A liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum convida-nos à vigilância.
Recorda-nos que a segunda vinda do Senhor Jesus está no horizonte final
da história humana; devemos, portanto, caminhar pela vida sempre atentos
ao Senhor que vem e com o coração preparado para o acolher.
Na segunda leitura, Paulo garante aos cristãos de Telescópica que Cristo virá de novo para concluir a história humana e para inaugurar a realidade do mundo definitivo; todo aquele que tiver aderido a Jesus e se tiver identificado com Ele irá ao encontro do Senhor e permanecerá com Ele para sempre.
O Evangelho lembra-nos que “estar preparado” para acolher o Senhor que vem significa viver dia a dia na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com os valores do Reino. Com o exemplo das cinco jovens “insensatas” que não levaram azeite suficiente para manter as suas lâmpadas acesas enquanto esperavam a chegada do noivo, avisa-nos que só os valores do Evangelho nos asseguram a participação no banquete do Reino.
A primeira leitura apresenta-nos a “sabedoria”, dom gratuito e incondicional de Deus para o homem. É um caso paradigmático da forma como Deus se preocupa com a felicidade do homem e põe à disposição dos seus filhos a fonte de onde jorra a vida definitiva. Ao homem resta estar atento, vigilante e disponível para acolher, em cada instante, a vida e a salvação que Deus lhe oferece.
Na segunda leitura, Paulo garante aos cristãos de Telescópica que Cristo virá de novo para concluir a história humana e para inaugurar a realidade do mundo definitivo; todo aquele que tiver aderido a Jesus e se tiver identificado com Ele irá ao encontro do Senhor e permanecerá com Ele para sempre.
O Evangelho lembra-nos que “estar preparado” para acolher o Senhor que vem significa viver dia a dia na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com os valores do Reino. Com o exemplo das cinco jovens “insensatas” que não levaram azeite suficiente para manter as suas lâmpadas acesas enquanto esperavam a chegada do noivo, avisa-nos que só os valores do Evangelho nos asseguram a participação no banquete do Reino.
A primeira leitura apresenta-nos a “sabedoria”, dom gratuito e incondicional de Deus para o homem. É um caso paradigmático da forma como Deus se preocupa com a felicidade do homem e põe à disposição dos seus filhos a fonte de onde jorra a vida definitiva. Ao homem resta estar atento, vigilante e disponível para acolher, em cada instante, a vida e a salvação que Deus lhe oferece.
LEITURA I – Sab 6,12-16
Leitura do Livro da Sabedoria
A
Sabedoria é luminosa e o seu brilho é inalterável; deixa-se ver
facilmente àqueles que a amam e faz-se encontrar aos que a procuram.
Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam.
Quem a busca desde a aurora não se fatigará, porque há-de encontrá-la já sentada à sua porta.
Meditar sobre ela é prudência consumada, e quem lhe consagra as vigílias depressa ficará sem cuidados.
Procura por toda a parte os que são dignos dela: aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência, e vem ao seu encontro em todos os seus pensamentos.
Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam.
Quem a busca desde a aurora não se fatigará, porque há-de encontrá-la já sentada à sua porta.
Meditar sobre ela é prudência consumada, e quem lhe consagra as vigílias depressa ficará sem cuidados.
Procura por toda a parte os que são dignos dela: aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência, e vem ao seu encontro em todos os seus pensamentos.
AMBIENTE
O
“Livro da Sabedoria” é o mais recente de todos os livros do Antigo
Testamento (aparece durante a primeira metade do séc. I a.C.). O seu
autor – um judeu de língua grega, provavelmente nascido e educado na
Diáspora (Alexandria?) – exprimindo-se em termos e concepções do mundo
helênico, faz o elogio da “sabedoria” israelita, traça o quadro da sorte
que espera o justo e o ímpio no mais-além e descreve (com exemplos
tirados da história do Êxodo) as sortes diversas que tiveram os pagãos
(idólatras) e os hebreus (fiéis a Jahwéh). O seu objetivo é duplo:
dirigindo-se aos seus compatriotas judeus (mergulhados no paganismo, na
idolatria, na imoralidade), convida-os a redescobrirem a fé dos pais e
os valores judaicos; dirigindo-se aos pagãos, convida-os a constatar o
absurdo da idolatria e a aderir a Jahwéh, o verdadeiro e único Deus…
Para uns e para outros, só Jahwéh garante a verdadeira “sabedoria” e a
verdadeira felicidade.
