Leitura da primeira carta de são João.
Caríssimos, qualquer coisa que pedimos recebemos dele, porque
guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado. Este é o
seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos
amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. Quem
guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele.
Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu.
Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os
espíritos para ver se são de Deus, pois muitos falsos profetas vieram ao
mundo. Este é o critério para saber se uma inspiração vem de Deus: todo
espírito que leva a professar que Jesus Cristo veio na carne é de Deus;
e todo espírito que não professa a fé em Jesus não é de Deus - é o
espírito do anticristo. Ouvistes dizer que o anticristo virá; pois bem,
ele já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus e vós vencestes o
anticristo. Pois convosco está quem é maior do que aquele que está no
mundo. Os vossos adversários são do mundo; por isso, agem conforme o
mundo, e o mundo lhes presta ouvidos. Nós somos de Deus. Quem conhece a
Deus escuta-nos; quem não é de Deus não nos escuta. Nisso reconhecemos o
espírito da verdade e o espírito do erro.
Palavra do Senhor.
Eu te darei por tua herança os povos todos.
O decreto do Senhor promulgarei,
foi assim que me falou o Senhor Deus:
“Tu és meu filho, e eu hoje te gerei!”
Podes pedir-me, e em resposta eu te darei
por tua herança os povos todos e as nações,
e há de ser a terra inteira o teu domínio.
Agora, poderosos, entendei;
soberanos, aprendei esta lição:
com temor servi a Deus, rendei-lhe glória
e prestai-lhe homenagem com respeito!
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus pregava a boa nova, o reino anunciando, e curava toda espécie de doenças entre o povo (Mt 4,23).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a
Galileia. Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens
do mar da Galileia, no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o
que foi dito pelo profeta Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Neftali,
caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos!
O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e para os que viviam na
região escura da morte brilhou uma luz”. Daí em diante, Jesus começou a
pregar, dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo”.
Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando
o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do
povo. E sua fama espalhou-se por toda a Síria. Levavam-lhe todos os
doentes, que sofriam diversas enfermidades e tormentos: endemoninhados,
epiléticos e paralíticos. E Jesus os curava. Numerosas multidões o
seguiam, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e da
região além do Jordão.
Palavra da Salvação.
Reflexão
Neste último tempo do ciclo do Natal, em que celebramos a Epifania do Senhor aos três reis magos, festejamos o amor infinito que Deus difunde sobre a humanidade por meio do nascimento do seu Filho encarnado. A Epifania, porém, não se limita à manifestação de Cristo aos magos do Oriente, senão que abarca ainda outros dois mistérios, a saber: o Batismo do Senhor nas águas do Jordão e as bodas em Caná da Galiléia, onde Jesus realizou o seu primeiro milagre e deu início ao seu ministério público. Essas três realidades expressam de modo unitário a grande Epifania do amor redentor de Deus aos homens, tanto aos pagãos quanto aos da casa de Israel. O Evangelho de hoje, por sua vez, retoma esses temas e nos faz avançar na pregação do Senhor: uma vez apresentado aos magos, batizado por João e manifestado em seu poder taumatúrgico, Jesus vai agora residir em Cafarnaum e, a partir dali, começa a pregar a Boa-nova do Reino, convidando à penitência e curando todo tipo de doença e enfermidade. A sua fama espalha-se ao ponto de virem à sua procura homens da Síria e de outras regiões fora da Terra Santa. Essa difusão do Evangelho e do nome de Cristo por aquelas terras, antes mesmo da expansão universal da Igreja depois de Pentecostes, nos recorda que todo bem tende a comunicar-se, segundo o clássico adágio “bonum est diffusivum sui”.
Com Jesus, luz divina que veio resplandecer em nosso meio e dissipar as nossas trevas, não podia ser diferente: tão-logo começassem a brilhar publicamente, a verdade da sua doutrina, a chama do seu amor e a doçura da sua Pessoa não poderiam ficar em segredo, mas forçosamente atrairiam os olhares e corações de todos. Por isso, também nós, que já fomos atraídos pelo amor de Cristo e nos tornamos discípulos seus, temos de fazer todo o bem que recebemos chegar a mais pessoas; não o podemos guardar só para nós, como se fora “propriedade” nossa, porque o Evangelho há de ser pregado por toda a terra, a fim de que a todos os povos que ainda jazem na escuridão da morte brilhe aquela grande Luz do oriente, que é o Cristo Senhor.
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