Leitura da profecia de Ezequiel – 1A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 2“Que provérbio é este que andais repetindo em Israel: ‘Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos ficaram embotados’? 3Juro por minha vida – oráculo do Senhor Deus -, já não haverá quem repita esse provérbio em Israel. 4Todas as vidas me pertencem. Tanto a vida do pai como a vida do filho são minhas. Aquele que pecar é que deve morrer. 5Se um homem é justo e pratica o direito e a justiça, 6não participa de refeições rituais sobre os montes, não levanta os olhos para os ídolos da casa de Israel, não desonra a mulher do próximo nem se aproxima da mulher menstruada; 7se não oprime ninguém, devolve o penhor devido, não pratica roubos, dá alimento ao faminto e cobre de vestes o que está nu; 8se não empresta com usura nem cobra juros, afasta sua mão da injustiça e julga imparcialmente entre homem e mulher; 9se vive conforme as minhas leis e guarda os meus preceitos, praticando-os fielmente, tal homem é justo e, com certeza, viverá – oráculo do Senhor Deus. 10Mas, se tiver um filho violento e assassino, que pratica uma dessas ações, 13porque fez todas essas coisas abomináveis, com certeza morrerá; ele é responsável pela sua própria morte. 30Pois bem, vou julgar cada um de vós, ó casa de Israel, segundo a sua conduta – oráculo do Senhor Deus. Arrependei-vos, convertei-vos de todas as vossas transgressões, a fim de não terdes ocasião de cair em pecado. 31Afastai-vos de todos os pecados que praticais. Criai para vós um coração novo e um espírito novo. Por que haveis de morrer, ó casa de Israel? 32Pois eu não sinto prazer na morte de ninguém – oráculo do Senhor Deus. Convertei-vos e vivereis!” – Palavra do Senhor.
Ó Senhor, criai em mim um coração que seja puro!
1. Criai em mim um coração que seja puro, / dai-me de novo um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! – R.
2. Dai-me de novo a alegria de ser salvo / e confirmai-me com espírito generoso! / Ensinarei vosso caminho aos pecadores, / e para vós se voltarão os transviados. – R.
3. Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, / e, se oferto um holocausto, o rejeitais. / Meu sacrifício é minha alma penitente, / não desprezeis um coração arrependido! – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, / pois revelaste os mistérios do teu Reino aos pequeninos, / escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 13levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreendiam. 14Então Jesus disse: “Deixai as crianças e não as proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos céus”. 15E depois de impor as mãos sobre elas, Jesus partiu dali. – Palavra da salvação.
Diz-nos Jesus no Evangelho de hoje que é às criancinhas que pertence o Reino dos céus. Que quer dizer esta frase, tão conhecida e repetida? O contexto é claro. Algumas mães, querendo com certo alvoroço que Jesus lhes abençoasse os filhos, levam até Ele suas crianças, reunidas, é provável, em grande número; os discípulos, porém, julgando indigno de Cristo, ocupado até o momento com a instrução do povo, perder tempo com meninos mal chegados à idade da razão, tentam impedir as crianças de se aproximarem dele. O Senhor, no entanto, os repreende, dizendo: “Deixai as crianças e não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos céus”. O texto, tanto grego como latino, diz mais claramente que o Reino dos céus é daqueles que são como crianças, isto é, dos que a elas se assemelham. Assim lemos, com efeito, no texto de S. Lucas: “Porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas” (Lc 18, 16). Ora, isso implica que o Reino dos céus pertence aos que têm qualidades típicas de uma criança, como a humildade, a simplicidade, a inocência, a pureza de intenção etc.; mas a principal delas é a que o Senhor mesmo louva: “Não as proibais”, ou seja, a liberdade de espírito, o desapego de tudo o que não interessa, de tudo o que não diz respeito a Cristo. E a causa da nossa escravidão, do nosso apego, dos impedimentos que, numa palavra, nos proíbem de ir a Cristo, somos nós mesmos, como aqui o foram os discípulos: “Os discípulos, porém, as repreendiam”.
Temos, pois, dentro de nós uma criança à qual Deus deseja unir-se, mas nós a impedimos de inúmeras maneiras: a) pretendendo assumir o controle de nossa vida, como se fôramos nós, e não o nosso Pai celeste, quem soubesse o que mais nos convém; b) decidindo por conta própria em que vamos crer e a que mandamentos nos vamos submeter, como se Deus e a Igreja por Ele fundada não tivessem sobre nós nenhuma autoridade; c) negando ao Senhor a confiança a que Ele tem direito, só porque as coisas não sucedem ao sabor dos nossos desejos etc. É preciso fazer cair esse muro, que levantamos por não sermos capazes de compreender os caminhos de Deus e, por isso, dele duvidarmos. Para isso, temos de a Ele nos entregar confiadamente, ainda que o mundo pareça ruir, ainda que nada nos pareça dar certo: porque temos a certeza de possuir no céu um Pai que nos ama mais do que todas as mães aos seus filhinhos; um Pai que é nosso amigo e nos conduz por caminhos que nem sempre entendemos, mas que nos hão por certo de levar à salvação que Ele mesmo prometeu: “Deixai as crianças e não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos Céus”.
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