O texto que nos é proposto pertence à segunda parte do livro (cf. Sab 6,1-9,18). Aí, o autor do livro coloca na boca do rei Salomão (embora o nome do rei nunca seja referido explicitamente) o “elogio da sabedoria”. Dirigindo-se aos outros reis, Salomão convida-os a acolher a “sabedoria” (cf. Sab 6,11), pois ela é bela, inalterável e garante a imortalidade e o reinado eterno.
O que é esta “sabedoria” de que aqui se fala? A “sabedoria” é a arte de bem viver, de ser feliz. Consta de um conjunto de princípios práticos, de normas de comportamento deduzidas da reflexão e da experiência, destinadas a orientar o homem sobre a forma de conduzir-se na vida do dia a dia. O objetivo dessas normas é proporcionar ao homem uma vida harmoniosa, equilibrada, ordenada, cheia de êxitos.
No entanto, a reflexão israelita acabou por identificar a “sabedoria” com a Torah (Lei de Deus). Ser “sábio” é – para a reflexão judaica da época em que o “Livro da Sabedoria” apareceu – cumprir integralmente os mandamentos da Lei. Na “sabedoria”/Torah, revelada por Jahwéh, está o caminho para ter êxito, para ultrapassar os obstáculos que a vida traz e para ser feliz.
É neste contexto que devemos entender este convite à “sabedoria”.
O texto que nos é proposto pertence à segunda parte do livro (cf. Sab 6,1-9,18). Aí, o autor do livro coloca na boca do rei Salomão (embora o nome do rei nunca seja referido explicitamente) o “elogio da sabedoria”. Dirigindo-se aos outros reis, Salomão convida-os a acolher a “sabedoria” (cf. Sab 6,11), pois ela é bela, inalterável e garante a imortalidade e o reinado eterno.
O que é esta “sabedoria” de que aqui se fala? A “sabedoria” é a arte de bem viver, de ser feliz. Consta de um conjunto de princípios práticos, de normas de comportamento deduzidas da reflexão e da experiência, destinadas a orientar o homem sobre a forma de conduzir-se na vida do dia a dia. O objetivo dessas normas é proporcionar ao homem uma vida harmoniosa, equilibrada, ordenada, cheia de êxitos.
No entanto, a reflexão israelita acabou por identificar a “sabedoria” com a Torah (Lei de Deus). Ser “sábio” é – para a reflexão judaica da época em que o “Livro da Sabedoria” apareceu – cumprir integralmente os mandamentos da Lei. Na “sabedoria”/Torah, revelada por Jahwéh, está o caminho para ter êxito, para ultrapassar os obstáculos que a vida traz e para ser feliz.
É neste contexto que devemos entender este convite à “sabedoria”.
MENSAGEM
A “sabedoria” não é, na perspectiva do autor do texto, algo de
misterioso, e de oculto, que o homem tem dificuldade em encontrar… Ela
brilha com brilho inalterável e atraente, que prende o olhar de quem a
procura. Não é preciso correr atrás dela, com cuidado e fadiga,
trilhando caminhos difíceis ou procurando em lugares recônditos e
sombrios… Basta sentir interesse por ela, amá-la, desejá-la, que ela
imediatamente se fará presente, oferecendo a vida e a felicidade a todos
os que anseiam por ela. Quem ama a “sabedoria” facilmente “tropeça”
nela, nas circunstâncias mais comuns da vida do dia a dia: à porta da
casa, nos caminhos e até na intimidade dos próprios pensamentos… Para
que a “sabedoria” ilumine a vida do homem, só é preciso disponibilidade
para a acolher.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode partir dos seguintes dados:
• A “sabedoria” de que o autor da primeira leitura fala é um dom de
Deus para que o homem saiba conduzir a sua vida ao encontro da
verdadeira vida e da verdadeira felicidade. Deus não é um adversário do
homem, com ciúmes do homem, preocupado em impedir a felicidade e a
realização do homem; mas é um Deus cheio de amor, preocupado em
proporcionar ao homem todas as possibilidades de ser feliz e de se
realizar plenamente. A nossa leitura convida-nos a ver em Deus esse Pai
cheio de amor, preocupado com a felicidade dos seus filhos, sempre
disposto a oferecer-lhes os seus dons e a conduzi-los para a vida e para
a salvação; e convida-nos a uma atenção contínua, a fim de detectarmos e
acolhermos esses dons que, a cada instante, Deus nos oferece.
