Leitura da profecia de Ezequiel – Assim fala o Senhor: 23“Vou mostrar a santidade do meu grande nome, que profanastes no meio das nações. As nações saberão que eu sou o Senhor – oráculo do Senhor Deus – quando eu manifestar minha santidade à vista delas por meio de vós. 24Eu vos tirarei do meio das nações, vos reunirei de todos os países e vos conduzirei para a vossa terra. 25Derramarei sobre vós uma água pura, e sereis purificados. Eu vos purificarei de todas as impurezas e de todos os ídolos. 26Eu vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós. Arrancarei do vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne; 27porei o meu espírito dentro de vós e farei com que sigais a minha lei e cuideis de observar os meus mandamentos. 28Habitareis no país que dei a vossos pais. Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus”. – Palavra do Senhor.
Eu hei de derramar sobre vós uma água pura, / e de vossas imundícies sereis purificados.
1. Criai em mim um coração que seja puro, / dai-me de novo um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! – R.
2. Dai-me de novo a alegria de ser salvo / e confirmai-me com espírito generoso! / Ensinarei vosso caminho aos pecadores, / e para vós se voltarão os transviados. – R.
3. Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, / e, se oferto um holocausto, o rejeitais. / Meu sacrifício é minha alma penitente, / não desprezeis um coração arrependido! – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: / Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 1Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, 2dizendo: “O Reino dos céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. 3E mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. 4O rei mandou outros empregados, dizendo: ‘Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!’ 5Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, 6outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. 7O rei ficou indignado e mandou suas tropas para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. 8Em seguida, o rei disse aos empregados: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. 9Portanto, ide até as encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes’. 10Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados. 11Quando o rei entrou para ver os convidados, observou ali um homem que não estava usando traje de festa 12e perguntou-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu. 13Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Ali haverá choro e ranger de dentes’. 14Porque muitos são chamados, e poucos são escolhidos”. – Palavra da salvação.
Meditação. — 1. “Naquele tempo”, diz S. Mateus, “Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo”. A perícope do Evangelho deste domingo pode ser dividida em duas partes. Em primeiro lugar, a parábola de Nosso Senhor trata da união entre Deus e a humanidade por meio de uma figura: o banquete nupcial, para o qual o rei mandou “chamar os convidados”. O texto diz, porém, que ninguém se interessou pelo convite real, e mesmo diante da insistência do rei, os convidados se mostraram ainda mais arredios; “um foi para o seu campo”, afirma Jesus, “outro para os seus negócios, outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram”. Indignado com tamanha desfeita, sua majestade enviou “suas tropas para matar aqueles assassinos” e, “em seguida”, disse aos seus empregados que fossem às encruzilhadas dos caminhos e convidassem à festa todos os que encontrassem.
O banquete nupcial é o mesmo citado por S. João no livro do Apocalipse (cf. 19, 9). Deus, por pura e livre vontade, quer que sua criação mais sublime, o gênero humano, participe de sua felicidade no Céu. Na parábola, Jesus manifesta, de um lado, a insistência divina, por assim dizer, que não desiste de convidar os homens para uma participação mais perfeita no mistério da Trindade, e, do outro, a ingratidão do povo escolhido, que, a cada gesto de benevolência de Deus, se torna mais cruel e irreverente. Mas o resultado dessa contraposição redunda em benefício de toda a humanidade, e não só de um povo: como não estivessem dispostos a corresponder à graça, os primeiros convidados são preteridos pelo rei, que vai em busca dos mais humildes e esquecidos nas encruzilhadas. E assim a sala da casa do rei fica “cheia de convidados”.
2. A segunda parte da parábola trata precisamente da atitude desses novos convidados, que foram ao banquete. “Quando o rei entrou para ver os convidados”, narra Jesus, “observou aí um homem que não estava usando traje de festa”. O rei da parábola zanga-se com a situação e expulsa esse homem, mandando jogá-lo fora na escuridão, lugar de “choro e ranger de dentes”. Mas qual seria a justificativa para essa punição? É o que responde S. Gregório Magno numa das suas homilias: “Entra, pois nas bodas, mas não leva a veste nupcial, aquele que, pertencendo à Igreja Católica, tem fé, mas lhe falta a caridade”. Ou seja, dentro do Corpo Místico de Cristo, temos dois tipos de pessoas: primeiro, aqueles que estão em estado de graça e procuram crescer na santidade, e segundo, aqueles que, embora fazendo parte da Igreja por conta do Batismo, não se importam, porém, com a graça santificante nem procuram cultivá-la. A estes últimos falta o amor e, por isso, também não podem comer do banquete.
A conclusão do Evangelho é a seguinte: todos somos chamados à felicidade eterna, mas “poucos são escolhidos” para tomar parte no banquete. Os convidados precisam revestir-se com a veste nupcial, ou seja, precisam progredir no amor para se manterem em amizade com o rei. No tempo da Igreja, portanto, Deus convida os homens para o banquete eucarístico, onde todos podemos exercitar nossa fé, empenhando uma devoção afetiva, que deve produzir um efeito em nossa alma: a transformação pelo amor. As comunhões eucarísticas são uma ocasião perfeita para fazer crescer em nós a caridade. Por isso, não é razoável a atitude de quem, a pretexto da pandemia, julgue desnecessária ou mesmo irrelevante a frequência à Santa Missa. Ao contrário, um bom católico sempre tem fome de Eucaristia, porque “o que o alimento material produz na nossa vida corporal, realiza-o a Comunhão, de modo admirável, na nossa vida espiritual” (Catecismo, n. 1392). Daí que, repetindo as palavras do Apocalipse, a liturgia da Santa Missa diga sempre, antes de cada comunhão dos fiéis: “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor”.
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