sábado, 2 de julho de 2011

POR QUE ME DESVIEI? PARTE IV


Nas últimas semanas, tenho sido assolado por grandes passagens da Bíblia Sagrada. Tudo que um dia foi objeto de minha dedicada leitura, hoje vem como que, uma enxurrada de lembranças contextualizadas, mergulhadas em um  mar de saudades. Talvez uma das mais variadas formas de Deus chamar àqueles que Dele se distanciaram. Primeiro um sentimento muito forte de algo que não se tem, um vazio tao imenso, que pode ser comparado a um grande abismo. Depois uma dor inexplicável, um sentimento de abandono, da mais completa solidão. Então, perdido em meus pensamentos na busca incessante por uma resposta satisfatória, me pergunto: “Não me parece faltar nada que justifique tamanho sentimento, exceto, se for a ausência de Deus. Nenhum homem jamais conseguiu ou conseguirá ser completo se a presença do Criador não for constante em sua vida”. E dou prosseguimento à linha de raciocínio: “Mas, porque em mim se constitui de forma tão aguda, tão impactante a ponto de mergulhar em uma saudade implacável, fazendo lavar as janelas da minha alma? Que resposta poderia ser encontrada de forma que a mim fosse apresentado uma justificativa plausível?
Então, sinto algo como que, se alguém de forma inquietante me falasse: “lembra-se: seduziste-me, Senhor,  e eu deixei-me seduzir; mais forte foste do que eu, e prevaleceste; sirvo de escárnio o dia todo; cada um deles zomba de mim.  (Jr20,7). 

Sedução. É o poder, é uma força exercida por alguém ou algo que, acaba por dominar o outro. Aniquila, paralisa, ao mesmo tempo em que há uma entrega deixando-se ser levado pelo o objeto que o seduz.
São muitas, as várias formas de sedução. Ela pode está na busca pela riqueza, no desejo pelo status, pode encontrar-se ainda no fascínio da beleza pelas coisas ou por pessoas.
Tomar o contexto citado pelo profeta, é trazer por analogia, minha atual situação. Não pelos mesmos fatos a ele aplicados, mas por uma dor sinônima. Jeremias professou a sua “sedução”, em um momento de profunda tristeza, dor e inquietação. Era um homem dado aos escárnios, desprezado e marginalizado em função do seu ministério. Vivia uma situação insustentável pela inquietação produzida, pela humilhação e o desfavor vigente. 
A ele, além do terrível sentimento, restava-lhe um “feixe” de questionamentos, unidos pelas incertezas do seu  chamado,  e a força do poder sedutor de Deus.  
A mim, além do fim do exercício missionário, o afastamento e uma inquietação incontrolável, resta-me: Absorver uma fraqueza progressiva que foi instaurada pela imponente e persistente sedução formada nas ultimas semanas; Revelar a combinação do cofre do meu coração, afim de encontrar  reforços(ajuda),  e refúgios, para, assim,  demolir as muralhas do orgulho construídas durante o exílio, retirando por vez, o banco de passageiro, que antes sentava somente meu ego.  
Ao profeta, raiva por não conseguir resistir ao ardor envolvente e penetrante, ao mesmo tempo que sentia prazer, por poder experienciar o confortável e também envolvente amor de Deus.
Em mim, um impacto de proporções gigantescas em função do choque entre as duas realidades, levando uma delas ao processo de tristeza inicial, por saber que não conseguirei resistir por muito tempo, e a outra, a uma sensação de paz cominado com o fim de tanta acusação.
 
Ao profeta ,a certeza de uma resistência vencida e a de se tornar fermento no meio da massa. A mim, a vã tentativa das forças aliadas inimigas, em mostrar através de frases e imagens, de que uma vez no inferno, não há redenção. Esquece ou não quis perceber que tais alegações insurgidas em meu desfavor, são totalmente contestadas pelos documentos uníssonos da Igreja, que sufragam o entendimento e conclui: Não há pecado algum,por mais grave que seja,que a santa igreja não possa perdoa. ''Não existe ninguém,por mal e culpado que seja,que não deva esperar com segurança a seu perdão,desde que seu arrependimento seja sincero.'' (CIC 982).
É O RELATO.





por
Wellington Dantas

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