• O que é decisivo para que o homem tenha acesso pleno aos dons de
Deus é a sua disponibilidade para acolher e para aceitar esses dons…
Deus coloca os seus dons à disposição do homem, de forma gratuita e
incondicional; ao homem é pedido apenas que não se feche no seu egoísmo e
na sua auto-suficiência, mas abra o seu coração à graça que Deus lhe
oferece.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 62 (63)
Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus.
Senhor, sós o meu Deus: desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro, como terra árida, sequiosa, sem água.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro, como terra árida, sequiosa, sem água.
Quero contemplar-Vos no santuário, para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais que a vida; por isso, os meus lábios
hão-de cantar-Vos louvores.
A vossa graça vale mais que a vida; por isso, os meus lábios
hão-de cantar-Vos louvores.
Assim Vos bendirei toda a minha vida e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares e com vozes de júbilo Vos louvarei.
Serei saciado com saborosos manjares e com vozes de júbilo Vos louvarei.
Quando no leito Vos recordo, passo a noite a pensar em Vós.
Porque Vos tornastes o meu refúgio, exulto à sombra das vossas asas.
Porque Vos tornastes o meu refúgio, exulto à sombra das vossas asas.
LEITURA II – 1 Tes 4,13-18
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância
a respeito dos defuntos, para não vos contristardes como os outros,
que não têm esperança.
Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido.
Eis o que temos para vos dizer, segundo a palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido.
Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.
Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
a respeito dos defuntos, para não vos contristardes como os outros,
que não têm esperança.
Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido.
Eis o que temos para vos dizer, segundo a palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido.
Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.
Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
AMBIENTE
De acordo com os “Atos dos Apóstolos”, Paulo não teve muito tempo
para evangelizar os tessalonicenses. Depois de poucas semanas de
pregação, um motim habilmente preparado pelos judeus da cidade obrigou-o
a deixar precipitadamente Telescópica, deixando atrás de si uma
comunidade cristã fervorosa e entusiasta, mas insuficientemente
preparada do ponto de vista catequético (cf. At 17,1-10). Paulo foi
para Bereia, depois para Atenas e Corinto. De Corinto, Paulo enviou
Timóteo ao encontro dos tessalonicenses, para verificar como é que a
comunidade se estava a aguentar face à hostilidade dos judeus. No
regresso a Corinto, Timóteo deu conta a Paulo da situação da comunidade:
os tessalonicenses continuavam a viver com entusiasmo a sua fé, embora
sentissem algumas dúvidas em questões de fé e de doutrina.
Um dos problemas teológicos que mais preocupava os tessalonicenses era a questão da parusia (regresso de Jesus, no final dos tempos)… Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que esse dia surgiria num espaço de tempo muito curto e que assistiriam ao triunfo final de Jesus. A este propósito os tessalonicenses punham, no entanto, um problema muito prático: qual será a sorte dos cristãos que morrerem antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com ele no Reino de Deus se já estão mortos?
É então que Paulo escreve aos tessalonicenses, encorajando-os na fé e respondendo às suas dúvidas. Estamos no ano 50 ou 51. O texto que nos é proposto é parte desse esclarecimento sobre a parusia que Paulo incluiu na carta.
Um dos problemas teológicos que mais preocupava os tessalonicenses era a questão da parusia (regresso de Jesus, no final dos tempos)… Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que esse dia surgiria num espaço de tempo muito curto e que assistiriam ao triunfo final de Jesus. A este propósito os tessalonicenses punham, no entanto, um problema muito prático: qual será a sorte dos cristãos que morrerem antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com ele no Reino de Deus se já estão mortos?
É então que Paulo escreve aos tessalonicenses, encorajando-os na fé e respondendo às suas dúvidas. Estamos no ano 50 ou 51. O texto que nos é proposto é parte desse esclarecimento sobre a parusia que Paulo incluiu na carta.
