Uma
pessoa pode nascer “no corpo errado”? Crianças confusas a respeito do
próprio gênero estão fadadas a ser “transgêneras” na vida adulta? Qual a
melhor forma de tratamento para a chamada “disforia de gênero”?
"Disforia de gênero" é um distúrbio em que a pessoa pode se sentir
infeliz com seu sexo biológico, expressar um desejo de pertencer ao sexo
oposto ou até mesmo insistir em que ele ou ela
pertence de fato ao sexo oposto do que indicam seus genes e
sua anatomia. Pessoas que escolhem adotar uma "identidade de gênero"
diferente de seu sexo biológico são conhecidas como "transgêneros".
Essa condição está sendo detectada cada vez mais não apenas em adultos,
mas também em crianças pré-púberes, de tenra idade. A associação
American College of Pediatricians, nos Estados Unidos — uma organização formada como alternativa à American Academy of Pediatrics,
maior e mais liberal —, divulgou recentemente um importante estudo
sobre disforia de gênero em crianças, o qual proporciona um
significativo contrapeso médico e científico à ideologia em ascensão,
que exige a aceitação das identidades "transgêneras" — mesmo que seja em
crianças.
Encorajamos todos os interessados a lerem, no site da associação, tanto
o comunicado de imprensa a respeito do estudo, quanto o próprio estudo. Para aqueles que desejam um breve sumário, no entanto, eis aqui cinco pontos chave retirados desse estudo.
1. Não existe evidência científica de que pessoas com disforia de gênero tenham "nascido no corpo errado".
Aqueles que se identificam como transgêneros alegam frequentemente que
são "mulheres nascidas com o corpo de homem" ou "homens nascidos com o
corpo de mulher". Contudo, a evidência científica apresentada como
suporte a essa teoria é fraca. De fato, estudos de gêmeos têm mostrado
que, quando um deles se identifica como transgênero, apenas 20% das
vezes o outro também o faz. Essa descoberta, por si só, contesta a ideia
de que a disforia de gênero resulta principalmente de influências
genéticas pré-natais ou hormonais.
Note-se que "disforia de gênero"
não é o mesmo que os "distúrbios de desenvolvimento sexual" (DSDs) ou que a chamada "intersexualidade",
ambos de natureza biológica. A vasta maioria das pessoas que se
identificam como transgêneras são homens e mulheres perfeitamente
normais, tanto genética quanto biologicamente.
2. A maior parte das pessoas com disforia de gênero na infância
não se identificam como transgêneros quando crescem e entram na vida
adulta.
Pesquisas mostram que, deixadas a si mesmas, por assim dizer — ou seja,
se não recebem tratamentos hormonais especiais e não "transitam" para
uma vida social como pessoa do sexo oposto —, a maioria das crianças com
sintomas de "disforia de gênero" resolvem essas questões antes de
entrarem na vida adulta e vivem normalmente como homens e mulheres, com
uma "identidade de gênero" que corresponde (em vez de se opor) ao sexo
biológico com que elas nasceram. Historicamente, isso tem se demonstrado
verdadeiro em 80 a 95% das crianças com disforia de gênero.
3. Apesar disso, muitas crianças com disforia de gênero agora
estão sendo submetidas a um protocolo de tratamentos hormonais precoces e
contínuos.
Já é radical o suficiente para alguém que nasceu como menino receber a
permissão para começar a viver como uma menina, ou vice-versa (o que se
chama de "transição social"). No entanto, algumas crianças (com 11 anos
de idade) estão recebendo hormônios para bloquear os efeitos naturais da
puberdade antes mesmo que ela comece. As diferenças físicas entre
crianças do sexo masculino e do sexo feminino são relativamente pequenas
e facilmente se escondem com roupas. Essas diferenças tornam-se maiores
após a puberdade, quando se torna mais difícil, então, para um jovem
que se identifica como transgênero, a "admissão", por assim dizer, como
membro do sexo biológico oposto. Os bloqueadores da puberdade existem
para resolver esse "problema".
Quando eles ficam
mais velhos, então — ainda que estejamos falando de jovens
de 16 anos —, eles podem começar a receber hormônios sexuais cruzados
(por exemplo, estrogênio para garotos que se identificam como meninas,
ou testosterona para garotas que se identificam como meninos). Esse
tratamento dá continuidade à supressão das características de seu sexo
biológico, ao mesmo tempo em que desencadeia algumas características do
sexo para o qual a pessoa pretende "transitar" (crescimento dos seios,
para homens, e desenvolvimento de pelos faciais, para mulheres, por
exemplo).
4. Esses tratamentos hormonais podem trazer consequências negativas sérias à saúde, sejam conhecidas ou não.
Os defensores de hormônios bloqueadores da puberdade argumentam que
seus efeitos são reversíveis, dando à criança a oportunidade de mudar
sua mente sobre a "transição" de gênero quando ela chegar à vida adulta.
Estudos de caso mostram, porém, que tal intervenção coloca a criança,
na realidade, em um caminho praticamente sem volta rumo a uma identidade
transgênera — em claro contraste com a maioria das crianças com
disforia de gênero que não são tratadas dessa forma. A conclusão do
protocolo inteiro, tanto do bloqueio da puberdade quanto dos hormônios
sexuais cruzados (especialmente quando seguido por uma cirurgia de
mudança de sexo), resulta em esterilidade permanente — a incapacidade de
ter filhos biológicos, mesmo se servindo de tecnologia reprodutiva
artificial. A
American College of Pediatricians argumenta que "o tratamento
hormonal de disforia de gênero na infância equivale a experimentação em
massa e esterilização, realizadas em uma juventude cognitivamente
incapaz de manifestar um consentimento esclarecido".
Também para os hormônios sexuais cruzados, uma revisão abrangente da
literatura científica descobriu que, "a longo prazo, existem potenciais
riscos à saúde associados à terapia hormonal, mas nenhum deles foi
comprovado ou descartado de modo conclusivo". Por exemplo, dar
estrogênio a quem é biologicamente homem comporta riscos de doenças
cardiovasculares, pressão alta, doenças na vesícula biliar e câncer de
mama, ao passo que dar testosterona a quem é biologicamente mulher pode
estar associado a triglicerídeos altos, apneia do sono e resistência a
insulina — sem falar dos riscos associados a uma operação dupla de
mastectomia (para a retirada dos seios), que nos Estados Unidos algumas
pessoas podem fazer tendo apenas 16 anos de idade.
5. Pesquisas mostram que o surgimento de disforia de gênero
normalmente vem precedido de "psicopatologia severa e dificuldades
relacionadas ao próprio desenvolvimento".
Uma abordagem mais compassiva para tratar crianças com disforia de
gênero envolveria o que era considerada antes a "abordagem padrão": ou
uma "espera atenciosa", ou psicoterapia "para lidar com uma patologia
familiar, se ela estivesse presente, tratar quaisquer morbidades
psicossociais na criança e ajudá-la a adequar sua identidade de gênero a
seu sexo biológico". Crianças não estão em condições de dar um
"consentimento esclarecido" significativo para procedimentos mais sérios
e potencialmente arriscados, como é o caso de terapia hormonal.
Fonte: Family Research Council | Tradução: Equipe CNP
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