Se praticado mal, o sexo é causa de vício e pode levar ao tédio do outro.
Quando os jovens perdem a consciência da própria sexualidade e iniciam a praticá-la cedo, correm o risco de transformar o sexo em um perigoso entretenimento com o qual pretendem preencher os momentos de lazer e de solidão com a presença vazia de outros que vivem a mesma condição que eles. Deste modo, iniciam a confundir perigosamente afeto, amor e genitalidade. A genitalidade tem a capacidade de propor com engano aquilo que só a união no amor verdadeiro pode oferecer. Disso deriva que a genitalidade tenha a capacidade de aprisionar para se satisfazer no impulso de modo temporário. É importante reconhecer que o sexo, se mal orientado em sua prática, é causa de vício, porque exige sempre mais e de modo sempre mais inovador.
É assim que, satisfeito este impulso, recomeça-se o ciclo de impulso satisfeito, vazio, frustração, surgimento de um novo impulso, necessidade da própria satisfação, nova experiência etc, de modo tal que uma serpente devora a si mesma pela cauda. Dito em outras palavras: o sexo sem amor, não vendo-se completo, pede sempre mais.
Quem busca no sexo aquilo que é próprio do amor (plenitude, doação, felicidade), encherá a própria vida somente de vazio.
A fratura entre amor e genitalidade levou à dicotomia entre destreza sexual e pobreza amorosa. Neste sentido, muitos se tornam ótimos na cama, mas pobres no momento do amor com compromisso. Quando a novidade e a paixão desaparecem e entra o tédio, aí acredita-se que o amor tenha acabado (quando na verdade nunca existiu). Aqueles que uma vez creram amar-se, terminam por estar cansados um do outro.
A inversão do processo de encontro no casal ofendeu a experiência do amor verdadeiro. É o amor verdadeiro que deve levar à sexualidade, e não o contrário. O livro do Gêneses mostra que quando ao homem foi apresentada a mulher, ele exclamou: “Esta é carne da minha carne e sangue do meu sangue”, primeiro a amou, e somente depois a conheceu e tiveram um filho.
Fazendo o contrário, corre-se o risco de olhar a outra pessoa somente através da lente erótica e de considerar que a compreensão sexual seja suficiente para unir-se sacramentalmente com uma pessoa, o que não se deveria fazer.
No caso dos esposos, a prática sexual é um verdadeiro dom de Deus mediante o qual ambos são chamados a doar-se reciprocamente. Por este motivo, a revelação de Deus nos fornece uma justa visão do homem e do seu sentido sobre a Terra, integrando todos os elementos constitutivos da sua vida, incluindo a sua dimensão sexual. Deus é aquele que revela o modo correto de exercitar a sexualidade, para que seja humana e integralmente amorosa.
A genitalidade separada deste plano divino se torna uma faca de dois gumes: pode levar ao tédio da outra pessoa ou à dependência doentia na qual o outro se torna uma necessidade.
O sexo como instrumento de amor (não como instrumentalização), não pode provocar nenhum dos dois efeitos porque não é um fim em si mesmo, mas somente um meio, visto que o fim é cada pessoa naquilo que cada um é por sua própria dignidade. Nós, seres humanos, somos seres sexuados e não simples máquinas geradoras de prazeres eróticos, como se isto se tornasse a razão última da sexualidade.
Deus colocou o prazer no sexo e o quis assim para que o encontro entre o homem e a mulher se realizasse de modo oportuno e fecundo. Desvincular o prazer da doação recíproca, porém, transformou o prazer em um fim em si mesmo, de modo tal a considerar válido recorrer ao exercício da sexualidade somente com o objetivo de alcançar esta realização. Deste modo, cada um vê no outro uma fonte do próprio desejo e não alguém digno de ser amado por aquilo que é.
Em um mundo erotizado, mas ao mesmo tempo carente de amor verdadeiro, somos chamados a lutar para conseguir formar uma geração capaz de retornar a ligar indissoluvelmente a genitalidade e o amor humano. Deste modo, o sexo não será mais fonte de vazio por ser uma fonte de plenitude.
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