MENSAGEM
Antes de mais, Paulo confirma aquilo que, provavelmente, já antes
havia ensinado aos tessalonicenses: que Cristo virá para concluir a
história humana; e que todo aquele que tiver aderido a Cristo e se tiver
identificado com Ele, esteja morto ou esteja vivo, encontrará a
salvação (vers. 14). Se Cristo recebeu do Pai a vida que não acaba, quem
se identifica com Cristo está destinado a uma vida semelhante; a morte
não tem poder sobre Ele… Isto deve encher de esperança o cristão,
mantendo-o alegre, sereno e cheio de ânimo.
Como é que se concretizará isso? Como é que aqueles que já morreram assistirão ao triunfo final de Cristo?
Paulo não é demasiado explícito, pois está consciente que se trata de uma realidade misteriosa, que foge à lógica e à linguagem humanas. De qualquer forma, para descrever a passagem do homem velho para a realidade do homem novo que vive para sempre junto de Deus, Paulo vai recorrer ao gênero literário “apocalipse”, um gênero literário que utiliza preferentemente a imagem e o símbolo (afinal, a linguagem mais adaptada para expressar uma realidade que nos ultrapassa e que não conseguimos definir e explicar nos seus detalhes). O quadro que Paulo traça é o seguinte: aqueles crentes que entretanto morreram ressuscitarão primeiro (“à voz do arcanjo”, “ao som da trombeta de Deus” – elementos típicos da escatologia judaica); depois, em companhia de “nós, os vivos”, irão ao encontro do Senhor que vem na sua glória e permanecerão com Ele para sempre.
Em qualquer caso, o que está aqui em causa não é a definição do quadro fotográfico da última vinda do Senhor… O que Paulo aqui pretende é tranquilizar os tessalonicenses, assegurando-lhes que não haverá qualquer diferença ou discriminação entre os que morreram antes da segunda vinda de Jesus e aqueles que permanecerem vivos até esse instante: uns e outros encontrar-se-ão com o Senhor Jesus, partilharão o seu triunfo e entrarão com ele na glória.
Como é que se concretizará isso? Como é que aqueles que já morreram assistirão ao triunfo final de Cristo?
Paulo não é demasiado explícito, pois está consciente que se trata de uma realidade misteriosa, que foge à lógica e à linguagem humanas. De qualquer forma, para descrever a passagem do homem velho para a realidade do homem novo que vive para sempre junto de Deus, Paulo vai recorrer ao gênero literário “apocalipse”, um gênero literário que utiliza preferentemente a imagem e o símbolo (afinal, a linguagem mais adaptada para expressar uma realidade que nos ultrapassa e que não conseguimos definir e explicar nos seus detalhes). O quadro que Paulo traça é o seguinte: aqueles crentes que entretanto morreram ressuscitarão primeiro (“à voz do arcanjo”, “ao som da trombeta de Deus” – elementos típicos da escatologia judaica); depois, em companhia de “nós, os vivos”, irão ao encontro do Senhor que vem na sua glória e permanecerão com Ele para sempre.
Em qualquer caso, o que está aqui em causa não é a definição do quadro fotográfico da última vinda do Senhor… O que Paulo aqui pretende é tranquilizar os tessalonicenses, assegurando-lhes que não haverá qualquer diferença ou discriminação entre os que morreram antes da segunda vinda de Jesus e aqueles que permanecerem vivos até esse instante: uns e outros encontrar-se-ão com o Senhor Jesus, partilharão o seu triunfo e entrarão com ele na glória.
ATUALIZAÇÃO
Na reflexão e partilha, considerar as seguintes questões:
• A certeza da ressurreição garante-nos que Deus tem um projeto de
salvação e de vida para cada homem; e que esse projeto está a
realizar-se continuamente em nós, até à sua concretização plena, quando
nos encontrarmos definitivamente com Deus.
• A nossa vida presente não é, pois, um drama absurdo, sem sentido e
sem finalidade; é uma caminhada tranquila, confiante – ainda quando
feita no sofrimento e na dor – em direção a esse desabrochar pleno, a
essa vida total em que se revelará o Homem Novo.
