Antoine Mekary | ALETEIA | i.Media
Em homilia hoje, Francisco falou sobre a relação de gratuidade que se deve ter com o Senhor
O Papa Francisco falou hoje em sua homilia na Casa Santa Marta sobre a gratuidade da relação com Deus.
A reflexão do Papa Francisco partiu da passagem do Evangelho de hoje
(Mt 10,7-13) sobre a missão dos apóstolos, a missão de cada um dos
cristãos, ser enviado.
Um cristão não pode ficar parado, a vida cristã é “abrir caminho,
sempre”, recordou o Papa comentando as palavras de Jesus no Evangelho:
“No vosso caminho, proclamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai
doentes, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios”.
Esta é, portanto, a missão e se trata de uma “vida de serviço”.
A vida cristã é para servir. É muito triste quando encontramos cristãos que, no início da sua conversão ou da sua consciência de serem cristãos, servem, estão abertos a servir, servem o povo de Deus, e depois acabam usando o povo de Deus. Isto faz tanto mal, tanto mal ao povo de Deus. A vocação é para “servir”, não para “usar”.
A vida cristã é então “uma vida de gratuidade”. Ainda na passagem
evangélica proposta pela Liturgia de hoje, o Senhor vai ao coração da
salvação: “De graça recebestes, de graça deveis dar”. A salvação, “não
se compra”, “é-nos dada gratuitamente”, recorda-nos o Papa, sublinhando
que Deus, de fato, “nos salva gratuitamente”, “não nos faz pagar”. E
como Deus fez conosco, assim “devemos fazer com os outros”. E
precisamente esta gratuidade de Deus “é uma das coisas mais belas”.
Saber que o Senhor é cheio de dons para nos dar. Somente, pede uma coisa: que o nosso coração se abra. Quando dizemos “Pai nosso” e rezamos, abrimos o coração para que esta gratuidade venha. Não há relação com Deus fora da gratuidade. Às vezes, quando precisamos de algo espiritual ou de uma graça, dizemos: “Bem, agora vou jejuar, vou fazer uma penitência, vou fazer uma novena…”. Certo, mas tenham cuidado: isto não é para “pagar pela graça, para “adquirir” graça; isto é para ampliar seu coração para que a graça possa vir. A graça é gratuita.
Todos
os bens de Deus são gratuitos, continua o Papa Francisco, mas adverte
que o problema é que “o coração se encolhe, se fecha” e não é capaz de
receber “tanto amor gratuito”. Não devemos negociar com Deus, recorda o
Papa, “com Deus não se negocia”.
Depois o convite para dar de graça. E isto, sublinha o Papa, é
especialmente “para nós, pastores da Igreja”, “para não vender a graça”.
“Dói muito, disse, quando há pastores” que fazem negócios com a graça
de Deus: “Eu faço isto, mas isto custa tanto, tanto…”. A graça do Senhor
é gratuita e “você – disse – deve dá-la gratuitamente”.
Na nossa vida espiritual temos sempre o perigo de escorregar no pagamento, sempre, mesmo falando com o Senhor, como se quiséssemos dar um suborno ao Senhor. Não! A coisa não vai por ali! Não vai por esse caminho. “Senhor, se me fizeres isto, eu dou-te isto,” não. Eu faço essa promessa, mas isso alarga meu coração para receber o que está lá, gratuito para nós. Esta relação de gratuidade com Deus é a que nos ajudará depois a tê-la com os outros, seja no nosso testemunho cristão seja no serviço cristão e na vida pastoral daqueles que são pastores do povo de Deus. No caminho. A vida cristã é caminhar. Pregar, servir, não “fazer uso de”. Sirvam e deem de graça o que receberam de graça. Que a nossa vida de santidade seja este ampliar o coração, para que a gratuidade de Deus, as graças de Deus que estão ali, gratuitas, que Ele quer nos dar, possam chegar ao nosso coração. Que assim seja.
Redação da Aleteia / Vatican News | Jun 11, 2019
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