e sobre nós iluminai a vossa face! / Se voltardes para nós, seremos salvos! – R.

Segunda Leitura: Filipenses 4,6-9

Leitura da carta de São Paulo aos Filipenses – Irmãos, 6não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. 7E a paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento, guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus. 8Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. 9Praticai o que aprendestes e recebestes de mim ou que de mim vistes e ouvistes. Assim o Deus da paz estará convosco. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Mateus 21,33-43

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos escolhi foi do meio do mundo, / a fim de que deis um fruto que dure. / Eu vos escolhi foi do meio do mundo. / Amém! Aleluia, aleluia! (Jo 15,16) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, Jesus disse aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo: 33“Escutai esta outra parábola: certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois, arrendou-a a vinhateiros e viajou para o estrangeiro. 34Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro e ao terceiro apedrejaram. 36O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’. 38Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. 40Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?” 41Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”. 42Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos’? 43Por isso eu vos digo, o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”. – Palavra da salvação.

Reflexão
O Evangelho de hoje fala-nos da parábola dos vinhateiros assassinos, dirigida especificamente aos fariseus, que, depois de a compreenderem, mas sem se emendarem, começam a tramar um meio de perder Jesus. Ao lermos páginas como esta, ficamos chocados com a dureza e a incredulidade desses homens, que veem todo o bem feito por Jesus, e ainda assim, apegados à sua posição e prestígio, fazem o possível para o condenar: “Compreenderam que estava falando deles e procuraram prendê-lo”. Na verdade, somos tentados a ler a história que levou Cristo à morte com distanciamento, como se nós, se lá estivéssemos entre os judeus, fôssemos incapazes das mesmas crueldades. Não conseguimos ver-nos entre as turbas enfurecidas que gritavam a Pilatos: “Crucifica-o! Crucifica-o!”, nem imaginar que poderíamos um dia cair na mesma covardia de Pedro, que passou cerca de três anos com Cristo, vendo-lhe o poder e a majestade, para negá-lo em menos de uma noite por receio de uns criados. E no entanto somos postos nas mesmas dificuldades, na mesma urgência de decidir se seremos fiéis ou não, todas as vezes que Deus nos “põe em apuros” por meio de tribulações e provações. Enquanto estamos na nossa “zona de conforto”, é fácil ser piedoso e dizer de peito cheio: “Senhor, eu te seguirei aonde fores, inclusive à morte, se preciso for”; mas basta uma nuvenzinha mais escura a sombrear-nos o horizonte para, sem demora, praguejarmos contra Deus, impacientes e revoltados, e abandonarmos nossas devoções, o cumprimento dos nossos preceitos e até mesmo a religião de que nos sentimos fidelíssimos seguidores. No fundo, somos nós os vinhateiros daquela vinha: enquanto faz bom tempo e o sol brilha alto, somos gratos por tão boa e amena ocupação; mas, se Deus nos vem pedir conta dos frutos que estamos produzindo, somos capazes de lhe agarrar o Filho, espancá-lo e matá-lo, não uma, mas todas as vezes que for necessário. Que não continuemos a crucificar o Filho de Deus, e se tanto nos custa corresponder com amor generoso ao amor infinito que Ele nos tem, peçamos-lhe a graça de o podermos fazer de bom grado, sem encontrar desculpas nem escusas. Que, por causa de nossa infidelidade, Ele não venha a dizer: “O Reino de Deus vos será tirado”.

https://padrepauloricardo.org

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