• Isso não quer dizer que devamos ignorar as coisas boas deste mundo,
vivendo apenas à espera da recompensa futura, no céu; quer dizer que a
nossa existência deve ser – já neste mundo – uma busca da vida e da
felicidade; isso implicará uma não conformação com tudo aquilo que nos
rouba a vida e que nos impede de alcançar a felicidade plena, a
perfeição última (a nós e a todos os homens nossos irmãos).
• Não é possível viver com medo, depois desta descoberta: podemos
comprometer-nos na luta pela justiça e pela paz, com a certeza de que a
injustiça e a opressão não podem pôr fim à vida que nos anima; e é na
medida em que nos comprometemos com esse mundo novo e o construímos com
gestos concretos, que estamos a anunciar a ressurreição plena do mundo,
dos homens e das coisas.
ALELUIA – Mt 24,42a.44
Aleluia. Aleluia.
Vigiai e estai preparados, porque, na hora em que não pensais, virá o Filho do homem.
EVANGELHO – Mt 25,1-13
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele
tempo, Disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino
dos Céus pode comparar-se a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas,
foram a o encontro do esposo.
Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes.
As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias.
Como o esposo se demorava, começaram todas a dormitar e adormeceram.
No meio da noite ouviu-se um brado: ‘Aí vem o esposo; ide ao seu encontro’.
Então, as virgens levantaram-se todas e começaram a preparar as lâmpadas.
As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, que as nossas lâmpadas estão a apagar-se’.
Mas as prudentes responderam: ‘Talvez não chegue para nós e para vós.
Ide antes comprá-lo aos vendedores’.
Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo.
As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se.
Mais tarde, chegaram também as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta’.
Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’.
Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora.
Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes.
As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias.
Como o esposo se demorava, começaram todas a dormitar e adormeceram.
No meio da noite ouviu-se um brado: ‘Aí vem o esposo; ide ao seu encontro’.
Então, as virgens levantaram-se todas e começaram a preparar as lâmpadas.
As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, que as nossas lâmpadas estão a apagar-se’.
Mas as prudentes responderam: ‘Talvez não chegue para nós e para vós.
Ide antes comprá-lo aos vendedores’.
Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo.
As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se.
Mais tarde, chegaram também as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta’.
Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’.
Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora.
AMBIENTE
Nos capítulos 24 e 25 do seu Evangelho, Mateus apresenta um quinto e
último discurso de Jesus. Para compô-lo, Mateus reelaborou o chamado
“discurso escatológico” de Marcos (cf. Mc 13) e ampliou-o com três
parábolas e uma impressionante descrição do juízo final.
Enquanto em Marcos, o “discurso escatológico” se refere, especialmente, aos sinais que precederão a destruição do Templo de Jerusalém, em Mateus o mesmo discurso aborda, sobretudo, o tema da segunda vinda de Jesus e a atitude com que os discípulos devem preparar essa vinda. Esta mudança de perspectiva tem a ver com as necessidades da comunidade de Mateus…
Estamos nos finais do séc. I (década de 80)… Já tinha passado a “febre escatológica” e os cristãos já não esperavam a vinda iminente de Jesus. Passado o entusiasmo inicial, a vida de fé dos crentes tinha arrefecido e a comunidade tinha-se instalado na rotina, no comodismo, na facilidade… Era preciso algo que abanasse os discípulos e os despertasse de novo para o compromisso com o Evangelho.
Neste contexto, Mateus descobre que as palavras do “discurso escatológico” de Jesus encerram uma poderosa interpelação; então compõe, com elas, uma exortação dirigida aos cristãos. Fundamentalmente, lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte final da história humana; mas enquanto esse acontecimento não se realiza, os crentes são chamados a viver com coerência e entusiasmo a sua fé, fiéis aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino. A isto, a catequese primitiva chama “estar vigilantes, à espera do Senhor que vem”.
