As pessoas sempre acabam fazendo uma grande confusão entre as
dificuldades que estão enfrentado, se é provação ou tentação. Há, no
fundo, dentro delas, a dúvida se o que vivem é algo que vem de Deus ou
do maligno. A verdade é que, quando falamos de tentação e provação,
precisamos entender também que existem diferenças entre ambas, e
consequências distintas quanto ao fruto que será gerado em nós, caso não
saibamos como enfrentar cada uma delas.
Por que os frutos podem ser distintos?
Porque as “fontes” de onde elas sobrevêm são distintas. No entanto, é
a própria Palavra de Deus e o Magistério da Igreja que nos ajudam a
compreender o que é cada uma dessas realidades e como vivenciá-las. Na
Carta de São Tiago, temos uma clara distinção e explicação do que é cada
uma delas e suas consequências. Vejamos:
“Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de
passar por diversas provações, pois sabeis que a prova da fé produz em
vós a constância. Ora, a constância deve levar a uma obra perfeita: que
vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma” (Tg
1,2). “Feliz aquele que suporta a provação, porque, uma vez provado,
receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam” (Tg 1,12).
É o mesmo Tiago que também nos fala sobre a tentação:
“Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: ‘É Deus quem me tenta’, pois
Deus não pode ser tentado pelo mal, tampouco Ele tenta alguém. Antes,
cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e
seduz. Em seguida, a concupiscência concebe o pecado e o dá à luz; e o
pecado, uma vez maduro, gera a morte” (Tg 1,13-15). O próprio Jesus foi
quem nos ensinou, em Sua Palavra, na oração do Pai-Nosso, uma realidade
sobre a tentação quando diz: “não nos deixeis cair em tentação”.
Nesse pedido de Jesus, há uma “rejeição” à tentação, um alerta de que
há um perigo, pois, logo em seguida, vem um outra súplica, na qual há
um vínculo com o pedido anterior, de “não se deixar cair em tentação”,
que é: “mas livrai-nos do mal”. Com tudo isso, podemos, certamente,
dizer que há grandes diferenças entre tentação e provação, de onde
nascem e os frutos que produzem.
A tentação tem sempre como origem o demônio, nossa carne ou o mundo.
Ela tem como objetivo nos levar ao pecado; e ao nos fazer pecar, produz
em nós o rompimento do nosso relacionamento com Deus, o nosso
afastar-se d’Ele, gerando em nós a morte.
A Palavra de Deus, no entanto, é clara quanto ao caminho que a
tentação faz dentro de nós, para que isso venha a se tornar realmente um
pecado. A pessoa, quando sente o desejo pelo pecado, precisa, além de
sentir, consentir, deixar aquela tentação tomar conta dela, para que
surja o ato do pecado, e este cresça, amadureça e gere os frutos de
morte. Sendo assim, sentir-se tentado não é pecado, seja qual for o
nível de tentação! Pecado é você permitir que essa tentação cresça sem
que você lute contra ela. O Catecismo da Igreja Católica (2847) nos
ensina que, se a tentação não for consentida, mas combatida, ela também
pode nos ser útil, trazendo-nos méritos diante de Deus.
A provação tem sua origem em Deus, na permissão divina
Ainda que determinadas provações possam ter, por detrás delas, o
demônio, ela é permitida por Deus para o crescimento e amadurecimento da
pessoa. Assim como afirma a Palavra de Deus: “…sabeis que a prova da fé
produz em vós a constância. Ora, a constância deve levar a uma obra
perfeita: que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência
alguma” (Tg 1,2).
Assim foi com Jó! Ele era um homem íntegro, temente a Deus, mas o
Senhor permitiu que o demônio lhe causasse incômodos, pois sabia que Jó
teria as condições de suportá-los! “Deus é fiel e não permitirá que
sejais provados acima de vossas forças. Pelo contrário, ele
providenciará o bom êxito, para que possais suportá-la.” (I Cor 10,13)
É importante ressaltar que, assim como um professor, quando aplica
uma prova em sala de aula, fica em silêncio e observa como cada aluno
coloca em prática o que aprendeu, assim também é Deus conosco em meio às
nossas provações. Gosto de dizer que a provação é um teste; enquanto a
tentação é uma armadilha!
O que diz o Catecismo?
O Catecismo deixa também claro o caminho que podemos seguir para combater a tentação e como superar as provações:
“O Espírito Santo nos faz discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior em vista de uma
“virtude comprovada”, e a tentação, que leva ao pecado e à morte” (CIC 2847). E continua: “Ora, tal combate e tal vitória não são possíveis senão na oração.” (CIC 2849) É a nossa vida de oração, a nossa amizade com o Espírito Santo, que será para nós os meios de vencermos tanto as tentações quanto superarmos as provações.
“virtude comprovada”, e a tentação, que leva ao pecado e à morte” (CIC 2847). E continua: “Ora, tal combate e tal vitória não são possíveis senão na oração.” (CIC 2849) É a nossa vida de oração, a nossa amizade com o Espírito Santo, que será para nós os meios de vencermos tanto as tentações quanto superarmos as provações.
Existe uma virtude que devemos pedir para vencer tanto as tentações
quanto as provações, que é a virtude da fortaleza! Assim diz o
Catecismo: “A fortaleza é a virtude moral que dá segurança nas
dificuldades, firmeza e constância na procura do bem. Ela firma a
resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida
moral. A virtude da fortaleza nos torna capazes de vencer o medo,
inclusive o da morte, de suportar a provação e as perseguições.” (CIC
1808)
Que Deus derrame sobre você o Espírito Santo e lhe confira toda
sabedoria e discernimento necessários para crescer nos caminhos do
Senhor!
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