A parábola que hoje nos é proposta alude aos rituais típicos dos casamentos judaicos. De acordo com os costumes, a cerimónia do casamento começava com a ida do noivo a casa da noiva, para levá-la para a sua nova casa. Normalmente, o noivo chegava atrasado, pois devia, antes, discutir com os familiares da noiva os presentes que ofereceria à família da sua amada. As negociações entre as duas partes eram demoradas e tinham uma importante função social… Os parentes da noiva deviam mostrar-se exigentes, sugerindo dessa forma que a família perdia algo de muito precioso ao entregar a menina a outra família; por outro lado, o noivo e os seus familiares ficavam contentes com as exigências, pois dessa forma mostravam aos vizinhos e conhecidos o valor e a importância dessa mulher que entrava na sua família. Os que testemunhavam o acordo, estavam prontos para ir avisar a noiva de que as negociações estavam concluídas e o noivo ia chegar… Enquanto isso, a noiva, vestida a preceito, esperava em casa do seu pai que o noivo viesse ao seu encontro. As amigas da noiva esperavam também, com as lâmpadas acesas, para acompanhar a noiva, entre danças e cânticos, à sua nova casa. Era aí que tinha lugar a festa do casamento.
É este pano de fundo que a nossa parábola supõe.
Enquanto em Marcos, o “discurso escatológico” se refere, especialmente, aos sinais que precederão a destruição do Templo de Jerusalém, em Mateus o mesmo discurso aborda, sobretudo, o tema da segunda vinda de Jesus e a atitude com que os discípulos devem preparar essa vinda. Esta mudança de perspectiva tem a ver com as necessidades da comunidade de Mateus…
Estamos nos finais do séc. I (década de 80)… Já tinha passado a “febre escatológica” e os cristãos já não esperavam a vinda iminente de Jesus. Passado o entusiasmo inicial, a vida de fé dos crentes tinha arrefecido e a comunidade tinha-se instalado na rotina, no comodismo, na facilidade… Era preciso algo que abanasse os discípulos e os despertasse de novo para o compromisso com o Evangelho.
Neste contexto, Mateus descobre que as palavras do “discurso escatológico” de Jesus encerram uma poderosa interpelação; então compõe, com elas, uma exortação dirigida aos cristãos. Fundamentalmente, lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte final da história humana; mas enquanto esse acontecimento não se realiza, os crentes são chamados a viver com coerência e entusiasmo a sua fé, fiéis aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino. A isto, a catequese primitiva chama “estar vigilantes, à espera do Senhor que vem”.
A parábola que hoje nos é proposta alude aos rituais típicos dos casamentos judaicos. De acordo com os costumes, a cerimónia do casamento começava com a ida do noivo a casa da noiva, para levá-la para a sua nova casa. Normalmente, o noivo chegava atrasado, pois devia, antes, discutir com os familiares da noiva os presentes que ofereceria à família da sua amada. As negociações entre as duas partes eram demoradas e tinham uma importante função social… Os parentes da noiva deviam mostrar-se exigentes, sugerindo dessa forma que a família perdia algo de muito precioso ao entregar a menina a outra família; por outro lado, o noivo e os seus familiares ficavam contentes com as exigências, pois dessa forma mostravam aos vizinhos e conhecidos o valor e a importância dessa mulher que entrava na sua família. Os que testemunhavam o acordo, estavam prontos para ir avisar a noiva de que as negociações estavam concluídas e o noivo ia chegar… Enquanto isso, a noiva, vestida a preceito, esperava em casa do seu pai que o noivo viesse ao seu encontro. As amigas da noiva esperavam também, com as lâmpadas acesas, para acompanhar a noiva, entre danças e cânticos, à sua nova casa. Era aí que tinha lugar a festa do casamento.
É este pano de fundo que a nossa parábola supõe.
MENSAGEM
A “parábola das dez virgens”, tal como saiu da boca de Jesus, era uma
“parábola do Reino” (vers. 1: “o Reino dos céus pode comparar-se…”). O
Reino de Deus é, aqui, comparado com uma das celebrações mais alegres e
mais festivas que os israelitas conheciam: o banquete de casamento. As
dez jovens, representam a totalidade do Povo de Deus, que espera
ansiosamente a chegada do messias (o noivo)… Uma parte desse Povo (as
jovens previdentes) está preparada e, quando o messias finalmente
aparece, pode entrar a fazer parte da comunidade do Reino; outra parte
(as jovens descuidadas) não está preparada e não pode entrar na
comunidade do Reino.
A parábola original constituía, pois, um apelo aos israelitas no sentido de não perderem a oportunidade de participar na grande festa do Reino.
Algumas dezenas de anos depois, Mateus retomou a mesma parábola, adaptando-a às necessidades da comunidade. A parábola foi, então, convertida numa exortação a estar preparado para a vinda do Senhor, a qual pode acontecer no momento menos esperado. A festa é, neste novo contexto, a segunda vinda de Jesus. O noivo que está para chegar é Jesus. As dez jovens representam a Igreja que, experimentando na história as dificuldades e as perseguições, anseia pela chegada da libertação definitiva. Uma parte da Igreja (as jovens previdentes) está preparada, vigilante, atenta e, quando o “noivo” chega, pode entrar no banquete da vida eterna; a outra parte (as jovens descuidadas) não está preparada, porque apostou nos valores do mundo, guiou a sua vida por eles e esqueceu os valores do Reino.
O que é que significa, na perspectiva de Mateus, “estar preparado para acolher a vinda do Senhor”? Significa, escutar as palavras de Jesus, acolhê-las no coração e viver de forma coerente com os valores do Evangelho… “Estar preparado” significa, fundamentalmente, viver na fidelidade aos projetos do Pai e amar os irmãos até ao dom da vida, em todos os instantes da nossa existência.
A mensagem que Mateus pretende transmitir com esta parábola aos cristãos da sua comunidade (e, no fundo, aos cristãos de todas as comunidades cristãs de todos os tempos e lugares) é esta: nós os crentes, não podemos afrouxar a vigilância e enfraquecer o nosso compromisso com os valores do Reino. Com o passar do tempo, as nossas comunidades têm tendência para se instalar no comodismo, no adormecimento, no descuido, numa vida de fé que não compromete, numa religião de “meias tintas” e de facilidade, num testemunho pouco empenhado e pouco coerente… É preciso, no entanto, que o nosso compromisso com Jesus se renove cada dia. A certeza de que Ele vem outra vez, deve impulsionar-nos a um compromisso ativo com os valores do Evangelho, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e ao compromisso com o Reino.
A parábola original constituía, pois, um apelo aos israelitas no sentido de não perderem a oportunidade de participar na grande festa do Reino.
Algumas dezenas de anos depois, Mateus retomou a mesma parábola, adaptando-a às necessidades da comunidade. A parábola foi, então, convertida numa exortação a estar preparado para a vinda do Senhor, a qual pode acontecer no momento menos esperado. A festa é, neste novo contexto, a segunda vinda de Jesus. O noivo que está para chegar é Jesus. As dez jovens representam a Igreja que, experimentando na história as dificuldades e as perseguições, anseia pela chegada da libertação definitiva. Uma parte da Igreja (as jovens previdentes) está preparada, vigilante, atenta e, quando o “noivo” chega, pode entrar no banquete da vida eterna; a outra parte (as jovens descuidadas) não está preparada, porque apostou nos valores do mundo, guiou a sua vida por eles e esqueceu os valores do Reino.
O que é que significa, na perspectiva de Mateus, “estar preparado para acolher a vinda do Senhor”? Significa, escutar as palavras de Jesus, acolhê-las no coração e viver de forma coerente com os valores do Evangelho… “Estar preparado” significa, fundamentalmente, viver na fidelidade aos projetos do Pai e amar os irmãos até ao dom da vida, em todos os instantes da nossa existência.
A mensagem que Mateus pretende transmitir com esta parábola aos cristãos da sua comunidade (e, no fundo, aos cristãos de todas as comunidades cristãs de todos os tempos e lugares) é esta: nós os crentes, não podemos afrouxar a vigilância e enfraquecer o nosso compromisso com os valores do Reino. Com o passar do tempo, as nossas comunidades têm tendência para se instalar no comodismo, no adormecimento, no descuido, numa vida de fé que não compromete, numa religião de “meias tintas” e de facilidade, num testemunho pouco empenhado e pouco coerente… É preciso, no entanto, que o nosso compromisso com Jesus se renove cada dia. A certeza de que Ele vem outra vez, deve impulsionar-nos a um compromisso ativo com os valores do Evangelho, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e ao compromisso com o Reino.
Dehonianos
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